Postei hoje mais cedo um vídeo de Ciro Gomes fazendo uma fala errada sobre questão racial. No insta, apareceu um monte de gente falando de "coroné" e "coronel". Expliquei, pacientemente, que isso é puro preconceito com o Nordeste. Tão me xingando inbox e chamando de cirista rs
o conceito clássico de coronelismo tá ligado a grande propriedade latifundiária como principal atividade da região, cidade ou estado e o poder econômico do latifundiário se ramificando e fundido com as instituições políticas, impondo formas de dominação pessoal e extra-econômica.
O processo de modernização do coronelismo passou por o poder político e econômico, ainda fortemente marcado pela grande propriedade de terra, se atualizar adquirindo, por exemplo, grandes meios de comunicação e empreendimentos econômicos avançados (como indústrias).
chamar de coronel um político que não é um grande latifundiário, não tem cadeias de rádio, TV, jornal, não controla a vida partidária, judiciário e não tem histórico - até onde sei - de uso de violência privada para atacar adversários é, no melhor dos casos, pura desinformação.
No pior dos casos, é puro preconceito regional. Tem cidade em SP que o PSDB controla há mais de 30 anos. O próprio estado de SP é controlado pelo PSDB desde que me entendo por gente. E não lembro de ninguém chamar José Serra, Alckmin, Dória, Covas e afins de "coronel".
Ps:
aí se eu chego na grande e falo "massa, bora debater comigo o conceito de coronelismo. Que literatura sociológica tu usa?"
vão dizer o quê? chamar de arrogante rs
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O capitalismo significa, dentre outras coisas, uma mercantilização universal de tudo, inclusive da vida. Compare, por exemplo, a expectativa de vida média num bairro rico e numa favela. Durante a pandemia não é de se estranhar mercantilizar a vacina - ou seja, a vida
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No Equador, o governo liberal comprou 6 mil vacinas e imunizou antes de todo mundo os altos funcionários do Estado e seus amigos da burguesia. Na Flórida, o governador é acusado de priorizar a vacinação das elites locais (elites, inclusive, brancas)
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do berço ao túmulo, a classe não explica tudo, ela estrutura o todo, como disse Jaime Osório. O falso dilema entre "vida ou economia" nada mais foi do que o capital, na sua lógica, dizendo: acumulação capitalista não pode parar. Não pode parar nunca.
Um dos problema da cultura política e institucional do mundo acadêmico brasileiro é tomar como sinônimo de cientificidade moderação política e de linguagem. Políticas econômicas, como o teto de gastos, vão matar gente. Mas não pode dizer isso. Tem que dizer apenas que é erro
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Assim como não pode, também, dizer o óbvio: a PEC 186/2019 foi projetada para congelar salários e atacar o serviço público. Para parecer científico, tem que dizer que na letra da lei, PODE congelar, mas não vai necessariamente, desconsiderando todo clima político do país
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Também é necessário tratar como erro, equivoco, e não projeto, a política de extermínio da população negra e os mais de 300 mil encarcerados sem julgamento. Falar de projeto político de dominação faz parecer "radical demais" - também não pode falar de imperialismo etc.
Na entrevista para o UOL, Ciro falou coisas boas e deu declarações desastrosas. Criticou a política carcerária dos governos petistas e a "guerra às drogas", mas, ao mesmo tempo, falou essa besteira absurda no vídeo.
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Chamou Malcolm X de "identitário" em contraste com o pastor Luther King.
Não é a primeira vez que Ciro fala isso. Em 2019, no programa Pânico, ele falou a mesma coisa e a bancada reacionária concordou (!!!).
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Ciro, em palestras e no seu livro, fala da importância de formar um pensamento nacional brasileiro. Ao mesmo tempo que fala isso, adota os termos do debate formados nos EUA e IGNORA totalmente a produção teórica nacional sobre opressões, relação raça/classe,
Desnecessário elogiar a oratória, senso político e capacidade de dialogar com a média da consciência popular. Lula sempre fez e continua fazendo isso muito bem. Consegue com desenvoltura falar de picanha e cerveja, Petrobras, geopolítica e Zé Gotinha
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Dito isso, mais desnecessário ainda é ficar especulando se Lula vai “radicalizar” ou não. Quem puxa esse debate, ou está te enganando ou é enganado. Lula – e o lulismo – é o que é e não é por falta de estudo ou compreensão teórica.
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É arrogância achar que um homem com décadas de política não sabe os limites, contradições e problema do projeto político que ele defende e encarna. Sabe. E é isso mesmo.
sabendo como funciona a lógica da internet, nos primeiros 7 minutos do meu vídeo "Necropolítica: o desarme do pensamento crítico", eu adiantei as caricaturas que iriam aparecer como crítica. Dito e feito. As indiretas que estão rolando no twitter são previstas no vídeo
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a - deixei claro que o vídeo não era uma crítica ou avaliação geral da obra de Mbembe, mas um debate, apenas, sobre o livrinho da necropolítica. Deixo isso claro e reforço, em vários momentos, durante o vídeo. Mesmo assim usam o argumento "em outro livro".. etc.
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b - deixei claro que não iria debater a obra de Michel Foucault e a relação de Foucault com Mbembe. O vídeo ficaria muito grande e vou fazer isso em texto. Apenas disso que me parece que Mbembe esvazia em muitas dimensões a crítica radical de Foucult e só.
Marina Silva surge como fenômeno eleitoral por combinar uma estética de esquerda - trabalhadora, história de pobreza, humilde - com um discurso moralizador agradando as camadas médias. Ela, sem base social organizada, deixa de ser um fenômeno eleitoral por um motivo simples.
A propaganda petista em 2014 não caluniou Marina, mas a obrigou a se definir, assumir posições à esquerda, para além de uma estética à esquerda. Isso acabou com Marina. Ela era uma figura onde o trunfo eleitoral estava na forma, e não no conteúdo.
Os marqueteiros do PT perceberam isso muito bem. A ideia abstrata de "nova política" foi atacada dia e noite afirmando que Marina era neoliberal, de direita, amiga de banqueiro etc. Um conteúdo político foi imposto. Sem resposta, num ambiente acirrado, Marina fracassa.