Vamos lá, de novo, dessa bem explicadinho pra não ter dúvidas:
1. Davina e Diógenes (tia e "tio" de Evandro) dizem em depoimentos q Osvaldo Marcineiro e "Chêro" (Davi) teriam feito uma busca na madrugada com eles e apontado o local onde o corpo foi encontrado depois (+)
2. Eles diziam que essa busca teria ocorrido na madrugada entre o dia 7 e 8 de Abril de 1992 (madrugada de terça pra quarta).
Evandro desapareceu na segunda-feira, 6 de Abril. (+)
3. Diógenes diz isso com base no relato da Davina. A Davina estava no carro com seu marido (Paulo) e dizia que estava com Osvaldo e Davi fazendo a busca na madrugada
Só que tem alguns problemas aí:
4. Não era Osvaldo que estava no carro. Era o Vicente de Paula. A Davina e o Diógenes depois dizem que sempre confundiam os dois.
Contudo, isso foi o suficiente pro Grupo ÁGUIA da PM prender e torturar o Osvaldo pra "fazer ele falar por bem ou por mal". (+)
5. Além disso, a convicção do Diógenes contra o Osvaldo se formou porque ele teria ouvido falar que:
• o Osvaldo teria feito uma profecia em praça pública de que uma grande tragédia aconteceria em Guaratuba;
(+)
• que depois que encontraram o corpo "no local em q ele apontou", Osvaldo teria passado a cobrar mais caro na consulta de búzios.
Só que, de novo, o Osvaldo nem estava no carro. Essa história não faz sentido.
6. Daí tem toda a maluquice em torno do número sete. Que seriam 7 pessoas, no dia 7, às 7 horas etc.
(isso confronta com o suposto relato do guardião, q dizia q viu eles às 22h na serraria. esse mesmo relato depois ele disse q foi coagido para dar contra os acusados)
(+)
Na cabeça do Diógenes, o ritual ocorreu no dia 7. E daí oq teria acontecido: Osvaldo e Davi teriam levado Davina e seu marido pro mato. Queriam que o corpo fosse encontrado pra "provar que seus poderes mediúnicos eram verdadeiros". Essa é a tese do Diógenes. (+)
Só que a busca na madrugada não foi na noite do dia 7. Foi na noite do dia 6, dia que Evandro desapareceu. Tem muita testemunha que confirma isso.
(+)
7. Além de tudo isso, Guaratuba é uma cidade pequena e eles andaram pela cidade toda naquela madrugada. Foram pra casa só de manhã. Ou seja, eles passaram por toda a cidade. Se o corpo tivesse aparecido em outro lugar da cidade, eles tb teriam passado por lá. (+)
8. Então, em resumo:
• não era o Osvaldo no carro
• não foi no dia 7
• eles rodaram pela cidade inteira, inclusive pelo matagal onde o corpo veio a ser encontrado no dia 11. E pela análise do local, o corpo estava lá há pouco tempo, não 4 dias.
O corpo foi encontrado no dia 11 de Abril de 92 (sábado).
No dia 12 (domingo) foi feita a necropsia em Curitiba. Foi nesse dia q foi coletado o material do corpo e colocado no cofre. O exame de DNA foi feito nesse material q estava guardado no cofre. (+)
Logo, ñ tinha como ter advogado e promotor presente no momento da coleta, pois ñ havia ninguém sendo acusado ainda.
Poderia ter advogado e promotor presente na hora da coleta pra transporte em Agosto. Daí q entra o lance de q ñ tinha protocolo pra isso. DNA ainda era novidade.
Oq vcs têm q entender é q se vc conversa com pessoas q viveram o caso td mundo tem uma história. Eu sempre brincava com os ouvintes: "quem reclama q o podcast é longo não imagina oq eu deixo de fora"
Tinha mta coisa sem nexo, puro boato. (2/10)
Por isso, pra história não ficar interminável, eu tinha q ter critérios. E o meu critério foi: entra no podcast oq está nos autos.
Nos autos do processo não há nada aprofundado sobre isso. Não tem relatório de investigação do Luis Carlos de Oliveira, por exemplo. (3/10)
Acho bizarro qdo falam isso.
Ninguém tem q provar inocência. Ônus da prova é de quem acusa.
Para além disso, os homens tavam em JULHO tentando lembrar de algo q fizeram num dia específico de ABRIL. Isso em 1992.
Indo + além, uma porrada de testemunha confirma os álibis das Abagge
Mas daí vem aquela, né?
"Ah fulano era próximo da família, não é confiável"
Caralho, Guaratuba tinha 20 mil habitantes. Todo mundo era próximo de alguém, ainda mais dos Abagge.
Daí montam essa maluquice q a cidade inteira tava protegendo assassino de criança.
Não viajem.
"Ah mas o padre não quis falar".
O padre disse em entrevista que não falou pq não lembrava.
Agora, vamos imaginar que ele falasse que estava com elas naquela noite. Sabe oq iam dizer? "Ah, mas ele ia direto pra casa da família Abagge, não é confiável".
Consegui o PDF.
O autor (ou autores) nem assinou. Isso é coisa de covarde, então eu já caguei aí.
Passam pano pra tortura dizendo q "torturado não é inocente", mas ignoram a análise de discurso q fiz das fitas.
Regurgitam trechos do processo sem contexto. Enfim, é uma piada.
• A busca não aconteceu na madrugada entre dia 7 e 8 de Abril, mas sim entre 6 e 7 de Abril (tem muita testemunha q confirma isso);
• Eles passaram por Guaratuba toda. Guaratuba é uma cidade pequena e eles rodaram a madrugada toda;
(+)
• Nada nesse relato é confiável. Ainda assim, foi a partir dele que o grupo ÁGUIA prendeu o Osvaldo por primeiro e decidiu q ia "fazer ele falar por bem ou por mal". Deu no q deu.
Isso aqui é uma coisa legal de falar. Muita gente tem pedido pra liberar a entrevista inteira com a Beatriz e Celina Abagge. Então, vamos a alguns pontos (1/14):
Eu devo ter umas 5 horas de material bruto de entrevistas com a Beatriz e Celina. A maior parte das conversas era muito mais pesquisa exploratória e foram gravadas entre 2016 e 2018. Isso fora uma cacetada de mensagens e ligações telefônicas (q nem foram gravadas).
2/14
Um ponto a se ter em mente é o seguinte: eu parto do princípio que a memória das pessoas (seja delas ou de qualquer pessoa) com o passar dos tempos piora. Sem querer, a gente esquece detalhes, reinventa outros, é complicado.