É com tristeza que trago esse artigo científico que achei no site da Sociedade Brasileira de Infectologia -SBI com o título "Mortes fetais em gestações com infecção por SARS-CoV-2 no Brasil: uma série de casos" #BiomedTwitter🧵1/n
O artigo foi publicado em 12 de Julho do ano passado, foi publicado na revista Case Reports in Women's Health Volume 27, este estudo investigou uma série de casos de gestantes que compareceram ao Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo 2/n
387 gestantes compareceram ao pronto-socorro do hospitais com sintomas clínicos parecidos com os de COVID-19. Todas realizaram coleta de swab nasofaríngeo para teste de RT-PCR. 89 mulheres deram resultados positivos, 53 das quais foram atendidas no ambulatório. 3/n
Outras 36 mulheres gestantes foram hospitalizadas devido um quadro grave causado pela COVID-19 ou devido a complicações obstétricas (incluindo pré-eclâmpsia, diabetes ou parto prematuro). Este estudo é uma discussão sobre 5 mulheres com 4/n
diagnóstico confirmado de COVID-19 que tiveram morte fetal. Na tabela 1 do artigo trás os dados sobre essas 5 gestantes. Para maiores detalhes, sugiro lerem o artigo que irei anexar no final dessa thread 5/n
4 das gestantes eram nulíparas (isto é nunca tinham tido filhos, primeira gestação), todas apresentavam sobrepeso ou obesas e nenhuma apresentava comorbidades ou complicações na gravidez que pudesse impactar diretamente para o óbito fetal. A morte fetal 6/n
ocorreu entre 21-38 semanas de gestação, no período de 1 a 22 de progressão da COVID-19. Foi também coletado líquido amniótico no qual foi detectado por RT-PCR a presença de SARS-Cov-2. Todas as 5 gestantes tinham corioamnionite aguda, ou seja, processo inflamatório nas 7/n
membranas fetais, no âmnio e córion podendo também se espalhar no liquido amniótico e placente (geralmente causado por alguma infecção bacteriana neste caso causado pela COVID-19). Foram feitos testes histológicos na placenta para identificar o processo inflamatório 8/n
Figura A e B, histologia da placenta do Caso 1, na "A" baixa resolução indicando corioamionite aguda com extensa deposição de fibrina perivilosa, na "B" alta resolução indicando vilosite mista e intervilite. 9/n
Sobre o caso da gestante 2, há 3 figuras no artigo, focarei nas figuras B e C com melhores resoluções. Na figura "B" (do caso 2) vilosite mista e intervilite, na figura "C" - pulmão fetal: neutrófilos dentro dos espaços alveolares no feto! 10/n
Ou seja, das 5 gestantes que evoluíram para caso grave de COVID-19, todas possuíam resposta inflamatória placentária causado pelo vírus uma delas o feto apresentava neutrófilos dentro do pulmão em desenvolvimento. Vou destacar aqui alguns pontos negativos do artigo a seguir 11/n
Na época em julho do ano passado ainda não se conversava sobre a possibilidade de surgimento de novas variantes do Coronavírus, então devido a isso, ficamos sem saber se esses 5 óbitos fetais foram causados pelo vírus "selvagem" o da primeira onda 12/n
ou se já foi causado por algumas das variantes no Brasil. Seja a P.1, P.2, N9, N10 ou mesmo a recém descoberta P4. Um artigo recente propôs que a variante P.1 surgiu em novembro do ano passado, porém ainda nos faltam dados de sequenciamentos para tentar identificar se havia 13/n
nesses casos de óbitos fetais a ação direta de alguma variante diferente. Entre virologistas está se levantando a hipótese de que a variante P.1 pode ser mais agressiva em mulheres grávidas, mas precisamos de mais dados pra estabelecer esta associação direta, de qualquer 14/n
forma é imprescindível realizar cada vez mais frequentemente no Brasil os sequenciamento dos vírus detectados nos pacientes, a título de estabelecer dados de epidemiologia genômica e acompanhar a evolução do vírus nos pacientes brasileiros 15/n
e como isso pode impactar em um possível surgimento de alguma variante mais transmissível ou mesmo mais agressiva no desenvolvimento dos sintomas. Pessoal, reafirmo aqui, COVID-19 MATA! E também pode causa morte fetal em gestantes! 16/n
Por favor, sigam os protocolos de segurança, usem máscara PFF2 bem ajustadas ao rosto, lavem sempre bem as mãos e lembrem-se de lavar entre os dedos e debaixo das unhas, mantenham o distanciamento de NO MÍNIMO 2 metros de distância de outras pessoas 17/n
E acima de tudo pessoal, VACINEM-SE! Só as medidas de segurança e a vacinação pode diminuir a transmissibilidade desse vírus. Deveríamos claramente estar em lockdown nacional, porém devido a problemas políticos não estamos, então tente ao máximo fazer sua parte!Fim da thread 18/n
Pessoal, acabou de sair um artigo importante sobre avaliação dos casos de trombose após a vacinação da vacina da AstraZeneca, vou retirar do próprio artigo alguns pontos chaves e comentar alguns deles #BiomedTwitter 1/n
Vários casos de eventos trombóticos incomuns e trombocitopenia desenvolveram-se após a vacinação com o vetor adenoviral recombinante que codifica o antígeno da proteína spike da síndrome respiratória aguda grave coronavírus 2 (SARS-CoV-2) (ChAdOx1 nCov-19, AstraZeneca). 2/n
Mais dados eram necessários sobre a patogênese desse distúrbio de coagulação incomum. MÉTODOS
Foi avaliado neste artígo as características clínicas e laboratoriais de 11 pacientes na Alemanha e na Áustria nos quais a trombose ou trombocitopenia se desenvolveu após a vacinação 3/n
Streptococcus mutans - anaeróbio facultativo do Grupo A, gram-positivo, pode contribuir para a cárie dentária e pode ser encontrado na boca humana. Importante achado de coleta de saliva e secreção em infecções na boca humana e #BiomedTwitter 1/6
e cáries recorrentes. Algumas dessas bactérias sofrem mutações que lhes conferem a patologia de Fasciíte Necrosante, que é quando as bactérias começam a digerir carne e tecido muscular humano, elas literalmente digerem tecido muscular, ou seja, uma mordida humana de pessoas 2/6
que possuem excesso dessa bactéria na boca pode causar uma disseminação de bactérias na ferida que pode causar uma perda de tecido a medida que as bactérias se replicam na mordida. O procedimento padrão além de antibióticos é uma cirurgia que retire o tecido contaminado para 3/6
Galerê, hoje, domingo, gostaria de mostrar pra vocês alguns dos efeitos fisiopatológicos da covid-19, termo que tá sendo utilizado em alguns artigos como Síndrome Pós-Aguda Covid-19, pia mermo, foco na thread e se puder melhor ler sentando🧵1/n
Já vou começar colocando o link dos dois artigos no qual baseei essa thread, o artigo da Nature Medicine, publicado dia 22 de Março um ótimo review chamado "Post-acute COVID-19 syndrome", (já revisado por pares) e o 2/n
segundo artigo um review com análise sistemática e meta-análise (este segundo ainda em fase de revisão por pares) com o nome em português: "Mais de 50 efeitos de longo prazo do COVID-19: uma revisão sistemática e meta-análise" segue o link dos artigos 3/n
Pessoal, saiu uma revisão muito bacana na JAMA Psychiatry sobre como a covid-19 afeta o cérebro, então pia mermo pessoal, cola com nóis que vou comentar alguns pontos desse paper #BiomedTwitter 1/n
Alguns pacientes com covid-19 apresentam anosmia (incapacidade de sentir odores), ageusia (perda do sentido do paladar), déficits cognitivos e de atenção (ou seja, névoa do cérebro), início de ansiedade, depressão, psicose, convulsões e até mesmo comportamento suicida. 2/
Estes se manifestam antes, durante e depois dos sintomas respiratórios e não estão relacionados à insuficiência respiratória, sugerindo lesão cerebral independente. Acompanhamento realizado na Alemanha e no Reino Unido encontrou 3/n
Pesquisadores da Escola de Medicina de Yale acabaram de publicar um artigo que investigou mecanismos que permite que o coronavírus infecte diretamente o sistema nervoso central em humanos em ratos, segue a🧵 que vem treta 1/n
Publicado no Journal of Experimental Medicine, com o nome “Neuroinvasion of SARS-CoV-2 in human and mouse brain” - o estudo demonstrou que o coronavírus consegue infectar neurônios e usar o maquinário das céluals para se replicar e causar morte em algumas células neuronais. 2/n
O vírus parece facilitar sua replicação ao aumentar o metabolismo das células infectadas, enquanto os neurônios vizinhos não infectados morrem à medida que seu suprimento de oxigênio é reduzido. O estudo também mostrou que a proteína ACE2 é de fato produzida pelos neurônios 3/n