O Cinema brasileiro, digo sempre, é um dos mais ricos do mundo - ok, talvez não financeiramente (ao contrário: vem enfrentando dificuldades cada vez maiores neste aspecto), mas de um ponto de vista artístico, de linguagem, poucas cinematografias são como a nossa.
Infelizmente, o vira-latismo característico de tantos brasileiros se manifesta de modo ainda mais intenso quando o assunto é Cinema: lembram-se de @PBiaL falando sobre como certo filme nacional "era tão bom que parecia americano"? Pois é, este é o nível do pensamento dessa gente.
Aliás, quando falei sobre isso aqui outro dia, uma pessoa veio dizendo que achava as produções brasileiras "muito pobres" - o que deixava claro apenas que ela não costumava ver nossos filmes. Ou talvez só as comédias rasteiras que a Globofilmes costuma lançar.
Sei que já falei isso algumas vezes, mas repito mesmo assim: nos festivais internacionais, sempre fico impressionado com a procura pelos filmes brasileiros e pelas reações apaixonadas que estes despertam. Já aqui... só preconceito e desinteresse.
E aí vem o motivo deste fio: um dos problemas que nosso Cinema enfrenta é o da distribuição. Muitos filmes não conseguem chegar ao grande público com facilidade, o que é lamentável.
POIS TRAGO BOAS NOVAS, CIDADÃOS!
De hoje a 30 de abril está rolando uma mostra online GRATUITA com 71 filmes produzidos entre 2011 e 2020: são 43 longas e 28 curtas que podem ser vistos em 10olhares.com e também no Belas Artes À La Carte @belasartesgrupo.
Para começar, quero indicar um filme fantástico que vi na @berlinale ano passado e que merece muito ser conhecido: MEU NOME É BAGDÁ.
Mais uma dica da mostra 10 Olhares: o documentário MARTÍRIO, de Vincent Carelli, que resgata o histórico de exploração e destruição dos povos indígenas no Brasil - com foco específico no povo Guarani Kaiowá. É um filme IMPRESCINDÍVEL.
Aliás, ainda mais imprescindível nos dias de hoje, considerando como o ignorante @rsallesmma ainda outro dia publicou tweet tentando humilhar uma cultura que o agronegócio destrói desde sempre. #ForaSalles
Uma indicação de curta da mostra 10 Olhares: TUDO QUE É APERTADO RASGA, de Fábio Rodrigues Filho. Este documentário é um registro da e homenagem à participação de atrizes e atores negros no Cinema brasileiro, mas também um desagravo. belasartesalacarte.com.br/olhar-heitor-a…
Este desagravo diz respeito à maneira como o racismo estrutural histórico do Brasil limitou as carreiras de intérpretes brilhantes, mantendo-os presos a papeis subalternos tanto na ficção quanto na realidade. Figuras como Grande Otelo, Ruth de Souza, Zezé Motta, Léa Garcia...
... Antônio Pompêo, Antônio Pitanga e tantos outros que devem figurar em qualquer lista de maiores intérpretes do nosso Cinema, mas que tiveram que lutar MUITO para conquistar cada centímetro de espaço. (E que lhes era tomado a cada "distração".)
Acabei não escrevendo sobre o filme, mas falei sobre ele aqui:
Mais uma dica da mostra 10 Olhares que está sendo exibida gratuitamente até o dia 30: o doc RETRATOS DE IDENTIFICAÇÃO, que já indiquei aqui há uns dois anos e que resgata a brutalidade da ditadura e seus efeitos duradouros sobre suas vítimas. Vejam!
Falei isso por DM ao @FelipeNeto e faço questão de dizer publicamente depois desta sua nova autocrítica: poucas vezes na vida tive a oportunidade de ver alguém amadurecer politicamente neste ritmo e nesta extensão.
Em 2012, publiquei um vídeo crítico a ele por uma fala muito errada que fez sobre Dilma - e que ele jamais repetiria hoje. É necessário ter humildade, inteligência e muita, muita empatia para se abrir do modo como @FelipeNeto se abriu - estejamos vivendo tempos absurdos ou não.
Eu sei que a tendência da esquerda brasileira, depois de tanta paulada, depois de confiar em tantos aliados que nos traíram, é sempre de manter os dois pés atrás, de dizer "hum-hum, bom pra você, mas devia ter pensado isso antes" quando alguém que nos atacou faz mea culpa.
E vou dizer uma coisa que deveria ser óbvia: tô vendo várias pessoas que eu sigo surpresas porque parece que o @joaoluizpedrosa está liderando as enquetes pra sair. Sabem quem está votando nele? A torcida que acha que ele é ameaça ao prêmio e veio com "Bbb não é caridade".
E eu que não vou mais passar raiva por causa de torcida tóxica. Enquanto vi o programa, torci por Juliette. E parei de ver (no domingo) também por causa deste fandom repugnante que se formou.
Vida é curta demais pra aguentar amolação por causa de programa de tv.
Vi há pouco "A Garota" (Eltávozott nap), longa de estreia de Márta Mészáros - e que, lançado em 1968, foi o primeiro longa húngaro dirigido por uma mulher.
E cuja abordagem deixa muito claro por que é tão precioso que a Arte nos ofereça pontos de vista diversificados.
O filme é ao mesmo tempo um estudo de personagem e de uma sociedade que se encontra em transformação (e que ao mesmo tempo se mantém estática em sua estrutura patriarcal). É um filme claramente datado nos estilos, nas roupas e na música que retrata, mas atual em seus temas.
Vivida pela cantora Kati Kovács, que diz tudo que precisa com o olhar, a protagonista é uma jovem que, depois de crescer um orfanato na capital, é moderna e independente - num contraste brutal com a mãe que (re)descobre e vive no interior subjugada pelo marido e pela "tradição".
Eu vivo falando sobre como o Cinema brasileiro é um dos melhores do mundo - e vivo ouvindo como é difícil encontrar filmes nacionais para assistir. Infelizmente, há de fato certa dificuldade em achar boa parte da nossa cinematografia online, o que é lamentável.
MAS BOAS NOVAS!+
De 22 a 30 de abril vai rolar uma mostra online (gratuita!) com uma seleção bem bacana de nossa produção mais recente -mais especificamente, dos anos 2011 a 2020, quando as políticas públicas de incentivo à produção cultural (hoje atacadas) puderam fazer uma diferença importante.
A mostra Cinema Brasileiro: Anos 2010, 10 Olhares trará 71 filmes, sendo 43 longas e 28 curtas, que poderão ser vistos em 10olhares.com ou diretamente no Belas Artes À La Carte (belasartesalacarte.com.br).
Eu parei com #Bbb21 (os fandoms - especialmente o da Juliette, para a qual eu estava torcendo, por sinal - estragaram a brincadeira pra mim). Mas vou ajudar a divulgar isso aqui, pois abomino jogo sujo e gosto MUITO da postura do perfil do @joaoluizpedrosa sobre o extra-jogo.
Os adms do @joaoluizpedrosa conduzem o perfil dele como eu acho que ele conduziria; falando sobre assuntos relevantes além do jogo, mas sem soar como se fosse apenas marketing e estivessem interessados só em fazer pose para foto. Não ficarei nada chateado se ele vencer.
Dito isso, se você está me acompanhando só por causa de #Bbb21, já me despeço, pois este provavelmente será meu último tweet sobre o assunto e você logo dará unfollow. Já tenho amolação demais na vida pra que algo que achei que seria divertido se torne chateação graças a fandoms.
A Alesp vota hoje um projeto para proibir propagandas que tragam pessoas e famílias LGBTQ+. Você leu isso certo. Em 2021, é isso que a evangélica e filha de pastor @dep_martacosta (Instagram.com/depmartacosta) quer fazer. Uma pandemia rolando e ela obcecada com sua homo/transfobia.
A deputada e a bancada evangélica - esse praga tão destrutiva quanto um câncer - alegam que essas propagandas trazem “danos às crianças”.
O que traz “dano às crianças” é o ódio que esses desgraçados espalham em seus cultos, não gestos de amor entre pessoas LGBTQ+.
Eu comecei a escrever sobre o perigo representado pelos evangélicos na política há mais de 20 anos. Cansaram de me chamar (e aqueles que faziam alertas similares) de “intolerante”. Taí o resultado da inação É mais um exemplo do “paradoxo da tolerância" de Popper.