A nova retórica do presidente Bolsonaro repete a mesma tática usada em 2020. Antes, endereçada contra a vacina. Agora, contra as restrições do lockdown.
Em outubro de 2020, em franca campanha contra a coronavac, a rede bolsonarista destinava tempo e dinheiro para desqualificar a "vacina de Dória", gerando amplo domínio sobre o tema no Twitter, conforme se vê (mancha marrom) no grafo.
Em março de 2021, tendo que engolir à seco o sucesso da coronavac, Bolsonaro mudou a rota. Abraçou para estrangular o termo lockdown, rotulando-o como medidas contra o trabalhador.
O lockdown passou a ser o centro da retórica negacionista de Bolsonaro. E anima seus apoiadores.
O sucesso de Bolsonaro, em parte, é fruto da covardia dos prefeitos e governadores que não decretam as restrições rígidas do lockdown. E, assim, os casos continuam altos. Óbitos, idem. E cresce a quebradeira geral de pequenos empreendimentos. E aí Bolsonaro passa a 'ter razão'.
Qual foi a pedra no caminho? Araraquara, a cidade paulista que demonstrou que três semanas paradas salvam vidas. E mais: fazem com que a economia possa ser retomada mais rapidamente. E, de quebra, freie novas variantes.
Portanto, tal como a vacina, o lockdown traz resultados positivos mais rápidos, inflando de popularidade quem o adota, ainda que seja duro enfrentar o mov anti-lockdown em seu começo.
E, por isso, Bolsonaro vai perder de novo. Porque o lockdown é inevitável.
Em jan. de 2021, extrai o termo lockdown em inglês. Era o 3º confinamento no Reino Unido. Ainda que extenuante, a rede palavras demonstra que o termo se relacionou com o vocábulo da política de estado (grupo amarelo). O lockdown como instrumento de coesão e não de divisão social.
Sem poder capturar a base perdida por causa da campanha anti-vacina, Bolsonaro tenta segurar empreendedores, comerciários e prestadores de serviços, altamente impactados pelo lockdown.
Mas já começaram a avisá-los que, sem vacina e apoio financeiro, a culpa é de Bolsonaro.
A quem interessar possa, digite lockdown no Instagram Youtube, Facebook, Twitter. Há amplo domínio bolsonarista, com vídeos (principalmente) servindo tal igual o cinema nazista. Berlim toda destruída e a população em fila para assistir na tela os devaneios de Goebbels.
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E o Portal R7 que publica notícia baseada num artigo cheio de inconclusões de revista de baixo nivel.
21 mil compartilhamentos.
Jornalismo de baixa relevância e caça clique. Onde está o Facebook?
CNN, idem.
São veículos alinhados ao governo Bolsonaro reproduzindo a informação enganosa, tal como aquela matéria intitulada "sopa de morcego causou a transmissão do coronavírus pra humanos".
Que inferno isso.
é um estudo q se intitula uma meta análise. Ou seja, o cara junta um monte de artigos porcaria q diz que tudo q a invermectina faz é divino e maravilhoso . Dai a conclusão geral é: tudo é divino e maravilhoso.
Tratamento precoce: a virada de sentido.
img1: 25/12 a 11/01 (domínio bolsonarista - cinza treva)
img2: 12/01 a 21/1 (dominio antibolsonarista - amarelo luz)
Ampliar o debate muda valores da opinião pública. Desta vez, para melhor.
A rede bolsonarista dobrou de tamanho para defender a falsa cura prescrita no tratamento precoce: 41.734 perfis no Twitter.
Já a frente antibolsonarista criticando o TP saiu de 5 mil perfis para agregar 127.691 participantes, principalmente após o dia 15/1.😱🙌.
Efeitos práticos do movimento:
- Pazuello tendo de responder sobre o tp (e se enrolando).
- investigação de médicos charlatões.
- denúncia do app tratacov.
- anvisa negando o tp.
- vacina como solução.
E mais que deve vir por aí.
Precisamos de falar também sobre o Facebook, onde 1018 diferentes links impulsionando o "tratamento precoce" contra covid se espalhou em 1.949 grupos e páginas, entre os dias 01 a 11 de janeiro deste ano.
O grafo (pages-links) revela o viés bolsonarista dos grupos.
Há muito "aliança pelo Brasil" porque eles multiplicaram grupos locais do quase-partido do Bolsonaro, sincronizando disparos de links.
Livre, leve e solto com a complacência do Facebook.
Os usuários/páginas mais marcados em posts da falsa cura (tratamento precoce/preventivo) estão ilustrados no grafo de círculo abaixo. Na frente, Rubens Teixeira e suas informações imprecisas sobre vacina e apoiador do tratamento. facebook.com/EscritorRubens…
Termos de falar sobre Youtube e mentiras espalhadas milhões de vezes por lá. Extraí os 500 vídeos considerados de maior relevância sobre "tratamento precoce" contra covid-19.
É um desastre. Com exceção do canal "Olá, ciência", há uma ecologia da desinformação da cura milagrosa.
Os canais fazem lives, entrevistas e outros bichos para "demonstrar" evidências do milagre da profilaxia governista. No vídeo mais visto o médico ensina sobre dosagens, numa espécie de tutorial do milagre médico, com quase 1 milhão de views.
Fiz a rede de recomendações dos 500 vídeos. OU seja, se você assistir um deles, o Youtube vai lhe indicar outros, criando uma rede do milagre tosco.
Já na plataforma das marcas, o Instagram, os posts contendo o termo "tratamento precoce" revela a lógica coaching que cerca a seita, com médicos funcionando como "representantes comerciais" dos remédios prescritos pelo tratamento.
Grafo de menções de usuários em 2 mil posts (imagens e vídeos) contendo o termo "tratamento precoce".
Período: 01/8/20 - 11/01/21
Software: Gephi
Extração: @crowdtangle
Ainda que nem todos os posts tenham sido publicados por negacionistas, o léxico que se predomina nas publicações é deles. Exceção é o grupo de palavras amarelas, associadas a posts sobre prevenção de câncer de mama/tratamento precoce.
Luz e trevas.
Em amarelo, o esforço de perfis (5.633) como @marisbaraini, @oatila e @lftofoli na defesa da verdade. Em cinza (21.206), a insistência daqueles que, sem nenhuma evidência, desinformam sobre o tal "tratamento precoce" no Twitter.
Grafo de RTs (republicações de mensagens) no Twitter
Período analisado: 25/12/2020 a 11/01/2021
Métrica: Grau Ponderado de Entrada e Modularidade
Software: Gephi
Query: "tratamento precoce"
É normal que nossos "iluministas" sejam em menor número nessa rede, pois não se projetam na comunidade que o termo "tratamento precoce" aglutina.