Era 2016. Uma grave crise havia se instalado no governo Dilma Rousseff, e todos viviam de olho na televisão, acompanhando os acontecimentos que se sucediam em velocidade extraordinária.
Na quarta-feira, 16 de março, o juiz Sérgio Moro retirou o sigilo de interceptações telefônicas do ex-presidente Lula. As conversas gravadas pela Polícia Federal incluíam um diálogo gravado na própria quarta-feira, entre Lula e a presidente Dilma Rousseff.
Dilma havia nomeado Lula como ministro chefe da Casa Civil.
Na conversa telefônica, Dilma avisava Lula que estava enviando ‘Bessias’ com o termo de posse para o cargo de ministro da Casa Civil.
O diálogo era, claramente, uma tentativa de obstruir a Lava Jato, porque a nomeação daria foro privilegiado a Lula e lhe tiraria das garras do juiz Sergio Moro.
Aquelas palavras ecoaram por todo o Brasil:
Dilma: Seguinte, eu estou mandando o 'Bessias', com o papel, para a gente ter ele e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse.
Lula: Aham. Tá bom.
Dilma: Só isso, você espera aí que ele está indo aí.
Lula: Tá bom, estou aqui. Fico aguardando.
Dilma: Tchau.
Começamos a ligar uns para os outros.
“Temos que voltar às ruas imediatamente”, foi a conclusão. Larguei tudo o que estava fazendo e fui para o nosso ponto de encontro tradicional, em frente ao Posto 5, em Copacabana. Quando cheguei lá, no final da tarde, havia umas 30 pessoas.
Pouco depois já eram 100, depois 500, e em breve estávamos cercados por uma multidão.
Não acho que verei algum dia um espetáculo mais bonito do que o que vi aquela noite.
Eu carregava uma bandeira do Brasil.
De repente, a multidão começou a se movimentar, pegando uma das ruas transversais e entrando na Av. Nossa Senhora de Copacabana.
Mágica acontecia na minha frente: eu vi uma das ruas mais movimentadas da cidade - e que naquele horário geralmente estava cheia de carros e ônibus
- ser completamente tomada por uma multidão sem fim. Andamos muitos quarteirões agitando bandeiras do Brasil, cantando refrões – “fora Dilma, fora PT” – olhando nos rostos uns dos outros e sorrindo, surpresos com aquela súbita descoberta do poder da mobilização popular.
De vez em quando algum petista revoltado aparecia em uma janela para gritar palavrões ou jogar ovos e água na multidão. Mas a sensação que predominava era de paz e alegria.
Eram milhares de pessoas ocupando as vias principais de um dos bairros mais movimentados da cidade, sem uma única briga, sem nenhuma confusão.
Jamais esquecerei aquele dia.
(trecho do meu próximo livro, que será lançado em breve)
Essa foto é do final da manifestação.
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Tem muita gente dando explicações complicadas para o que aconteceu no dia de ontem.
Para mim as coisas são bem mais simples.
Já estávamos sufocados por essa pandemia de vírus, pânico, ideologia e oportunismo, quando aquela sentença sem sentido – e sem justiça – caiu sobre nossas cabeças.
Em seguida, o único partido supostamente “liberal” do país declarou que se juntava aos que pedem o impeachment do presidente.
O negócio principal do Brasil é a dominação da grande maioria das pessoas por um grupo pequeno. Esse grupo tem acesso a informações, armas e muito dinheiro, e trabalha permanentemente para que a grande massa não tenha nada disso.
O trabalho é tão eficiente que a maioria das pessoas desenvolveu horror a armas, consome fofoca e lixo como se fosse informação, e vive mergulhada em necessidades e dívidas.
Você pode chamar esse pequeno grupo dominante do jeito que você quiser.
Eu chamo de A Firma.
Qual é o negócio da Firma? É retirar o máximo de riqueza da população em geral e concentrar essa riqueza nas mãos de poucos.
Muitos não entenderam meu artigo sobre a turma do "Fique em Casa". Vou resumir:
1. Faça o que quiser com sua vida. Mas, se você TRABALHA PARA O ESTADO, não pode exigir o direito de ficar em casa. Esse direito só existe às custas de pagadores de impostos que trabalham na rua.
2. O primeiro beneficiado com seu privilégio (esse é o nome certo) de trabalhar em casa é VOCÊ. Nos poupe esse papo de que você está fazendo isso "para proteger os outros". Ou então prove isso abrindo mão de sua remuneração. Aí sim.
3. A menos que vc tenha aberto mão da remunaração, vc não tem condições de dar lição de moral em ninguém que precisa sair de casa para sobreviver. A gente realmente não fica comovido com suas fotos de "fique em casa" em Búzios ou Campos do Jordão.
As próprias pessoas são as principais responsáveis pela sua saúde e bem-estar. Eles são as únicas a quem foi confiada ampla liberdade, o livre arbítrio para exercer seus direitos de trabalhar, adorar seu Deus e ganhar a vida.
Nenhum governador deve ditar ao seu povo quais atividades são oficialmente aprovadas ou não. E nenhum governador deve jamais prender, multar ou penalizar pessoas por exercerem suas liberdades.
Não estamos aqui para lhe dizer como viver sua vida, ou para tratá-lo como uma criança ou um criminoso porque você vai à igreja ou se defende. Os conservadores respeitam as pessoas como indivíduos. Não dividimos as pessoas com base em sua religião, cultura ou cor de pele.
O pessoal do "fique em casa" fica com raiva, ofende e agride quem aponta sua ÓBVIA contradição lógica.
Mas ela é claríssima:
Ou TODO MUNDO tem o direito, as condições e a garantia de poder trabalhar de casa, ou essa postura nada mais é do que uma transferência imoral do risco da doença daqueles que têm esse privilégio para a grande maioria, que não tem.
O analista financeiro de uma estatal, que trabalha no conforto de casa, com emprego e salário garantidos há um ano, transferiu todo seu risco de ficar doente para o lixeiro, a caixa do supermercado e o padeiro que, por motivos evidentes, não podem trabalhar de "home office".
O Estado, os governantes, os burocratas e os juízes não têm a mínima ideia de como funciona a economia. Isso já foi explicado por autores como Hayek, Mises, Thomas Sowell, Nassim Taleb e muitos outros.
A economia de um país é formada por milhões de ações de indivíduos que não se conhecem, e que trabalham, cada um, visando sua própria prosperidade. O resultado final, paradoxalmente, é a produção de bens e serviços que atendem às necessidades de toda a sociedade.
O conhecimento sobre o que precisa ser produzido e o que pode ser vendido, e a que preço, está distribuído pela sociedade. Os burocratas estatais nada sabem sobre isso.
Qualquer interferência do Estado na economia é danosa.