Thread by @_makavelijones

A noção de liberdade reivindicada pelos liberais e parte da esquerda brasileira é pré-Hegel. Eles até hoje não assimilaram a ideia fundamental do mestre da dialética que para ter liberdade é necessário tá vivo. Parece um truísmo, não é? Mas tem uma profundidade filosófica grande.

Quando Hegel diz, por exemplo, que a pessoa que rouba o pão para matar a fome não deve ser condenado, colocando a vida acima da propriedade (a vida é absoluta, a propriedade privada não), ele o faz a partir de sua ideia de liberdade. A liberdade tem três vetores.

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Só é livre quem tá vivo, isto é, tem sua reprodução biológica garantida. Então, nesse momento de pandemia, podemos medir concretamente o grau de liberdade olhando que países preservaram a vida e que país deixaram o povo morrer. Mas não basta tá vivo para ser livre.

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A pessoa viva, mas na miséria, tem sua reprodução biológica, mas num grau de degradação social e ética. Nesse sentido, além da vida no sentido biológico, é necessário uma vida social com dignidade material. Hegel pensava o Estado como eticidade garantindo essa dignidade

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Sim, a sociedade civil, ou seja, as relações de produção, produzem desigualdade, a propriedade privada produz desigualdade, e cabe ao Estado, ente universal, corrigir essas desigualdades. Então a liberdade tem sempre uma dimensão material, econômica, histórica.

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Mas não basta ter sua vida biológica e dignidade material. É preciso, também, relações de reconhecimento, de aceitação social, de personalidade ética e jurídica. Um negro de classe média, num sistema racista, não é livre. Ele tem déficits de reconhecimento, por exemplo.

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universalizar o reconhecimento seria, numa linguagem moderna, combate as formas de opressão e discriminação. Também poderíamos dizer, numa linguagem atual, que existe uma dimensão cultural, simbólica e jurídico-política da liberdade.

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A liberdade é sempre um produto de uma interação entre as três dimensões do ser livre, mas a base, como se pode notar, é estar vivo. Só o ser humano vivo pode buscar as outras dimensões. Nesse sentido, a pandemia, como situação de emergência, é reveladora.

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Países como China, Cuba e Vietnã, garantiram a vida. Dizem que são ditaduras e menos livres que Itália e Alemanha, por exemplo. Mas esses países garantiram menos a vida, o fundamento primeiro da liberdade.

Nesse sentido, quem pode oferecer lições de liberdade?

Pense nisso!

Para maiores informações sobre a atualidade do pensamento de Hegel e como ele ainda é base para reflexões críticas, fazer o curso de @HeribaldoMaia no @classe_esquerda sobre o pensamento do velho mestre da dialética.