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10 Mar, 10 tweets, 2 min read
Há um debate intenso sobre transmissão por gotículas x aerossóis.

Em linhas bem gerais se associam gotículas a partículas maiores do que 5 microns e que, por serem mais pesadas, seguem trajetórias balísticas e se depositam na boca, olhos e nariz.
Já aerossóis seriam partículas maiores e mais leves que viajam grandes distâncias e podem ser inaladas.

Primeiramente, o corte de 5 microns não é muito preciso. Partículas bem maiores podem permanecer em suspensão por bastante tempo e serem inaladas
E não necessariamente curta distância significa gotícula e longa distância significa aerossol. Quanto mais próximos estamos da fonte, maior a concentração de aerossol. Quanto mais perto de alguém fumando, mais forte o cheiro
Independente do tamanho, o ponto crítico é o mecanismo físico por trás da entrada da partícula no corpo. Aí temos a deposição e a inalação. Para a deposição, o controle é muito mais fácil... Máscaras de pano e até face shields funcionam bem. Mas para inalação é mais difícil
Para inalação você precisa de algo muito bem vedado ao rosto e com boa eficiência de filtragem. Que é o caso das PFF2. Para inalação locais fechados e mal ventilados onde as pessoas estão respirando o mesmo ar são mais arriscados.
E é exatamente esse padrão que a gente vê na COVID. Há também uma compreensão de que essas partículas menores só são geradas em procedimentos médicos geradores de aerossóis. Não é o caso. O simples ato de falar produz uma alta quantidade de aerossóis
Isso é compatível com o padrão de transmissão por pre-sintomáticos e assintomáticos. Gotículas maiores são produzidas principalmente na tosse e no espirro. Mas a gente vê muitas pessoas sem sintomas, sem espirrar ou tossir transmitindo também
O padrão de novos casos a partir do caso índice é bastante heterogêneo, o que é compatível com doenças que se transmitem pelo ar a partir da inalação de partículas. Os padrões de eventos de superespalhamento também são compatíveis
Enfim... A discussão gotícula x aerossol a partir de uma definição que se baseia simplesmente no tamanho da partícula acaba escondendo nuances importantes com relação a forma como essas partículas entram no corpo
*particulas menores que 5 microns e mais leves

Perdão a confusão

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9 Mar
Ressaltando alguns aspectos com relação a PFF2

- Usem com parcimônia. Em geral, em local ao ar livre não há necessidade. Mas em locais fechados, mal ventilados e com muita gente ela é essencial

- Evitem fazer grandes estoques. Comprem o que for usar
- Garantam o uso correto dela. Bem vedada ao rosto, com elásticos no pescoço e na nuca, clipe nasal bem moldado e fazendo o teste de verificação de vedação

- Façam o maior número de reusos possiveis. Estando íntegra e vedando bem da pra reusar. Da até pra trocar o elástico
Read 5 tweets
6 Mar
Voltar um pouco para a pauta ventilação por aqui.

Antes de mais nada, priorizem espaços ao ar livre. Quanto mais aberto o espaço menor os riscos. Nesses ambientes as gotículas menores e aerosois se diluem rapidamente no ar e o risco é bem menor
É muito comum perguntarem "Tal ambiente é seguro?". E a resposta é muito difícil de dizer... Depende de muita coisa e na maioria das vezes não tem como avaliar. O ideal é que você faça o máximo possível pra reduzir os riscos
Quanto maior a troca de ar com o meio externo melhor. Então, abra o máximo o maior número possível de portas e janelas no ambiente. Utilize ventiladores pra troca de ar com o meio externo. Ventilador com o ambiente todo fechado acaba só espalhando ainda mais as partículas
Read 8 tweets
2 Mar
Convencer nossos pais, avós, tios, etc a usar a PFF2 nem sempre é fácil. Sempre vejo gente relatando a teimosia deles em mudar da máscara de pano pra PFF2.

Já abordei esse assunto mas retomo. Não tem solução mágica. É muita paciência, acolhimento e empatia
Não adianta forçar e impor de qualquer jeito. Convencer pelo medo também não acho que seja a melhor forma... Ir devagarzinho, tentando contornar cada ponto que incomoda e explicar com clareza e com detalhes o porquê essa máscara é melhor costuma funcionar melhor
Explique porque a vedação é importante, explique que a máscara filtra mais, explique que a transmissão é pelo ar. Isso ajuda demais no convencimento.

Fale que com o tempo acostuma, que não sufoca, que não dá falta de ar. Tem muito da questão psicológica nisso também
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28 Feb
Importante a gente adicionar nuances no debate máscaras de pano, cirúrgicas e PFF2. Principalmente porque a questão não é binária, segura x não segura, protege x não protege, útil x inútil
A máscara de pano protege? Em certo grau sim, mas isso depende de diversos fatores, principalmente a capacidade de vedação e a capacidade de filtragem. Mas simplesmente não sabemos o quanto elas protege porque não tem nenhum tipo de regulamentação
Para lugares de maior risco eu realmente acho importante que a gente discuta a utilização de máscaras melhores. Também é fundamental políticas públicas na direção de aumentar a produção e a distribuição das mesmas
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27 Feb
Muita repercussão e debate sobre a questão da transmissão por alimentos, embalagens, etc. E a dúvida sobre limpar as compras do mercado.

O factual: o risco de transmissão por superficies é muito baixo mesmo. Não é a principal via de transmissão
Ela acontece de pessoa pra pessoa, especialmente em espaços fechados, mal ventilados com muita gente compartilhando o mesmo ar. Dessa forma, medidas como ventilação de espaços, atividades ao ar livre, distanciamento e uso de máscara de boa qualidade bem ajustadas são fundamentais
Uma das coisas que mais causa angústia na pandemia é a sensação de que não temos controle sobre nada. Limpar as compras é algo visível e palpável e que cria a percepção de que temos controle sobre algo. O problema é quando isso se torna uma neurose e uma preocupação excessiva
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27 Feb
Mais um artigo excelente com várias reflexões importantes sobre a comunicação na pandemia e a importância de se explicar as nuances. Transmissão do vírus, comunicação de riscos, redução de danos

theatlantic.com/ideas/archive/…
É muito melhor explicar como a transmissão acontece para que as pessoas possam tomar decisões racionais no dia a dia do que criar um monte de regras que podem ser contraditórias em alguns contextos. Sem entender o porquê das regras é mais difícil convencer as pessoas a segui-las
Importante comunicar a dimensão dos riscos para que as pessoas não gastem tempo e energia de forma desnecessária em algo que funciona muito pouco. O risco pode existir, mas é importante dar a dimensão dele
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