Haddad participou de um debate com Geraldo Alckmin. A partir de 1 hora e 7 minutos, são perguntados sobre Junho de 2013.
A resposta de Haddad é muito sintomática de algumas questões.
- Ele continua insistindo que o aumento de 2013 era abaixo da inflação.
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A questão em si da qualidade horrível do transporte e o domínio dos monopólios no setor, continua não sendo questionável. A lógica é tipo “como assim a passagem está cara? Olhe essa planilha, poderia ser mais cara ainda”.
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- Haddad destaca a violência dos... manifestantes, "Black bloc" etc. A violência da PM de São Paulo, a galera que teve o olho arrancado, os criminalizados e perseguidos, Rafael Braga e tudo mais não é lembrado. Haddad esqueceu a violência estatal.
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- Haddad diz que a extrema-direita ganhou rapidamente as ruas. Mas em NENHUM momento ele se pergunta o que ele, seu partido, a presidência, as lideranças do seu campo político, poderiam ter feito para não perder as ruas. A coisa é fatalista: perdemos as ruas.
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Perdeu por que motivo? O que faltou? Poderia ter feito diferente? Como depois de 12 anos no Governo, perde as ruas tão fácil? Por que a politização da classe trabalhadora não aumentou? Isso nunca é perguntado. É cômodo sempre se colocar no papel de vítima.
Sintomático demais!
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A "lógica de casos" é a expressão da falsa indignação dos monopólios de mídia. Tem um massacre ou um assassinato bárbaro. 7 dias no máximo de comentários. Mas nada de debate real sobre "guerra às drogas", militarização da segurança, lógica do "inimigo interno"
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Então você crítica o resultado do processo - o assassinato de Kathlen Romeu, por exemplo -, mas não o processo. A lógica política e estrutural que gerou o massacre continua funcionado, mas, com indignação moral, você diz "isso é um absurdo, precisa mudar" etc. E para aqui!
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Então o apresentador de TV ou o editorial do grande jornalão pode dizer "a polícia não deve agir com essa violência, os responsáveis devem ser punidos". No máximo, e raramente, quem puxou o gatilho é punido, mas a lógica política, a dinâmica estrutural, é protegida ou escondida.
O Globo publicou nos últimos dias vários materiais de apologia à Hannah Arendt. Veja como é a blindagem sobre a autora. O autor da matéria diz que ela defendia o "direito à discriminação na esfera privada"
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Isso é um nome bonito para falar que o racista tinha a liberdade de ser racista na sua esfera privada. No segundo parágrafo, surge uma CARICATURA. Nenhum movimento ou líder da época defendia acabar com o racismo "por cima", via "imposição do estado".
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O regime de segregação racial era sustentado pelo poder político, o Estado. Era preciso, por óbvio, acabar com a legislação do apartheid. Reduzir isso a "acabar o racismo por cima" é uma caricatura desonesta. E, de novo, a preocupação é com o "direito" dos racistas
Nesse vídeo do canal, de meses atrás, debatemos, por exemplo, guerra e política no pensamento de Hannah Arendt e mostramos como ela busca anular no plano filosófica o conceito e a legitimidade da guerra de libertação nacional e anticolonial
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Hannah Arendt fez isso no momento histórico de AUGE da luta antirracista e anticolonial. Seu alvo não era a guerra imperialista, a guerra de conquista, a guerra de opressão, mas uma abordagem abstrata e conservadora da guerra na ascensão da luta dos oprimidos e explorados
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Nesse outro vídeo do canal, mostramos como o pensamento de Arendt se casa com o senso comum liberal e conservador e que sua abordagem do totalitarismo precisa, necessariamente, ocultar a realidade das barbáries coloniais e neocoloniais
O academicista e a crítica: sobre o elitismo primário de Jessé Souza.
Jessé Souza participou de uma conversa no canal do Paulo Gala. A conversa teve a participação de Gabriel Galípolo e José Marcio Rego.
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A partir dos 46 minutos do vídeo, o professor Rego pergunta para Jessé o que ele achou do meu artigo criticando sua produção – em particular, seus comentários sobre o marxismo. Jessé, respondendo à pergunta, mostra uma espécie de tipo ideal do acadêmico brasileiro:
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não responde às críticas, não debate, tenta apenas humilhar quem o criticou para não responder a crítica.
Primeiro, Jessé diz que não leu todo o artigo porque não achou interessante. Já que não leu, por coerência, deveria dizer que não tem opinião
É um dado conhecido que na totalidade das experiências socialistas, a criminalidade baixou a quase zero. Em Cuba, por exemplo, assaltado, latrocínio e homicídio é algo raríssimo. Muitos falam que isso é pela redução drástica da desigualdade social
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Esse é, sem dúvida, um elemento importante. Mas vocês já se perguntam como é viver numa sociedade onde o cinema, a TV, o rádio, a escola, o mercado editorial, em suma, todo mundo da cultura e comunicação, não estimula violência, consumismo e valores individualistas?
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Imagine, por exemplo, que efeito teria no Brasil, ao longo de uma geração, se todo conteúdo da indústria cultural de legitimação da violência sumisse e no sentido contrário, tivéssemos valorização dos direitos humanos e campanhas permanentes contra a violência e a tortura?
Cuidado com algumas abordagens. Toda vez que falo da vitória sobre o colonialismo clássico, alguém lembra as derrotas dessas lutas que pretendiam o socialismo ou regimes de soberania real. Verdade, existiu a derrota, porém cuidado com o "é tudo a mesma coisa"
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A Argélia de hoje é um país cheio de problemas e um capitalismo dependente horrível, mas não ser mais colônia francesa foi sim um avanço enorme, por exemplo. Dizer que é tudo a mesma coisa, é o mesmo que falar que democracia burguesa ou fascismo dá tudo no mesmo
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Afinal, democracia burguesa ou fascismo, é tudo ditadura da burguesia. De fato, são iguais, porém não são o mesmo. Viver no capitalismo dependente é uma merda, mas não é o mesmo que no colonialismo clássico. O colonialismo é em muitas dimensões bem pior que o fascismo!