O antiviral #rendesivir (sim, é assim que se escreve em português) foi aprovado no Brasil e o primeiro medicamento para o tratamento da #COVID19. Vamos entender melhor sua aplicabilidade, os desfechos esperados e se vale o que custa? Segue o fio abaixo que eu explico melhor:
1.Sua ação consiste em REDUZIR A REPLICAÇÃO DO VÍRUS, bloqueando uma enzima conhecida por “RNA polimerase dependente de RNA”, que é importante para a multiplicação de diferentes famílias virais, inclusive, a família Coronaviridae (a mesma do SARS-CoV-2) bit.ly/3vjNU8Q;
2.NÃO É PARA TRATAMENTO PRECOCE: Os estudos foram delineados para pacientes HOSPITALIZADOS, com pneumonia e necessidade de oxigenação suplementar (sem ventilação mecânica ou extracorpórea);
3.A Anvisa avaliou o resultado de 3 estudos clínicos de fase 3, com 6.283 pacientes e o benefício esperado é a REDUÇÃO MEDIANA DE 4 DIAS DE HOSPITALIZAÇÃO, sem houve impacto significativo sobre a mortalidade;
4.Todos os 3 estudos acima foram patrocinados pela Gilead, detentora da patente do rendesivir. Com isso a documentação não continha outros estudos que se contrapõem a este desfecho acima, como o próprio Solidariety, da OMS, que avaliou 5.451 pacientes
5.E segundo uma avaliação da OMS, juntando outros estudos clínicos, 2 é o número de dias a menos de tempo para recuperação e 0,5 é o número de dias a menos de tempo de hospitalização, desfechos estes com muitas incertezas (por imprecisão);
6. O que fez com que a própria OMS fizesse uma recomendação contra o uso do rendesivir, diante de uma análise mais detalhada (bit.ly/3rOLWeE).
Porém, o rendesivir já é aprovado por várias agências reguladoras (FDA, EMA, Health Canada);
7.Se a administração de rendesivir for considerada, deve-se observar que seu uso é contraindicado em pessoas com disfunção hepática (ALT> 5x o normal na linha de base) ou renal (TFG < 30 mL/min). Porém, demostrou boa segurança em todos os estudos feitos;
8. Um apanhado geral de todos os estudos clínicos com o rendesivir podem ser encontrados na página dos guias de prática clínica e terapia do NIH, que possui um apanhado geral dos ECR publicados até então
9.Os resultados destes estudos mostram que “se espremermos bastante essas laranjas sairão um pouco suco e meio aguado”. A questão é que estas laranjas custam muito: nos EUA o custo do tratamento (5 dias) é em torno de USD 3.100, o que equivale aproximadamente, hoje, a RS 17.000;
10.As internações por COVID-19 sem UTI possuem custo diário estimado de R$ 1.705,00 (média de internação de 5,3 dias), enquanto que, com UTI, R$ 4.305,00/dia (média de internação de 11,5 dias)
10.Mesmo que ainda não tenha sido definido o Preço Máximo ao Consumidor, um mecanismo de controle de preços de medicamentos utilizado pela Anvisa, a pergunta é: VALE O QUE CUSTA? Para a tomada de decisão, portanto, não nos cabe apenas a análise de eficácia, mas a da eficiência;
#IVERMECTINA (IVM) tem estudos clínicos para COVID19? TEM! Até então, são 8 publicados. Mas o que eles dizem, exatamente? Segue o fio que eu e @mateuslfalco contamos:
#1 IVM não resultou em recuperação mais rápida de sinais/sintomas (febre, tosse e dor de garganta) em relação ao grupo placebo, em pacientes com casos leves da doença. Não houve registro de efeito adverso (n = 72). bit.ly/3775imT
#2 IVM não demonstrou nenhum efeito adicional na resolução de sintomas em pacientes com quadro leve de COVID19, já tratados com outros medicamentos (n = 50). bit.ly/2Oo84xk
Este é o primeiro estudo que descreve e analisa as REAÇÕES ADVERSAS A MEDICAMENTOS (RAM) utilizados nos protocolos de tratamento para a COVID19, em escala nacional. Segue o fio que eu conto os principais achados e faço algumas reflexões:
#1 Antes de mais nada, cabe explicar que a coleta de dados foi feita em cima dos relatórios de segurança de casos individuais, encaminhados ao Centro Nacional de Monitorização de Medicamentos, da @anvisa_oficial, vindos do Sistema Brasileiro de Farmacovigilância (mar a ago/2021);
#2 Limpando os dados a partir dos critérios de inclusão/exclusão, de 1.138 relatórios, foram analisados 402 relatórios individuais, com 499 medicamentos suspeitos e 631 RAM nos pacientes com COVID-19;