Todo mal que é praticado em larga escala precisa de um elemento fundamental: o Estado. Uma pessoa mal intencionada, ou mesmo estúpida e bem intencionada, pode prejudicar um número limitado de pessoas, como seus subordinados, alunos, familiares ou amigos.
E apenas pode fazê-lo por tempo limitado, já que todos eles podem buscar se desvencilhar dessa desgraça ambulante em algum momento.
Já uma pessoa dessas numa posição estatal, mesmo que não seja de mando, pode prejudicar uma infinidade de pessoas, sem limite de tempo...
... e sem jamais responder por isso ou se sentir culpada. O funcionário subalterno que instalou um farol de pedestres fora de sincronia com o da esquina seguinte rouba tempo todo dia de milhares de pessoas. Tempo é vida.
O burocrata que atrasa a concessão de uma licença para uma empresa, por pura preguiça, pode estar condenando o negócio à falência. Negócio esse que pode ser fruto das economias de toda vida de alguém.
Citei pequenos exemplos.
São maldades, claro, mas que não dão a dimensão de quanto mal o estado viabiliza todos os dias. O estado, afinal, não tem rosto. Todas essas maldades são anônimas, como se fossem praticadas por uma “estrutura”, não por pessoas de carne e osso.
Ninguém lá se sente culpado individualmente, que é o pior de tudo. Sem culpa, o mal persiste. Mesmo gente boa que integra o estado (não faltam) faz parte disso sem perceber ou saber como evitar.
A quem beneficia um estado inchado, ineficiente, corrupto e caro?
Eu inverto a pergunta. A quem interessa um estado leve, eficiente, limitado e menos caro?
Ao cidadão comum. Esse sujeito que é todo mundo e não é ninguém em particular.
Esse sujeito que não tem organização para ser ouvido, e é tratado como massa (porque geralmente age como tal).
Mas se eu pensasse como uma mega corporação, com muitos recursos e condições de influir junto ao estado, penso que gostaria dele bem assim, como ele é hoje.
Ele me protege do meu novo concorrente via regulamentação e impostos altos. Me ouve pois tenho condições de financiar estudos técnicos e ONGs que fazem lobby sem mencionar meu nome. Se tudo falha, ele é suscetível à corrupção.
Desde março de 2020 nós temos certeza que todos já viram um monte de condutas bizarras, e seguem vendo todos os dias. Porém, poucas são mais ilustrativas que a proibição de adentrar nas lojas de postos de gasolina com capacete, enquanto vigora a obrigação de entrar de máscara.
Quem anda de moto vive isso sempre. A proibição do capacete (que inclui qualquer cobertura pro rosto) foi feita para coibir assaltos. Já era uma norma estúpida, porque bandido que vai assaltar não vai respeitar essa proibição (vise estatuto do desarmamento).
Mas fica ainda mais bizarra quando vem um comando com sentido oposto e as pessoas seguem cumprindo ambos! Ambas placas, lado a lado.
Assim surgem as “superstições legais”. Crenças populares decorrentes de alguma intervenção legal sem noção. Querem ver outras?
Em última análise o poder brota da boca de um fuzil. O maior poder é o poder de matar. Se você pensar bem, toda lei, repito, TODA LEI, traz consigo a pena de morte pra quem desobedece-la.
Achou a ideia forçada? Vamos lá.
Experimente desobeceder qualquer norma e insistir no seu descumprimento. Fure um farol de madrugada e se recuse a pagar a multa. Ela soma juros e será cobrada.
Se você não paga, ela será cobrada judicialmente.
Você se recusa a pagar, o oficial de justiça vem tomar seus bens (o próprio carro por exemplo). Você se recusa a deixa-lo e a polícia vem. Você se recusa a obedecê-los quando forem te prender, e o resultado você já entendeu a essa altura.
Na manhã desta segunda-feira, na CPI da covid, o Senador Renan Calheiros recitou uma passagem em referência ao tribunal de Nuremberg, onde n4zistas foram julgados pós segunda guerra.
Leia nossa resposta abaixo:
Palavras tem consequências.
O primeiro passo para exterminar um inimigo é deslegitimá-lo.
Na época da Segunda Guerra, os judeus não saíram dos seus empregos nas cidades diretamente para as câmaras de gás.
Primeiro eles foram humilhados, tratados como infecciosos, depois segregados pela lei, depois segregados fisicamente, e só então o caminho para o extermínio estava pronto.
Hoje mais uma vez buscam comparar o regime genocida de Hitler ao governo democrático do Brasil.
Direita vs esquerda é para quem quer dividir as pessoas por preferências políticas.
São definições poluídas por clichês, slogans, ruídos e confusões. Se aplicava mais à divisão do parlamento francês, entre girondinos e jacobinos, do que ao mundo atual.
Capitalista vs socialista é para quem quer dividir as pessoas por preferências de sistemas econômicos. O capitalismo é o sistema social baseado no reconhecimento dos direitos individuais, incluindo os direitos de propriedade, em que toda a propriedade é privada.
O socialismo é, em essência, a eliminação das diferenças de poder econômico por meio do poder político. Mas para arbitrar eficazmente essas diferenças entre o mais poderoso e o menos poderoso, você tem que ser ainda mais o mais poderoso que ambos: