Thread by @AnarcoFino

Para quem ainda acha que as tais reformas prometidas pelo governo tem o intuito de agradar o "mercado": elas tentam consolidar a existência de uma máquina burocrática totalitária.

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Hoje temos uma inversão perigosa de 2020: Bolsonaro nunca esteve tão fraco em termos de popularidade, contudo, nunca esteve tão forte em termos institucionais.

Uma força que cresce, paradoxalmente, da sua fraqueza. Pois em termos políticos, sua articulação consiste em se abrir espaço para a rapinagem. Basicamente, se tornou um imenso (o principal) fiador da tal "velha política" que tanto criticava (da boca para fora).

A produção de uma máquina burocrática alinhada com o projeto totalitário do presidente não deve ser entendida nos moldes reducionistas do que se imagina ser uma ditadura (não se trata do Império de Star Wars).

Mas da instauração de uma máquina capaz de se manter em movimento sem interrupções externas. O único controle de uma máquina totalitária é a própria vontade dos indivíduos que a controlam.

Para quem busca a rapinagem - essa apropriação intensa de bens públicos para ganho pessoal (econômico e político) - é o ambiente ideal. Por exemplo, denúncias de corrupção raramente são investigadas, salvo quando desagradarem os "chefes".

Quando se olha para a história da Ditadura Militar, por exemplo, você vai ver o apoio de empresários e políticos não por razões ideológicas, mas pelo fato do regime ser o balcão de negócios ideal. A instância onde tudo é possível desde que as pessoas certas sejam agradadas.

Lira não está com Bolsonaro por ele "agradar a burguesia" ou o "mercado", Lira está com Bolsonaro pois a máquina que ele lhe entregou, o projeto, é perfeito: permitirá a instauração e consolidação da sua dinastia política, fisiologismo no volume máximo.