Responsáveis pela pandemia todos somos, faz parte do papel de ser cidadão, agora, culpados alguns até são, mas um são mais do que outros. E essa é uma diferença que não podemos perder de vista, entre a ideia de responsabilidade e a ideia de culpa.
Eu, você, o cidadão, a cidadã média temos sim responsabilidades. Uma vez que somos plenamente cientes dos desdobramentos, causas e consequências dos nossos atos durante uma pandemia. Pois a nossa responsabilidade (ou a falta dela) tem sim consequências.
Por isso aquela viagem para "uma vila super escondidinha no interior da Bahia" foi sim um ato irresponsável. A saidinha para visitar os amigos também o foi. Ter responsabilidade, nesse contexto, é cuidar de si e cuidar dos outros, sem exceções possíveis.
E isso inclui sim o famigerado "ah, mas eu já estou exposto, posso sair". Não, não pode, o fato de você (infelizmente) ter que enfrentar situações de risco, como transporte público, não lhe isenta de qualquer responsabilidade em outras ocasiões.
É duro, é injusto, é uma merda, mas esse é o mundo em que vivemos. A realidade nem sempre se adequada.
Agora, culpa, ser culpado, isso é algo que, usualmente, só podemos atribuir às autoridades, aos políticos e sua gestão desastrosa da pandemia. Um exemplo: Onde estão as campanhas de conscientização que, justamente, irão ensinar as pessoas como ser responsáveis durante a pandemia?
Onde estão as distribuições gratuitas de máscaras realmente eficazes, fiscalização? A lista de coisas que poderiam ser feitas no âmbito institucional/político/macro são inúmeras e deixo para quem realmente entende do assunto.
Mas o ponto é, sim, existe uma diferença crucial entre aquilo que pode e deve ser atribuído aos políticos (a culpa) e aquilo que pode e deve ser atribuído aos cidadãos médios (a responsabilidade). E isso, inclusive, é algo que ultrapassa a pandemia.
Primo Levi distinguia a culpa da vergonha diante de uma tragédia. Quando olhamos para a Shoah (ou para o genocídio do povo brasileiro na pandemia) não devemos sentir culpa, não somos políticos, não somos poderosos, devemos sentir vergonha.
A culpa, no nosso caso, seria algo improdutivo, imobilizante - pois ela rapidamente se converte na máquina de culpa/perdão/elevação do ser cristã.
Já a vergonha, trata-se de um sentimento produtivo, pois nos leva a agir para impedir que aquilo se repita, nem que seja por meio de pequenos atos, daquilo que está efetivamente ao nosso alcance. Não podemos fazer muito, mas estamos realmente fazendo algo?
E essa é aqui que se insere a ideia de responsabilidade (inerente ao pacto social). Temos sim a responsabilidade de fazer algo, nem que esse algo seja apenas usar máscara, praticar o isolamento, conversar com nossos pares, alertar.
Essa é a nossa responsabilidade.
Agora, a culpa, ela é reservada aos poderosos, aos sujeitos que poderiam (deveriam) ter feito algo para mudar o destino da nação e não o fizeram. Pior, aos que se aproveitaram da situação, que a provocaram deliberadamente.
Estes são os verdadeiros culpados.
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Vamos dar uma olhada com atenção na lei que define o crime de genocídio.
Lei nº 2.889 de 01 de Outubro de 1956
Define e pune o crime de genocídio.
Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal:
a) matar membros do grupo;
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial;
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo;
Na live da twitch eu falava exatamente sobre como o Bolsonarismo iria tentar criar um pânico moral para aquecer suas bases e encontrar uma saída para a crise em que se meteu. Saio da live e vejo as redes e grupos falando do Comunismo e Bolsonaro prometendo um golpe para evitá-lo.
Sim, golpe, pois se ele diz que o Governo Federal vai implementar um Estado de Sítio "para dar liberdade para o povo" ele está falando abertamente de passar por cima do Congresso - que nesse momento não parece muito afeito à ideia.
A fala do Lira de ontem foi sintomática: deputados estão sentindo o efeito da pandemia sobre suas bases. Alguns tem sido, inclusive, acionados pela população para que consigam vaga em hospitais para parentes com Covid, para que consigam remédios.
Agora é oficial, podem levantar a plaquinha de "já sabia" e tudo mais. Mas finalmente admiti para mim que o Guará não vai sair daqui. Já ganhou bandana e tudo.
Tupi não está exatamente radiante com a notícia, mas é a vida, querida.
Uma coisa triste nisso tudo foi descobrir que o Guará tem marca de um ferimento no crânio, provavelmente uma paulada que levou quando era bem novinho. Mas enfim, gosto nem de pensar na existência de um indivíduo que faz isso com um filhote.
Gente, eu tenho falado disso tem algum tempo, redes e grupos bolsonaristas estão se mobilizando para monitorar perfis e grupos de esquerda. Tenham o muito, mas muito cuidado mesmo com o que compartilham nas redes.
Digo, insisto e repito, já passou da hora das esquerdas discutirem segurança digital (e isso inclui uma certa etiqueta nas redes). Quem não está preocupado com isso não está prestando atenção.
Não estamos falando apenas de possíveis processos criminais por xingar o presidente ou coisas do tipo, estamos falando de ameaças reais. Evitem se expor, adotem medidas de segurança pois o outro lado não está brincando.
Para quem acha que Mourão é menos pior que Bolsonaro, sempre bom reparar como ele continuamente invoca uma teoria racista sobre a composição da população brasileira. Ontem ele afirmou “A nossa população, ela não gosta de respeitar regras. Não é da natureza do nosso povo."
Para quem não lembra, durante a campanha ele disse que o país herdou a "indolência" do índio e a "malandragem" do negro.
Isso não é uma frase isolada, isso é um mantra dos próprios militares que sempre se viram - sem nenhum respaldo da realidade - como uma força "progressista" (no sentido positivista) cuja missão seria "domesticar" o povo brasileiro. Sabe o lema "ordem e progresso"?
A indicação de Marcelo Queiroga para o MS só confirma o que venho dizendo: essa história de que Bolsonaro vai mudar suas atitudes por conta do "efeito Lula" é conversa para boi dormir. Trata-se, apenas, de marketing para um eleitorado de centro.
Outro ponto crucial: a indicação de Marcelo Queiroga (nome de confiança de Flávio Bolsonaro) já marca a primeira rusga séria do presidente com o Centrão. Reforçando algo que já vinha falando: a eleição do Lira foi "comprada" com cheque sem fundo.
Nesse momento o Bolsonarismo está reduzido ao seu núcleo duro tendo as FFAA como seu único fiador institucional e as grandes igrejas neopentecostais como seus fiadores populares.