A imprensa costuma manter todo um time focado no que internamente é chamado de “factual”. Em resumo, o fato acontece? Gostando dele ou não, o fato é registrado pela imprensa.
É dessa linha que saem manchetes como “Dilma é reeleita”, “Morre Nelson Mandela”, “Lula é preso” ou “Lula é solto”.
No futuro, quando historiadores escreverem livros sobre o que vivemos, eles certamente visitarão os acervos dos principais jornais para conferir o desenrolar dos fatos. Daí a importância histórica de um trabalho aparentemente tão simples — não é tão simples, demanda muito suor.
Quando a imprensa passa anos noticiando que “Bolsonaro muda de tom”, não significa que a imprensa está torcendo por uma mudança de tom de Bolsonaro, mas que Bolsonaro corriqueiramente muda de tom, ainda que para recuar em seguida.
No futuro, com base nesse factual, o professor de história dos seus netos poderá ensiná-los que, sempre que encurralado, Bolsonaro forçava uma mudança de tom, mas aquilo tinha uma validade de dias, por vezes, de horas.
E aí os netos de vocês, quando adultos, vão pode avaliar se estão sendo enganados por malandragem semelhante. E alertar os demais cidadãos da estratégia do populista da vez.
No mais, insisto mais uma vez que há muita gente boa viciada numa agenda anti-imprensa. A imprensa está longe de ser perfeita. Mas essa agenda é muito mais problemática do que a imprensa em si.
Vocês não precisam ser sócios do bolsonarismo nessa pauta. Portanto, não sejam.
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Por uma questão literalmente de vida ou morte, o foco do Brasil deveria ser o fim do governo Bolsonaro. A defesa da polarização (que alguns infelizmente encampam) é a defesa de que o governo Bolsonaro mantenha-se de pé até o fim.
Mas esse é só o primeiro ponto.
O Brasil precisa de um novo projeto de país. Porque está se desindustrializando, porque está migrando para uma leitura mais radical dos textos cristãos, porque o meio ambiente está sendo destruído, porque a violência segue alta, e porque educação e saúde continuam longe do ideal.
O foco da polarização, a gente conhece bem, é o de tocar uma campanha inteira na base dos assassinatos de reputação. E de pedir voto tendo por argumento principal a ideia de que o adversário seria uma opção pior.
Em 2018, uma estratégia de Bolsonaro foi a de adiantar ministros (Guedes, Onyx e Pontes) ou indicações ao STF ("alguém do perfil de Moro"), algo que só lembro de ter visto antes com Aécio (Armínio Fraga) ou Álvaro (que prometeu convidar Moro para o Ministério da Justiça)...
Eu acho uma iniciativa válida. Além de ajudar a vislumbrar um futuro governo, há todo um impacto positivo junto ao eleitorado que se quer atingir.
Já imaginou o mundo de manchetes que surgiria caso um candidato prometesse trazer de volta Serra ou Mandetta para a Saúde? Meirelles ou Armínio para a Fazenda? Haddad ou Mendonça para a Educação? Marina para o Meio Ambiente? Santos Cruz para a Defesa?
Na reunião ministerial de 22 de abril de 2020, Jair Bolsonaro defende que o próprio governo seguisse colado em Donald Trump para ter o apoio dos Estados Unidos ao “fazer valer a nossa vontade naquele momento”.
Ele queria se referir a algo, mas entendia que não podia fazer referência direta àquilo. Por isso prefere chamar de “aquele momento”.
Antes, ele já havia tentado transformar Eduardo Bolsonaro em embaixador nos Estados Unidos, o mesmo Eduardo Bolsonaro que chegou a fazer seguidas e impunes ameaças explícitas de golpe de Estado.
Aliás, os rumores sobre WandaVision estavam bem errado e ainda bem, pois achei uma porcaria.
Já pensou a entrada dos X-Men no MCU se dar por uma sitcom? Nada a ver.
Só vi alguma brecha para isso no papo de Wanda precisar aprender a lidar com os próprios poderes. Bem que ela poderia procurar um certo professor careca.
Eu imagino que os X-Men virão de uma dimensão paralela. Há um game da Marvel pra celular que mistura X-Men com MCU e explora essa saída. E creio que o papo de multiverso já é uma preparação para essa transição.