1) Introduction - Hong sang-soo concebe, aqui, uma de suas narrativas mais simples - beirando o simplista, na verdade. Os temas de conflito entre gerações, de apatia juvenil e de pulsão artística são tratados de modo superficial, mas jamais desinteressante. 3/5 #Berlinale2021
2) Memory Box - A estratégia estética da dupla de diretores, que remete à materialidade dos registros em caderno de uma jovem libanesa em meio à guerra civil, é inteligente e permite uma fluidez que promove várias surpresas formais interessantes. 4/5 #Berlinale2021
3) I´m Your Man - Dialogando de certa forma com "Ela", de Spike Jonze, o filme de Maria Schrader busca desenvolver reflexões sobre a autenticidade de algo intangível (sentimentos, consciência) e traz belas atuações de Eggert e Stevens, mas se acovarda em seu desfecho. 3/5
4) Tides - Depois do eficiente "Inferno", que realizou em 2011, Tim Fehlbaum investe em outro enredo apocalíptico que abandona tudo que encontra de interessante para apostar em clichês do gênero e em sequências de ação aborrecidas. 1/5 #Berlinale2021
5) The First 54 Years: An Abbreviated Manual for Military Occupation - Dirigido pelo israelense Avi Mograbi e contando com depoimentos de muitos ex-soldados do exército do país, este doc expõe a perversidade da ocupação da Palestina e a crueldade constante dos invasores. 4/5
6) Brother´s Keepers - Esta produção turco-romena conta uma história simples de maneira angustiante (com pontadas eficazes de humor) ao buscar no descaso casual (e na crueldade sistêmica) de seus personagens adultos uma fonte constante de pesadelos. 4/5 #Berlinale2021
7) Language Lessons - Natalia Morales (em sua estreia na direção) e seu parceiro de cena e co-autor do roteiro Mark Duplass são intérpretes carismáticos o bastante para quase nos fazerem ignorar o roteiro frágil e as limitações impostas pela estrutura narrativa.3/5 #Berlinale2021
8) Bad Luck Banging or Loony Porn - O romeno Radu Jude, que eu já admirava, se apresenta aqui como um satirista soberbo, criando um filme que surpreende com seu humor e com sua abordagem, que envolvem criar três atos distintos em tema e forma, mas igualmente geniais. 5/5
9) Natural Light - A guerra é algo horrível e que frequentemente obriga indivíduos bons a realizarem atos repugnantes - ou, no mínimo, a fechar os olhos para estes. Ok, e cadê a novidade? 2/5 #Berlinale2021
10) Albatros - Depois de uma primeira metade fantástica em sua observação do cotidiano de um policial vivido pelo cada vez melhor Jérémie Renier, o filme se perde totalmente na metade final, como se não tivesse mais o que dizer e resolvesse improvisar. 3/5 #Berlinale2021
11) Anamnesis - A ideia dos documentaristas, que já soava espetacularmente ruim (e potencialmente nociva) no papel, não só comprova os temores, mas se revela também tediosa e desinteressante. 1/5 #Berlinale2021
12) Jai Jumlong - Não é surpresa que Anocha Suwichakornpong tenha sua obra comparada à do compatriota Apichatpong Weerasethakul, de quem já se declarou admiradora: ambos são ótimos em criar filmes vazios e vagos o bastante para que muitos projetem profundidade onde não há. 2/5
13) Petite maman - O novo filme de Céline Sciamma tem uma proposta bem mais simples que a de seu celebrado trabalho anterior, mas possui uma doçura (em grande parte graças às duas jovens atrizes) que é difícil resistir. 4/5 #berlinale2021
14) What Do We See When We Look at the Sky? - Esta produção da Georgia, com seu tom lírico e fabulesco, representa uma raridade no Cinema contemporâneo: é um filme enamorado por tudo que há sobre a terra, de humanos a pedregulhos, de cães a flores. 4/5 #Berlinale2021
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Não tem jeito mais. Não há como dialogar ou esperar bom senso de alguém cuja bússola moral aponta sempre pro extremo-leste. Estamos habituados a presumir que os oponentes políticos são humanos; quando não são, não sabemos combater.
Os contratos sociais e éticos que sempre foram subentendidos na democracia - mesmo nos momentos mais polarizados - começaram a se perder de vez depois de 2016. Estamos lidando com animais, com sociopatas. Eles não têm pudor de simular sequer o mínimo de humanidade ou decência.
Como combater gente que mente SABENDO que há registros em vídeo/áudio/TUDO comprovando isso? Que mente com a consciência de que a maioria saberá imediatamente se tratar de mentira, mas que o faz assim mesmo porque já percebeu que sua base comprará e reproduzirá a falsidade?
O mundo inteiro (quase literalmente) dizendo que a pandemia está fora de controle no Brasil, o sistema público em colapso, gente morrendo na fila de espera por UTI, média móvel de morto batendo recorde atrás de recorde, as poucas vacinas sendo enviadas para estados errados...
... cidades tendo que comprar containers para armazenar cadáveres, estados tendo que enviar pacientes para outros lugares, Bolsonaro atacando os governadores que tentam fazera alguma coisa, Bolsonaro espalhando fake news sobre máscaras...
... Bolsonaro vetando prazo pra Anvisa aprovar vacina, Bolsonaro deixando de investir dinheiro da saúde já destinado à pandemia (depois de gastar uma fortuna com cloroquina - sobre a qual a OMS já nem diz "não haver comprovação sobre eficácia", mas sim que FAZ MAL -...
Estou vendo Fernanda Montenegro nos assuntos mais comentados por ter dado uma entrevista na qual relembra ter perdido o Oscar. O pior nem foi perder; foi perder pra Gwyneth Paltrow.
Pior: em Shakespeare Apaixonado.
Pior: num prêmio COMPRADO pelo Harvey Weinstein.
O único consolo é que naquele ano o Harvey Weinstein ferrou todo mundo no Oscar, incluindo Steven Spielberg, cujo Resgate do Soldady Ryan era o favoritíssimo até Weinstein mudar totalmente as regras do jogo com a campanha pesada que fez por Shakespeare Apaixonado.
Não vou linkar aqui pela milésima vez meu texto sobre como funciona o Oscar (tá bom, eu linko: cinemaemcena.com.br/coluna/ler/224…), mas foi justamente naquela edição que o modelo contemporâneo das campanhas foi moldado por Harvey Weinstein e pela Miramax.
Vi hoje um dos filmes mais angustiantes da minha vida: o chileno A Casa Lobo, dirigido por Joaquín Cociña e Cristóbal León. É um pesadelo sobre abusos e a perpetuação dos traumas por estes deixados.
É também uma animação absolutamente fascinante.
Realizado ao longo de cinco anos, A Casa Lobo parte de uma história real: a Colônia Dignidade, fundada por um ex-militar nazista no Chile e que, mistura de seita e campo de prisioneiros, ajudou a ditadura de Pinochet a torturar prisioneiros políticos. (pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%B4…)
O filme, porém, é menos sobre a Colônia do que sobre seus efeitos sobre uma menina chamada Maria que escapa depois de vários abusos e se esconde numa casa no meio da floresta - e a narrativa assume sua subjetividade moldada por traumas como ponto de vista.
Estou vendo há uma semana; ainda não posso avaliar como fenômeno coletivo. Falando por mim - e só por mim -, tem sido uma mistura de voyeurismo sancionado, simpatia por alguns “personagens” e o prazer natural de se deixar sentir raiva dos “vilões”. +
Outro dia eu brinquei sobre ver o #BBB como forma de usar o microcosmos do programa pra estudar arquétipos e recortes do Brasil (e terminei confessando que era “por causa dos barracos”). Por um lado, era só piada; por outro, há uma partezinha de verdade nisso. +
Não sei se os “personagens” de fato acabam assumindo contornos de “arquétipos” ou “recortes demográficos”, mas o que eu JÁ SEI é que é possível ver a humanidade de cada um ali e se deixar envolver com suas forças e fragilidades individuais. +
Katharine Hepburn era uma atriz gigante, mas o que nem todos lembram é que ela tinha um sorriso luminoso. (Para quem - ainda - não a conhece, é a única atriz com mais Oscars que Meryl Streep.)
(Vi agora Sua Esposa e o Mundo, que Capra dirigiu em 1948 e trazia também Spencer Tracy - outro gigante -, Adolphe Menjou e uma participaçãozinha de Margaret Hamilton, que apenas 9 anos antes havia se eternizado como a Bruxa Má do Oeste em O Mágico de Oz.)
(Ah, o filme também conta com Angela Lansbury, que tinha só 23 anos na época. Vou incluir uma imagem dela recentemente pra refrescar a memória de quem não lembrar, embora seja fácil identificá-la.)