Incrível como o @UOL confunde jornalismo com patrulha e cancelamento. Se uma pessoa discorda de visões de ativistas ou não mostra suficiente concordância, então é criminosa ("racista", "transfóbica"). Nesta semana, a vítima foi o jogador @Giba7, mas há muitos outros exemplos.+
No ano passado, JK Rowlling discordou do termo "pessoas que menstruam" para se falar de "mulheres". Afirmou que respeita os trans, mas considera que o sexo é uma verdade biológica, não uma construção social. O UOL a chamou de transfóbica. +
Uma participante do Big Brother usou o termo "inveja branca", que remete a uma inveja velada, sob um véu. Não há consenso de que a origem desse termo é racista - e, se for, a língua é dinâmica, as palavras perdem e ganham significados. Mas, para o UOL, a fala foi racista.+
Esse comportamento é péssimo para a qualidade do debate. Somem as nuances, as ponderações: o debate aberto, fundamental para descobrirmos causas e soluções de problemas sociais, se torna uma repetição amedrontada de clichês.
Precisamos de menos perseguição, mais jornalismo.
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Num texto de 2014, os sociólogos Bradley Campbell e Jason Maning afirmaram que uma nova cultura surgia nas universidades americanas. Eles a chamaram de “cultura de vitimização” e descreveram três características principais: (1/6)
1.“Indivíduos e grupos têm alta sensibilidade a pequenas ofensas.” 2.“Tendem a resolver conflitos reclamando para uma terceira parte”. 3.“Procuram cultivar a imagem de vítimas que merecem assistência.” Parece que descreveram o João do BBB, não? (2/6)
A confusão entre João e Rodolfo é na verdade o choque entre a cultura da dignidade e a da vitimização. A cultura de dignidade é a dos nossos pais e avós, e de gente menos urbana e conectada. Nela, a dignidade de uma pessoa não depende do que outros pensam. (3/6)
Quatro ilusões de boa parte do movimento negro. 1. Acreditar que a sociedade muda de cima pra baixo. "Burocratas aprovaram uma convenção, agora o racismo vai diminuir." Mas ideias e comportamentos mudam quase sempre de forma descentralizada, de baixo para cima.+
2. Crer que só depois do fim do racismo os negros vão enriquecer. Isso levaria séculos; felizmente não é preciso esperar tanto. Judeus, imigrantes japoneses, irlandeses e muitos outros prosperaram apesar da discriminação; o mesmo acontece agora com imigrantes negros nos EUA. +
3. Crer que a ascensão social depende de poder político. Como dizia Walter Williams, nunca houve presidente americano judeu ou japonês, mas esses grupos estão bem acima da renda média americana. O mesmo vale para os indianos sikhs na Inglaterra. +
Em 1722, médicos ingleses denunciaram uma prática repugnante. Tentando prevenir a varíola, pessoas estavam esfregando o pus (retirado de bolhas de portadores de varíola leve) em sangramentos de gente saudável. Parecia curandeirismo de ignorantes, mas era a origem das vacinas. +
A maior defensora do que hoje chamamos ‘inoculação’ foi Mary Wortley. Mulher do embaixador no Império Otomano, ela aprendeu a técnica com mães turcas. Fez igual nos próprios filhos e tentou infectá-los. Percebeu que suas cobaias ficaram imunes à doença mais mortal da história. +
Cientistas e médicos ridicularizaram a ideia. A prática sem comprovação científica era coisa de "mulheres ignorantes e analfabetos", disse William Wagstaffe, professor e membro da Academia Real de Medicina. Parecia só mais um tratamento exótico e imprestável bem comum na época.+
Ao visitar o Brasil, entre 1817 e 1822, o botânico austríaco Johann Emanuel Pohl relatou um fato surpreendente na cidade de Goiás. Segundo ele, muitas mulheres brancas eram mais pobres que as negras e tinham vergonha disso.(+)
“Para estes [brancos] é rezada uma missa às 5h da manhã. Nela aparecem as brancas empobrecidas, envoltas num manto de má qualidade, para não se exporem aos olhares desdenhosos das negras que aparecem mais tarde e entram altivamente ornadas de correntes de ouro e rendas", disse.
Pouca gente levou a sério o que ele disse – acharam que o gringo entendeu errado o que lhe relataram. Mas análises recentes de testamentos e cartas de alforrias revelaram centenas, milhares de ex-escravas mais ricas que a média da população da Bahia, MG e RJ.
De todos os desvarios da imprensa ligada à esquerda identitária, o mais alucinado é o deslumbre com a intervenção hormonal e cirúrgica em jovens com disforia de gênero. É absurdo simétrico à defesa da "cura gay", com danos ainda mais graves e duradouros aos jovens. 1/6
Do menos de 0,5% dos jovens que sofrem disforia de gênero, a imensa maioria resolve a questão até o fim da adolescência, frequentemente adotando a homossexualidade. Mas ativistas e médicos vendem aos pais a ilusão de que a disforia só se resolverá com hormônios e bisturis. 2/6
Em boa parte dos casos, é como sugerir uma cirurgia de emagrecimento para uma garota anoréxica que acredita estar obesa. Pior: dizem aos pais que contrariar o filho é “transfobia” e pode aumentar as chances de suicídio. Os pais ficam aterrorizados e perdidos. 3/6
Três tipos de culturas morais. 1. CULTURA DE HONRA. As pessoas são obcecadas com a própria honra e reagem violentamente a qualquer ato que possa manchar sua reputação. É a cultura dos duelos, dos assassinatos por vingança.
2. CULTURA DE DIGNIDADE: cultiva o auto-controle, a capacidade de ignorar pequenas ofensas. Cada um é responsável pelos seus sentimentos e deve lidar com eles, por isso há certa liberdade para falar coisas possam ofender os outros. Conflitos são resolvidos em breves discussões.
3. CULTURA DE VITIMIZAÇÃO. Hipersensibilidade a insultos e "microagressões", glorificação de vítimas. Cada um é responsável pelo sentimento dos outros. Se alguém se sentir ofendido por você, a culpa será sua mesmo se você não teve a intenção. Todos temem ser mal interpretados.