O (Neo)Liberalismo é incompatível com a defesa da Educação Pública Gratuita. Por que?
1. O (Neo)Liberalismo é construído pensado a regulação da mercadoria, as relações econômicas em seu caráter de circulação. A Educação dessa forma, além de ser uma mercadoria, atua como um agente ideológico para naturalizar essa regulação.
2. Compreender a Educação como uma mercadoria/serviço é diferente de compreendê-la como um direito. A compreensão da Educação como um direito popular é uma construção advinda do próprio movimento histórico de trabalhadores/as, da população negra, dos movimentos de mulheres, etc.
3. Para que se sustente, o Neoliberalismo precisa impor sob a população as chamadas "Medidas de Austeridade", conjunto de normas, medidas, reformas que garantem primeiro a manutenção do lucro, segundo a estabilidade e controle das forças com interesses opostos a esse lucro.
Certamente uma das áreas mais atingidas por essas medidas é a Educação. Além de consumir uma fatia menor que 4% do orçamento público anual, os cortes a atingem primeiro. O Teto de Gastos, a Reforma Previdenciária e a Trabalhista, a Reforma do Ensino Médio são alguns exemplos.
4. Manter escolas e universidades sob a "rédea curta" é uma forma de garantir o sucateamento, o esvaziamento da defesa do que é público e, logo, garantir que as medidas tomadas anti-Educação Pública não tenham oposição popular. Essa é uma forma de controle.
5. Por fim, só reafirmando que assumir o caráter Liberal da suposta defesa da Educação, como fez a @tabataamaralsp, é assumir um lado, o das Grandes Corporações Privadas, o dos velhos e novos bilionários da Educação.
O Lobby na Política pelo Mercado é a única justificativa para se criar e votar leis que ameacem até mesmo a segurança e a vida das pessoas. (Neo)Liberalismo portanto assume a sua face mais perversa: a da Política de Morte.
Algo que já apontei em um texto onde trago o debate do Empreendedorismo na Educação como aliado da Necropolítica. revistaafirmativa.com.br/3349-2/
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Por que Paulo Freire é o Patrono da Educação Brasileira? Segue o fio🧶:
Hoje é o aniversário da Lei 12.612/12 que declara Paulo Freire Patrono da Educação Brasileira. O Projeto de Lei é de autoria da @luizaerundina . Mas afinal porque Freire é o nosso Patrono e deve continuar sendo?
Paulo Freire é um dos maiores intelectuais e educadores de nossa história. Além de pensar a Educação, Freire pensou o Brasil. Pautando inclusive possibilidades de construção de um Projeto Nacional de sociedade.
Acompanhando um debate de excelência aqui sobre Desenvolvimentismo, Indústria, etc., e todos os posts que leio só consigo pensar na minha cidade natal, interiorzão da Bahia, cidade de aprox. 60 mil habitantes e com a atividade econômica girando a partir do curtume do couro. 👇🏾
Pra se ter uma ideia tem toda uma região do espaço rural que vive dessa atividade econômica, e que vai desde o curtume artesanal até pequenas fábricas de carteiras, bolsas, etc. Só que isso ao longo das últimas décadas se desenvolveu a ponto de exportar para outros países. 👇🏾
Além de toda venda para cidades maiores, inclusive a Capital baiana que tem lojas nos shoppings centers. Só que o crescimento da Indústria do Couro não significou em nenhum impacto permanente para o conjunto de trabalhadores/as. Os empresários ganharam, lucraram. 👇🏾
Classe não é um fenômeno classificatório apenas. "Ah fulano tem privilégio de Classe". Classe é um bagulho que constrói todo o comportamento do sujeito também e a forma de lidar com o Outro. 👇🏾
Quando a gente for analisar a formação da Classe no Brasil não dá pra dissociar de Raça, de como a Colonização adentrou o modo de organização da vida, e que por isso a Abolição da Escravatura foi inofensiva, porque ela não aboliu esse modo de organização. 👇🏾
Após ela inclusive veio a sofisticação desse modus de organização. O aperfeiçoamento das tecnologias de escravização adentrou o processo legal de contratação de mão de obra. Exemplo: a Escravidão Contemporânea se alimenta diretamente da Escravidão Moderna. 👇🏾
Você sabia que a luta para que Bolsonaros não mais existam é uma luta essencialmente Anticapitalista?
Segue o 🧶:
Antes de tudo é preciso pensar que caras como o Bolsonaro não nascem durante um processo eleitoral, eles nascem a partir das contradições de uma sociedade desigual, de um Estado e de um Sistema que foi e é incapaz de lidar com as suas contradições históricas acumuladas.
Poderia retornar pra o início da Colonização, mas basta olhar a reivindicação do bolsonarismo pelo período ainda mais recente, a Ditadura Militar, para compreender que um período tão violento se fosse realmente superado não seria nem reivindicado e não deixaria feridas abertas.
Fico bem revoltado quando vejo setores da Esquerda brasileira responsabilizando qualquer organização e levante popular pelos avanços da política autoritária que inclusive resultou na eleição do atual Presidente da República. E existem diversos elementos que se relacionam a isso:
1. A Liberalização desses setores, que passaram a confiar unicamente nos processos politicos-eleitorais e de quebra a sua própria institucionalização. Enxergam a burocracia como o caminho, e preferem disputar no terreno do inimigo (da Burguesia);
2. O purismo com que enxergam os processos de levante de trabalhadores e estudantes. Não é possível a gente achar que são ou serão processos onde todo o acúmulo político organizativo do campo se apresentará e sem nenhuma contradição. Por isso que a disputa deve ser feita;
Pensar raça no Brasil requer muito, mas muito estudo e leitura de intelectuais que foram deixados à esquerda da própria esquerda. Por aqui diversas vezes quando se fala de raça usam o conceito de classe como substituto. (1/4)
Apesar de ser impossível a separação, se faz necessário para fins analíticos. O desenvolvimento da raça é muito mais metamorfósico e como no Brasil no pós-escravidão não se teve um processo de segregação aberto, isso alterou a leitura sobre raça. (2/4)
Tem ainda por cima os efeitos do Mito da Democracia Racial, que ainda influência até mesmo setores intelectuais de esquerda nas leituras da estrutura econômica e política daqui, que entende a lógica racista como "simples sintoma da depredação da classe", como aponta Mbembe. (3/4)