Nem porquinho nem veio da Índia! Conhecido no Brasil como “porquinho da Índia”, e como “cuy” em países andinos, na verdade esse bichinho é um roedor originário da América do sul!
Tudo indica que o "cuy" foi domesticado há mais de 6.000 anos nos Andes, pelos povos originários.
O nome "porquinho da Índia" tem uma possível explicação: No final do séc XV, navegantes europeus procuravam novas rotas marítimas para chegar ao mercado de especiarias da Índia.
Ao desembarcarem na América do Sul, pensaram estar na Índia. E assim, o nome dos roedores se originou
A primeira evidência do uso humano desses roedores data de cerca de 9000 anos atrás por comunidades andinas e serviam de alimento, mas foram domesticados já em 5.000 AEC, nos andes equatorianos-colombianos, devido à diversos achados arqueológicos na área em contextos culturais.
Por volta de 2500 AEC, em sítios como Kotosh e Chavín de Huantar, ossadas de cuyes foram associados a contextos rituais.
Efígies foram feitas, particularmente, pela cultura Moche por volta de 500-1000 EC, e restos mumificados foram recuperados em sítios da civilização Nazca.
Uma recente e rara descoberta em Tambo Viejo, no Peru, revelou 100 porquinhos-da-índia sacrificados ritualmente no império Inca no séc 16, e que foram decorados com brincos e colares feitos de barbante colorido, alguns também estavam embrulhados em pequenas cobertas de algodão.
De 1200 até a colonização espanhola em 1532, a reprodução seletiva resultou em muitas variedades domésticas, que formam a base para as raças modernas.
Comerciantes europeus os levaram para o continente, onde rapidamente se tornaram populares como animais de estimação exóticos.
Ao chegarem à Espanha, os porquinhos-da-índia tornaram-se moda, vindo a espalhar-se por toda a Europa como animais de estimação.
Na Europa, esses pequenos roedores passaram a ter fama entre a classe nobre, chegando, inclusive, a ser adotado pela Rainha Elisabete I da Inglaterra
Eles também desempenham até hoje um papel em rituais de cura e divinação por curanderos andinos, que usam os animais para diagnosticar enfermidades.
Os cuyes são esfregados contra o corpo dos pacientes e, por vezes, suas entranhas eram também examinadas para determinar a cura.
Uma curiosidade: Na cidade peruana de Huacho, existe um concurso anual de cuys, onde os criadores desfilam seus animaizinhos enfeitados para disputar quem é o mais rápido, o maior, o mais bonito.
Existe até uma versão peruana do quadro "Ultima Ceia" do Leonardo da Vinci, feita por Marcos Zapata, em que é possível ver um cuy no centro da mesa!
Sequencia feita com a ajuda do @arqueoespirito. Perfil de divulgação de arqueologia, antropologia e etnobotânica em geral, com foco nas Américas Pré-Colombianas. Cuydate!
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Cruz andina, a Chakana, se constitui no elemento principal do ordenamento territorial, social, econômico e político das sociedades andinas de Abya Yala.
No dia 3 de maio a constelação do Cruzeiro do Sul assume a forma de uma cruz.
O nome ancestral da Constelação do Sul era Jach’a Qhana (Grande Luz). É uma ponte entre a sociedade, a natureza e os seres sobrenaturais, que permite ao homem andino interagir com o cosmos.
O mês de maio representa o início de um novo ciclo que é marcado pela constelação Cruz del Sur, que está em seu ponto mais alto e vertical em nosso céu.
Esta posição anuncia a época da colheita e o início de um novo ciclo de vida.
Com saias típicas, chapéu de coco e tranças, um grupo de senhoras escalam montanhas e usam aguayos em vez de mochilas nos ombros
Desde 2015, o grupo de indígenas aymaras estão superando muito mais do que grandes alturas. Elas são as "Cholitas escaladoras"
Um grupo de mulheres bolivianas de origem aymara, cansadas da profunda desigualdade e violência de gênero em seu país, além da forte rejeição e discriminação por serem indígenas, decidiram romper estereótipos e conquistar os picos mais altos do mundo.
Algumas das protagonistas desta história já vinham trabalhando com os seus maridos há algum tempo como cozinheiras ou guias para turistas de montanha.
No entanto, nunca tinham escalado montanhas, porque tinham sido levadas a acreditar que "não era para elas".
Praticamente do tamanho de um gato doméstico, El Titi ou Gato Andino é um felino selvagem que vive na cordilheira dos Andes 🐈
Considerado o felino mais ameaçado da América, El Titi é uma das espécies menos conhecidas do mundo.
Seja em aymara, conhecido como “Titi”, ou em quechua como “Chinchay”, embora não seja muito popular no continente, o gatinho andino tem vários nomes e lagos como o Titicaca ou o Lago Chinchaycocha fazem referência ao seu nome, em aymara (titi) e quechua (chinchay).
O felino está presente em tecidos, esculturas, e pinturas do período incaico e muito antes dele, o que mostra sua importância na cosmovisão do mundo andino.
Além disso, o geoglifo encontrado recentemente de um enorme gatinho, provavelmente foi feito em sua homenagem.
Fotógrafo descendente quechua, peruano, Martin Chambi Jiménez foi um dos primeiros grandes fotógrafos de origem indígena da América Latina.
Sua obra foi declarada Patrimonio Cultural da Nação, e é um dos nomes mais importantes para a fotografia. 🇵🇪 🧵
Chambi nasceu em 1891, às margens do Lago Titicaca, entre o Peru e a Bolívia.
Se dedicou a registrar a população originária do país, principalmente os quechua e aymaras. Por sua origem indígena, teve uma abordagem mais humana, diferente da forma exótica comum à época.
Registrou a humildade da vida andina sem desrespeitá-la, tornando seu trabalho reconhecido mundialmente, dando luz ao até então desconhecido Andes.
O Salar de Uyuni é conhecido como o maior deserto de sal do mundo. Uma riqueza da Bolívia que está a 3.600m de altitude, e é palco de muitos ensaios fotográficos 🇧🇴
📷 Scarlett Hooft Graafland
Algo curioso é que o local já foi coberto de água. Acredita-se que, há milhares de anos, a própria formação da cadeia de montanhas separou a área do Oceano Pacífico, criando vários lagos que mais tarde secariam, dando origem ao que hoje conhecemos como o Salar de Uyuni.
o Salar de Uyuni é um desses lugares que não se vê em outras partes do mundo e sua paisagem varia muito de acordo com a estação de ano.