Thread by @grisagregorio

Um🧵sobre a rede federal de ensino e seus dilemas orçamentários. Em 2003 o país tinha 45 universidades federais, hoje tem 69 (6 em implantação). Desde 2008 a rede federal conta também com 40 institutos federais (com campi em mais de 600 municípios). Veja o mapa da expansão. 1/n

Em 2008 a rede federal oferecia 3.235 cursos, em 2019 esse número dobrou (6.669 cursos). Quando falamos de matrículas, a rede federal também dobrou, saiu de 700 mil em 2008 para 1.335.254 em 2019. Então os gastos do MEC também se duplicaram nessa última década? 2/n

Essa é a execução orçamentária do MEC na última década, corrigida pelo IPCA. Maioria dos recursos são para as universidades e institutos federais e para os hospitais universitários. Repare que mesmo com a expansão descrita acima, a despesa global vem caindo de 2014 para cá. 3/n

A principal despesa do MEC é pessoal e encargos, dado que para garantir a expansão da rede foi preciso realizar concursos e com o passar do tempo aposentadorias vão ocorrendo. Hoje o MEC tem metade dos servidores civis ativos da União. Gráfico da despesa de pessoal 👇. 4/n

Em contraste com o esperado aumento do gasto de pessoal, esse gráfico mostra o gasto discricionário (custeio das instituições e investimentos) do MEC nas universidades e institutos federais. Note que a queda é significativa nos últimos anos. Aqui está o centro do dilema. 5/n

Hoje o n° de instituições, cursos e alunos da rede federal é bem maior do que há 10/15 anos. Isso significa bem mais gastos com custeio básico (água, luz, segurança, insumos, manutenção, bolsas) do que antes. Porém o patamar de recursos para isso hoje é menor que o de 2010. 6/n

Sobre investimentos (discricionário retirando o custeio) o cenário é pior para campi que estão em implantação, que precisam fazer obras, adquirir mobiliário, equipamentos. Para universidades antigas, o restauro e os reparos ficam inviáveis também. 7/n

https://twitter.com/grisagregorio/status/1362971224075362304?s=20

É importante conhecer a ordem de grandeza das questões orçamentárias. É impossível manter e consolidar a expansão da rede federal com um MEC tendo a mesma execução global de 2012/2013. Com a inclusão das cotas, a demanda de assistência estudantil cresceu, requer recursos. 8/n

Com estagnação dos concursos, o gasto de pessoal deve se estabilizar, mas o fato dele ter crescido com a expansão (por óbvio) não pode ser justificativa para o sucateamento completo das IFES, isso inviabiliza a ciência, a inovação e o ensino superior público de qualidade no BR.

CC: @Andifes @conif @SBPCnet @Joao_P_Romero @dbelemlopes @paulosaldana @RajaoPhD @tatiroque @DaniCamp0 @ReitoraUFRJ @jnascim @Cedeplar @zeantoniolima @marconi_nelson @pablo_ortellado @rubensvalente @lauraabcarvalho @asenkevics @GCasaroes @luciaguimaraes @nilmoretto

Fontes: 1° tuite é do Censo da Educação Superior
Demais gráficos são do Siga Brasil do @SenadoFederal

Fio compilado em artigo aqui: gregoriogrisa.com.br/a-rede-federal…

IMPORTANTE: os dados de cursos e matrículas da rede federal do fio se referem apenas ao ensino superior. Os institutos federais ofertam cerca de 30% das suas matrículas no ensino superior, o restante (70%) é na educação básica. Portanto a expansão é ainda maior.