Orlando Zaccone, no seu livro Indignos de Vida. A Forma Jurídica da Política de Extermínio de Inimigos na Cidade do Rio de Janeiro, lembra que a polícia não puxa o gatilho e mata sozinha. A reflexão de Zaccone não é para tirar a responsabilidade da polícia, mas

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lembra e analisar o complexo de morte que permite a política de extermínio. Por partes, primeiro: a mídia solta essa chamada. Temos pesquisa mostrando que muitos brasileiros não vão além da chamada da matéria. Segundo, em seguida a chamada, diz que

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"Ação mais letal da história do RJ, com 25 mortos, foi realizada para coibir tráfico". Já mobiliza a ideologia da guerra às drogas para legitimar as mortes e o extermínio do inimigo interno. As vítimas não são humanizadas. Nada sobre quem é quem.

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Não é falado dos sonhos, história de vida, amizades, namoros, filhos, casamentos, empregos, nada. Só declarações genéricas da família para enquadrar na ideologia de "família protegendo bandido". Tragédia sem rostos, nomes e histórias - e sem isso não tem empatia e comoção

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Cita as declarações de entidades de direitos humanos e órgãos como a defensoria pública, mas zero aprofundamento, reflexão, condenação moral, reflexão ética ou sobre democracia e Estado de direito. É a falsa ideia de "neutralidade" e ouvindo os "dois lados"

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Tudo é passa como se fosse algo técnico, frio. Em paralelo, nada é pensado em longa duração histórica e tudo é feito de um jeito para daqui a 8 ou 10 dias, ninguém mais lembrar do tema fora do Jacarezinho. Ninguém pede a demissão do delegado ou questiona a instituição em si

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Policia existe em todos os países. Em Cuba, a chamada ditadura satânica, tem polícia. E é IMPENSÁVEL a polícia de Cuba fazer isso. E é impensável pela instituição em si e pela relação da sociedade com a instituição. O mesmo policial que mata na favela, mas mata em todo lugar

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Ele sabe que não pode fazer isso em bairro nobre. Ele sabe que não pode dar tapa na cara de gente rica. Ele sabe que não pode chacinar em "bairro nobre". Um complexo político, ideológico, jurídico e econômico de extermínio autoriza a matar e continuar matando

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Esse complexo mecanismo institucional tem nome e sobrenome: chama capitalismo e Estado burguês na forma de um país dependente, como o nosso. E a máquina continua funcionando até ser desmontada.

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6 May
No Brasil, a TV ainda é o veículo de comunicação com maior alcance. Em todos os canais, no horário do almoço e final da tarde (alguns pela manhã também), temos programas policiais glorificando a violência, criminalizando direitos humanos e defendendo execução em favelas

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Não sou um estudioso da comunicação, mas tenho sérias dúvidas se em outro país do mundo, a população é submetida a tal grau de propaganda e glorificação da violência estatal. Propaganda diária, ininterrupta e sem contraponto

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A linguagem, em si, já é justificadora da violência. Não é "morte de pessoas" ou "assassinatos", mas "morte de suspeitos", "troca de tiros", "tiroteio em favelas". A suposta lógica do Estado de direito burguês, a presunção da inocência, não existe

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4 May
O novo e o velho

4 ou 5 anos atrás, circulou pelo mundo um vídeo de Pablo Iglesias, líder e fundador do Podemos, falamos que temos que abandonar os velhos símbolo do socialismo, comunismo, o vermelho, a foice e o martelo. Era o momento de ganhar

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Pablo disse que estava cansado de perder e de saudosismo do passado. O Podemos provocou enquanto em várias partes do mundo. Entre 2015 e 2018, no Brasil, muitas organizações e militantes falavam da experiência e queriam aprender ou imitá-la

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O VAMOS de 2018, liderado por Guilherme Boulos, tinha clara e explicita influência do Podemos. O tempo passou. O Podemos, lamentavelmente, foi perdendo sua radicalidade e seu encanto. A experiência entrou numa encruzilhada histórica e parece cair no abismo

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25 Apr
Esse é um trecho de um documento da CIA do final de 1953 ou começo de 1954. É uma análise da CIA sobre a transição de poder na URSS após a morte de Joseph Stálin. Como se pode ver no documento, a CIA não acreditava na "teoria" do totalitarismo que eles propagavam.

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A CIA - a CIA, não é Jones ou Domenico Losurdo - também analisava que o poder de Stálin não era absoluto e sim uma direção coletiva e ainda diz que a ideia de "ditador" é um pouco exagerada.

A CIA, na sua análise, está correta? Prefiro não opinar. Fica ao juízo de vocês

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Vários documentos da CIA dos anos de 1950, 1960 e 1970 sobre a URSS já estão disponíveis para consulta pública na internet. Alguém deveria escrever um livro "A URSS pelos documentos da CIA" (se ainda não foi feito). O resultado do livro, garanto, seria surpreendente.

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12 Apr
A relação ser humano e natureza, mediada pelo trabalho e meios de produção, é uma relação eterna, insuperável. Essa relação muda de acordo com o modo de produção e tem impactos diferenciados: a relação ser humano/natureza não é a mesma no feudalismo e capitalismo, por exemplo

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muda a forma histórica de relação, mas não a necessidade da relação. Logo, é um truísmo dizer que toda atividade industrial tem impacto ambiental. Toda atividade humana tem. Pesca, caça, cortar madeira para fazer fogo e construir aldeias também tem impacto na natureza

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o grande problema do capitalismo é que ele submete tudo, inclusive a natureza, a uma racionalidade pautada única e exclusivamente pelo lucro. Não importa imperativos de preservação ambiental ou conservação de biomas e espécies. Importa o lucro e só.

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7 Apr
FURA-FILA DA VACINA É ALGO PRÉ-REVOLUÇÃO FRANCESA - via Gilberto Maringoni

No tempo do Império, tínhamos por aqui o voto censitário. Votavam homens - homens brancos! - acima de determinada faixa de renda.

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Um século e meio depois, a escória empresarial e o centrão, com a concordância de Bolsonaro, decidem aprovar a privatização da vacina, o que equivale a dizer que teremos a imunização censitária. No meio da pandemia, a vida no Brasil também se torna censitária.

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Só terá direito a vida quem tiver dinheiro. Não involuimos ao século XIX, vamos mais para trás. A medida vai contra a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada em 1789 pela Assembleia Nacional, no bojo da Revolução Francesa.

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7 Apr
A deputada Marília Arraes do PT-PE, soltou vídeo na sua página defendendo a PL 948, isto é, a vacinação privada, a lei fura fila. O "argumento" de Marília é que as empresas estão fechando, precisam vacinar seus funcionários. O argumento é falho em todas as dimensões

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Primeiro, do ponto de vista político, a PL 948 vai ser uma tragédia. Lembra que a burguesia, em especial na Carta dos 500, começou a cobrar vacinação? Liberar a vacinação privada significa acabar com qualquer pressão da burguesia para o governo Bolsonaro garantir vacina

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Aliado a isso, também enfraquece o SUS, fragmenta a vacinação, fragiliza as possibilidades de planejamento sanitário e de saúde. Pelo que vi no PL (me corrijam se estiver errado), as empresas ainda podem definir quais funcionários e a % de vacinados livremente

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