Esta mulher foi perseguida por um stalker invisível. Ela recebia ameaças todos os dias, gatos mortos e fotos de cadáveres, além de aparecer machucada e desacordada nos cômodos de sua casa.
Cynthia Elizabeth James nasceu no ano de 1944 (não há informações sobre o dia ou mês), na cidade de Oliver, no Canadá. Aos 19 anos, ela se casou com Roy Makepeace, que era psiquiatra e 18 anos mais velho do que a esposa. Em 1966, Cindy se formou em enfermagem.
Anos após atuar como enfermeira, ela se tornou administradora de uma préescola para crianças com problemas comportamentais e emocionais. Ela e o
marido, com quem havia se mudado para Vancouver, não tiveram filhos e, em julho de 1982, o casal se divorciou.
Especula-se que Roy não aceitava a separação por amar Cindy “incondicionalmente”. Quatro meses depois do divórcio, não obstante, o tormento de James começou: ela passou a receber ligações perturbadoras, em que uma voz distorcida a amedrontava.
Além de ligações, também eram enviadas cartas ameaçadoras. Neste ponto, ela resolveu contatar a polícia, porém a situação apenas piorou e, durante os
próximos sete anos, ela foi vítima de mais de 100 ocorrências, envolvendo perseguição, danos patrimoniais e violência.
Entre os incidentes mais emblemáticos, pode-se citar: três gatos mortos pendurados em seu jardim; destruição das luzes da varanda; corte das linhas
telefônicas da casa; e notas de ameaça, que em vez de serem enviadas por correspondência, começaram a aparecer debaixo de sua porta.
Cindy chegou a reportar que até três pessoas rondaram sua casa durante algumas noites. Conforme os eventos continuavam, sua saúde física e mental
se degradavam: antes alguém vibrante, ela passou a ter um semblante de desgaste e relutava em contar mais detalhes sobre o caso.
Certa noite, em janeiro de 1983, Agnes Woodcock, amiga de Cindy, foi visitála. Ninguém a atendeu, mesmo após bater à porta diversas vezes. Agnes
inicialmente pensou que ela estava no banho, mas uma ronda ao redor da casa provou que esse não era o caso.
Woodcock encontrou Cindy na parte de trás do imóvel, agachada, como se tentasse se esconder, com uma meia de nylon amarrada em seu pescoço. Percebendo que era a amiga, James relembrou de como acabou ali: enquanto estava pegando uma caixa na garagem, alguém a agarrou por trás.
O sujeito apertou a meia em seu pescoço e quase a estrangulou; todavia, ele fugiu assim que Agnes chegou, momento no qual Cindy foi se esconder. A enfermeira conseguiu identificar apenas que o agressor usava tênis brancos. Após o evento, ela passou a receber pedidos de carne crua
A gota d’água foi quando, após voltar do trabalho, encontrou sua cadela tremendo, sentada nas próprias fezes e com a coleira apertada em seu pescoço. Aliado à descrença da polícia local, que nunca encontrou provas e desconfiava que Cindy estava “louca”, ela decidiu se mudar.
A mudança de endereço veio acompanhada da alteração de seu último nome, e uma nova pintura em seu carro. Ademais, Cindy contratou um investigador
particular, Ozzie Kaban, que instalou luzes no exterior da nova casa e a deu um rádio bidirecional equipado com um botão de pânico.
Numa noite, em 1984, Kaban escutou barulhos estranhos em seu rádio e se dirigiu à casa de Cindy. Lá, ele a encontrou deitada no corredor e com uma
faca atravessada em sua mão, onde estava anexada uma nota: “você tá morta vadia”. Ela ainda estava viva e foi levada ao hospital
Tratada, ela recordava de ter uma agulha introduzida em seu braço, mas não de ser esfaqueada. A polícia manteve o entendimento de que tudo não passava de uma simulação e permaneceu inerte, deixando de analisar o cenário e de coletar possíveis provas, como digitais.
Kaban concluiu que Cindy não poderia ter forjado o incidente por si só. Quando questionada sobre a situação que a acometia, ele notou que ela se evadia de perguntas e teve a impressão de que omitia alguns fatos — assim como pensava a polícia —, razão pela qual tentou colaborar.
Ela se submeteu ao teste do polígrafo, no qual o examinador determinou que foram omitidas informações, embora seus traumas mitigassem a precisão do exame. A mãe de Cindy considerava que as omissões eram motivadas por uma ameaça que teria sido feita à sua família.
Apesar de não realizarem todas suas diligências para elucidar o caso, agentes policiais passaram a patrulhar a casa de Cindy durante dias inteiros, períodos nos quais não ocorria fora do ordinário, o que parecia corroborar a tese de que a enfermeira simulava os eventos.
Aparentemente, não se considerou que os possíveis criminosos não atuariam em circunstâncias desfavoráveis. O próximo ataque ocorreu no fim de 1985, quando Cindy foi encontrada numa vala a 10km de sua casa, sofrendo de hipotermia e vestindo uma bota e luva masculinas.
Além disso, novamente havia uma meia de nylon apertada em seu pescoço. No hospital, foram identificados diversos ferimentos pelo seu corpo, incluindo um olho-roxo. Receosa de um novo ataque, após ser liberada, ela pediu que Agnes e seu marido, Tom, ficassem em sua casa.
Numa noite, o casal acordou meio a barulhos e percebeu que havia um incêndio no porão. A linha telefônica havia sido cortada, e eles saíram para
alertar os vizinhos, momento em que Tom viu um homem observando a cena. Antes que pudesse abordá-lo, o sujeito fugiu do local correndo.
O inquérito concluiu que o incêndio foi doloso e que só poderia ter sido causado por alguém na casa, pois na única janela em que seria possível iniciar o fogaréu, não foi encontrada nenhuma digital. Determinou-se que se tratava de uma simulação, e para corroborar essa tese
A polícia apontou que Cindy ainda passeava com sua cadela à noite. Pouco tempo depois, o doutor de James a internou numa clínica psiquiátrica, temendo que ela estivesse com tendências suicidas. Ela passou 10 semanas no local, onde foi atestado que a moça era perfeitamente normal.
Cindy retornou para casa e alegou para seus próximos que estava, de fato, omitindo informações por receio das ameaças que recebia, mas que perseguiria seu algoz pessoalmente. Finalmente, ela denunciou alguém à polícia: Roy Makepeace, seu ex-marido.
Interrogado, Roy não só negou a acusação, como também mostrou a gravação de uma ligação que recebera, na qual foi dito: “Cindy, carne morta em breve”. Ademais, alegou que ela sofria de distúrbio de múltiplas personalidades, informação refutada por exames recentes.
No dia 25 de maio de 1989, Cindy desapareceu após sair de casa. A polícia saiu a sua procura e, em princípio, encontraram apenas seu carro num estacionamento do bairro em que vivia. A porta do motorista estava manchada de sangue e havia compras e um presente no porta-malas.
Debaixo do carro, havia itens da carteira da moça. As buscas continuaram por mais duas semanas, até que, no jardim de uma casa abandonada, Cindy — ou melhor, seu cadáver — foi encontrada. De praxe, uma meia de nylon foi amarrada em seu pescoço e suas mãos foram atadas a seus pés.
Apesar de estar muito ferida, a autópsia revelou que ela teve uma overdose por uso de morfina e outros remédios — injetados. A polícia concluiu que foi um suicídio, no qual ela teria aplicado a injeção, ido até a casa a pé, amarrado a meia em seu pescoço e atado os pés às mãos.
Kaban afirmou que ela foi assassinada e deixada no jardim. Em geral, as circunstâncias da morte dividiram opiniões. O legista, por sua vez, adotou uma posição singular, apropriada às peculiaridades do caso, e determinou que Cindy morrera devido a um “evento desconhecido”.
Além de seu ex-marido e o homem assistindo ao incêndio, um terceiro suspeito era Pat McBride, um policial com quem ela teve um caso romântico pouco após iniciarem as apurações das ligações, mas que não foi propriamente investigado.
E você, leitor, o que acha que realmente pode ter acontecido com Cindy James?
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