Várias dúvidas ainda surgem em relação ao risco de trombose após a aplicação de vacinas contra a COVID-19 e muitos pacientes têm sido impedidos de serem vacinados.
Vai uma atualização 🧶
Há relatos raríssimos de tromboses venosas incomuns, como dentro do cérebro (veia sagital), do abdome (veias esplênica e porta), e até embolia pulmonar, em especial após a vacina da Astra Zeneca (ChAdOx1 nCoV-19), mas há casos relatados após vacina da Janssen.
O evento é conhecido como trombocitopenia trombótica induzida por vacina (TTIV), uma reação em que organismo produz anticorpos contra as plaquetas (parte do sangue que atua na coagulação).
O mecanismo ainda não é claro, mas as plaquetas se aglutinam e formam trombos. Algo semelhante acontece com a heparina (um anticoagulante bem conhecido), quando chamamos de trombocitopenia induzida por heparina (TIH).
A TTIV pode ocorrer de 4 a 20 dias após a vacina (mais comum entre 6 e 14 dias). É mais comum em mulheres e em menores de 55 anos.
Quando suspeitar? Dor de cabeça, tontura, visão embaçada, manchas no corpo, dor abdominal, edema ou dor nos membros, falta de ar, em até 20 dias da vacinação, são alguns sintomas.
Esses pacientes são considerados suspeitos, e devem realizar um hemograma. Se as plaquetas estiverem baixas (< 150 mil/mm3), uma investigação mais minuciosa deve ser feita.
Devemos nos preocupar? Não. Essa síndrome é extremamente rara. Tanto a OMS quanto a agência europeia EMA afirmaram que os benefícios da vacina superam em muito os riscos.
Até meados de maio, foram relata a seguinte incidência:
Noruega ➡️ 1:25.000 vacinados.
Alemanha ➡️ 1:100.000 doses.
Europa em geral ➡️ 1:210.000 vacinados.
Reino Unido ➡️ 1:500.000 doses.
Em geral, estima-se que o risco de TTIV seja de 1:125.000 a 1:1.000.000 de vacinados.
A agência europeia calculou, até 4 de abril, 222 casos de tromboses induzidas em 34 milhões de vacinados.
Para comparação, em 🚺 que tomam anticoncepcionais hormonais, o risco de trombose é cerca de 60/100.000 pessoas/ano.
O risco de morte por COVID é 40 x maior que trombose após vacina. cnnbrasil.com.br/saude/2021/05/…
Trombose em fumantes, por exemplo, ocorre em 763 casos por milhão de pessoas. 🚬
Fatores de risco como trombose venosa prévia, trombofilia, presença de câncer ou imobilização prolongada não devem ser considerados fatores de risco para o desenvolvimento da TTIV. bmj.com/content/372/bm…
Continua sendo nítido que os benefícios da vacina AstraZeneca superam em muito os riscos para todos os grupos de idade adulta. As pessoas devem aceitar a vacinação quando ela é ofertada.
Se esse problema atrasar a distribuição das vacinas ou impedir que algumas pessoas aceitem a vacinação, muitas outras mortes evitáveis podem ocorrer. coronavirus.jhu.edu/vaccines/q-n-a…
Não há logica, em um país com escassez de vacinas, escolhermos qual tomar. É errado, antiético, e não ajudará a sairmos da crise de saúde em que nos encontramos. Precisamos vacinar em massa.
O risco de ter trombose na vigência de COVID é muito maior que o risco de manifestar algum tipo de trombose como efeito colateral de vacina. A melhor vacina covid-19 disponível é a que você pode obter hoje. em.com.br/app/noticia/be…
Esse é um dos motivos pelos quais sou contra essa disseminação de preprints. Em especial sobre COVID.
Pesquisadores da Cleveland Clinic publicaram o seguinte trabalho na plataforma medRxiv ⬇️⬇️
Compararam a taxa de novas infecções em funcionários imunizados com a reinfecção de funcionários que já haviam contraído doença, durante 5 meses. Estudo retrospectivo com muitas limitações. Os autores concluem que pessoas que já adoeceram não se beneficiariam da vacinação. ☹️🤔
As limitações são muitas e até que bem descritas pelos autores. A intenção é dizer que seria melhor priorizar vacinação em grupos ainda não infectados, em face à escassez de vacinas.
O depoimento da Dra Mayra ontem na CPI me fez pensar como é que pode um ministério basear suas ações e elaboração de um aplicativo em UMA publicação científica.
A qualidade da revista pode falar um pouco de seus artigos.1/
A Cureus é uma revista Open Access, disponibilizando o conteúdo de forma gratuita. Porém, é um negócio e precisa gerar lucro💰. Para isso, cobra dos autores valores diversos dependendo de como o artigo será revisado e publicado. Até aqui, tudo normal. Não existe almoço grátis.2/
O fluxo editorial, desde a submissão online de um manuscrito, requer algumas etapas essenciais. Na admissão, verifica-se se os documentos estão 🆗 e se o conteúdo segue as diretrizes da revista. Depois, o texto é enviado para pares (outros cientistas) para revisão. 3/
Preprint sobre o uso de ivermectina pra profilaxia pré exposição em profissionais da saúde na República Dominicana. Trata-se de um acompanhamento retrospectivo de pessoas que voluntariamente tomaram (0,2 mg/kg/semana) ou não a medicação. Segue...
O estudo carrega consigo uma enorme quantidade de vieses de seleção. Os pacientes foram recrutados por somente 1 mês, o que levou a um n pequeno. Também não há estimativa de amostra pra se chegar à uma conclusão do desfecho primário.
O uso de PCR+ como desfecho primário não é clinicamente relevante. Não foi explicado se os indivíduos testaram de rotina ou se só tivessem sintomas. Os desfechos de doença clínica e morte foram secundários.
Testagem na pré-exposição, devido a baixa incidência requer um n alto.