Para quem acha que Mourão é menos pior que Bolsonaro, sempre bom reparar como ele continuamente invoca uma teoria racista sobre a composição da população brasileira. Ontem ele afirmou “A nossa população, ela não gosta de respeitar regras. Não é da natureza do nosso povo."
Para quem não lembra, durante a campanha ele disse que o país herdou a "indolência" do índio e a "malandragem" do negro.
Isso não é uma frase isolada, isso é um mantra dos próprios militares que sempre se viram - sem nenhum respaldo da realidade - como uma força "progressista" (no sentido positivista) cuja missão seria "domesticar" o povo brasileiro. Sabe o lema "ordem e progresso"?
Esse tipo de ideologia foi a base dos projetos de educação durante a Ditadura Militar, as aulas de "moral e cívica". Mas não apenas, estava - e está - presente no projeto de reforma moral da sociedade brasileira - donde sua associação com uma teocracia difusa.
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
A indicação de Marcelo Queiroga para o MS só confirma o que venho dizendo: essa história de que Bolsonaro vai mudar suas atitudes por conta do "efeito Lula" é conversa para boi dormir. Trata-se, apenas, de marketing para um eleitorado de centro.
Outro ponto crucial: a indicação de Marcelo Queiroga (nome de confiança de Flávio Bolsonaro) já marca a primeira rusga séria do presidente com o Centrão. Reforçando algo que já vinha falando: a eleição do Lira foi "comprada" com cheque sem fundo.
Nesse momento o Bolsonarismo está reduzido ao seu núcleo duro tendo as FFAA como seu único fiador institucional e as grandes igrejas neopentecostais como seus fiadores populares.
Essa matéria do @Poder360 merece ser desenhada: "Passou cerca de 3 horas mais ouvindo do que falando, pois todos os presentes se esforçaram para dizer que nada havia sido feito de errado até agora na política do governo federal para combater o coronavírus."
Vou repetir o que disse ontem na minha live na Twitch: mesmo que Bolsonaro consiga um nome técnico para o Ministério da Saúde, isso não significa que seja uma mudança na orientação do governo, será apenas mais um golpe de marketing.
Bolsonaro não tem condições de mudar a sua política sanitária, já atingimos o ponto de não retorno. É improvável que ele consiga imunizar a população brasileira até 2022, a marca dos 300 mil é apenas uma questão de tempo, 400 mil já é uma forte possibilidade.
Se Bolsonaro entrar de cabeça nessa de "nossa arma é a vacina" ele vai chegar em 2022 como um completo fracassado. Pois ao mesmo tempo terá que admitir que seus planos falharam e apontar os motivos pelos quais isso aconteceu.
A saída do Pazuello já estava sendo desenhada tem algum tempo. Contudo, o plano original era invetar uma desculpa, uma promoção nas FFAA para que ele pudesse ser desligado "com honra" do cargo de ministro e o cargo pudesse ser entregue ao Centrão de forma velada.
Contudo, do jeito que está sendo feito, na correria e por meio de um "atestado", fica mais do que evidente que se trata de uma adaptação do Bolsonarismo ao soco que levou no meio do rosto durante o discurso do Lula.
A saída honrosa de Pazuello e a entrega do cargo ao Centrão foram para o espaço. Tudo indica que o governo está procurando um nome técnico. Contudo, sabemos por exemplos recentes que ter um nome técnico ali não serve de muita coisa diante dos mandos e desmandos do presidente.
É sintomático que muito dos comentários que recebo sobre a atuação das igrejas e congregações evangélicas ignore o papel pragmático dessas instituições. Ignoram o papel dessas redes na socialização dos indivíduos, seu papel humanitário/assistencialista.
Esquecem, inclusive, da longa relação que as esquerdas tiveram com estes setores ao longo dos anos 90-00, vide, por exemplo, o papel proeminente de figuras como Benedita e Marina Silva. Mas também na constituição da base de governabilidade do PT.
As redes evangélicas não se resumem aos pastores da universal exorcizando pessoas na televisão, tampouco aos grupos de estudos da Bíblia no whatsapp. As redes evangélicas correspondem, sempre, a uma rede de indivíduos reais que, geralmente, tem um papel comunitário essencial.
O óbvio se constatou: a PEC emergencial era um golpe do governo - especialmente de sua equipe econômica - para destruir o serviço público no país. Em troca disso, "recebemos" uma esmola e, provavelmente, o fortalecimento de uma certa teocracia difusa.
Sim, esmola, pois a quantia de - no melhor dos casos - 250 reais pode até ajudar uma família que possui alguma renda e fazer a diferença entre a vida e a morte para quem não tem nenhuma. Mas no geral não muda em absolutamente nada para a grande parcela que realmente necessita.
Nem vamos entrara aqui nas questões de acesso ao auxílio, documentação, etc... mas a realidade é que, dada a inflação galopante, especialmente no setor alimentício e moradia, 250 reais (no melhor dos casos, reitero), e por tão pouco tempo, não vai ser capaz de mudar muita coisa.