Um breve fio sobre a necessidade de estarmos atentos ao % de brasileiros vacinados com a segunda dose (contra Covid), não com os vacinados apenas com a primeira dose. O governo está procurando nos confundir. Lá vai.
1) Vejam o slide que estou postando como ilustração desta nota que fiz para apresentar na minha análise de conjuntura de amanhã às 8h. Percebam como vínhamos tendo a 1a e 2a doses com ligeira diferença em abril.
2) Contudo, a partir de maio, o número de pessoas que tomou a 2a dose despencou, aumentando muito o número dos que tomaram a 1a dose
3) Essa situação pode indicar que o governo quer chegar rápido aos 60% que tomaram a vacina (somente a 1a dose, mas ele não dirá). Possivelmente para estimular o reaquecimento da economia.
4) A experiência de Serrana (SP) indicou que somente com 75% da população vacinada o índice de contaminação despenca. A percepção de vários senadores que compõem a CPI da Pandemia é de que o governo jogará com essa desinformação
5) Só com 2/3 ou mais da população inteiramente vacinada se consegue ter um ganho com a campanha de imunização, quando a circulação do vírus se reduz a ponto de evitar também o contágio de quem ainda não foi vacinado. E as pessoas só ficam protegidas com duas doses
6) Vejam o caso do Uruguai. A maior parte da população não foi totalmente imunizada: as duas doses foram dadas até agora em 33% dos cidadãos. Acontece que divulgaram ao mundo o percentual de vacinados com a 1a dose. Conclusão: ninguém está entendendo a explosão de infectados
7) A população do Uruguai relaxou com o dado dos vacinados somente com a 1a dose e degringolou tudo por lá. 58% dos uruguaios tomaram apenas uma dose, mas somente 33% tomaram as duas doses. Essa desinformação pode estar sendo perseguida pelo governo federal.
8) Em suma: o governo aumenta o espaço entre a primeira e segunda doses, objetiva aumentar o % de vacinados com apenas uma dose e gera um clima de retomada da "normalidade". Se isso ocorrer, poderemos viver a tragédia que se abateu sobre o Uruguai. (FIM)
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Prometi que faria um fio sobre o desastre que se abate sobre nossa estrutura econômica. Dificilmente conseguiremos recuperar nossa pujança econômica na próxima década. Então, vamos ao fio.
1) Os empresários brasileiros festejam um crescimento do PIB neste ano que gira ao redor de 3,5%. Com um desemprego ao redor de 15% e aumento significativo do poder aquisitivo e precarização das condições gerais de trabalho no Brasil.
2) Sabemos como nosso empresariado é superficial e é incapaz de pensar um projeto nacional. Pensa a partir de seu próprio umbigo. Em 1994 lançou as bases de uma ofensiva para desregulamentação dos direitos sociais sob o slogan da redução de custos de produção.
Ontem, na minha participação de toda terça na live do DCM, apareceu o incômodo que uma minoria" sente com leitura crítica sobre a esquerda. Vou me apoiar nos perrengues de ontem para propor uma leitura sobre os obstáculos para avançarmos numa proposta de Estado pela esquerda.
1) Temos algumas barreiras que dificultam a superação do nosso arcabouço institucional. Uma delas é a política como ascensão social: num país com tanta desigualdade social, ser eleito é uma possibilidade concreta de subir no degrau do seu status. Sem projeto coletivo
2) Tal lógica arrivista acaba por criar uma subcultura na prática política nacional: ser candidato é uma promessa de sucesso e pode destacar o candidato da selva de concreto que o leva ao anonimato. Acontece que essa lógica, além de egocêntrica, alimenta o conservadorismo
Fico perplexo com o rombo na formação política no campo progressista. Tudo é emocional e a leitura é sempre impressionista. É uma raridade encontrar alguma leitura sobre o jogo político. Quase sempre, é só leitura do acontecimento. O pós-modernismo causou estragos
Há, ainda, a lógica do mundo da internet que dissemina uma profusão de informações que inibe um olhar mais panorâmico do mundo. Quase sempre, ficamos atolados em notícias do momento. A estrutura mental passa a ser míope, focada nos pés.
O pós-modernismo se alastrou pelas universidades brasileiras e deram sentido às narrativas de cunho biográfico. Falar de si emparelhou os currículos pessoais ao de Getúlio Vargas, Lula ou Zumbi. Tudo ficou pasteurizado. Lideranças são substituídas por celebridades fugazes
Bom dia. Outro dia, retruquei uma postagem de alguém que dizia que não gostava de gente que tocava no seu corpo enquanto conversava. Como estou assustado com essa onda puritana que vem dos identitários ("não me toque, não me rele"), contestei. Mas, acho que fui superficial
1) O primeiro argumento que quero apresentar é o da "descorporificação" que a internet promove. Retomo aqui as teses do canadense Arthur Kroker em seu livro "Data Trash", de 1993. A tese central de Kroker é que a internet recalca o corpo e as relações sociais.
2) O humano se resumiria, para Kroker, aos "dedos agitados". O corpo fica paralisado, as relações sociais ficam suspensas pela decisão de continuar na tela ou mesmo de reduzir a atenção ao olhar em várias telas ao mesmo tempo. Ora, isso não é exatamente relação social
Bom dia. Postarei um fio sobre a agressividade desproporcional destilada nas redes sociais e que envolve agrupamentos políticos distintos. Os alvos nem sempre são os inimigos ou adversários, mas os que sugerem uma leitura crítica sobre a realidade e sobre as correntes políticas.
1) Não se trata de constatação estranha o fato das redes sociais acolherem ataques extremamente agressivos. Postagens amorais são frequentes revelando um total descontrole emocional.
2) Bolsonaristas são campeões dessa prática, mas outros agrupamentos políticos – mesmo aparentemente progressistas – têm seus cães de caça a postos para atacar os que não pensam como eles ou até os que sugerem uma reflexão mais crítica sobre seu próprio campo político.
Bom dia. Postarei, em seguida, um fio sobre um tema que me incomoda nos últimos tempos: o raciocínio simplista, principalmente nas redes sociais. A leitura do livro de Franco Berardi (que soube da existência pelo Eduardo Brasileiro). Lá vai o fio:
1) O livro de Berardi trata de algo que o professor do Departamento de Ciência da Computação, do Instituto de Matemática e Estatística da USP, Valdemar Setzer, vem tratando há muito tempo: nossa percepção sobre o mundo está muito reduzido à lógica binária)
2) Na explicação Wikipedia: "Na programação de computadores, a lógica binária, ou bitwise operation, opera em padrões de bits ou números binários. É uma ação rápida e simples, diretamente suportada pelo processador, e é usada para manipular valores para comparações e cálculos"