Thread by @mellziland

Já temos algum dado comparando o quão transmissível em relação às outras as variantes são? Sem dúvida precisamos de mais estudos, mas quero comentar um com vocês hoje do Eurosurveillance divulgado agora em Junho!

Segue o fio! 🧶

Antes de tudo, vamos aos nomes das variantes, segundo a nova nomenclatura da @WHO :

Se tu tá com dúvisa sobre o que é uma VOC ou uma VOI, esses cards do @oatila estão muito resumidos e super bons para lembrarmos:

Nessa publicação, 1.722.652 sequências de material genético🧬 de SARS-CoV-2 do banco de dados GISAID hCoV-19 foram analisadas.

Um conceito importante aqui é o número de reprodução efetiva (R), que explicamos nessa publicação redeaanalisecovid.wordpress.com/2020/07/07/r0-…

Simplificando: se o R for maior que 1, temos uma pessoa infectada podendo transmitir para mais de 1 pessoa, e quanto maior o R, maior o potencial de transmissão.

No estudo, os autores usaram um modelo de crescimento competitivo em que o número de reprodução efetiva de cada variante foi estimado em relação à população viral não VOC/VOI para cada país relatante.

No modelo, no geral (considerando diferenças entre países), as variantes apresentaram um incremento na nesse valor de R, que tá atrelado a transmissão (comparado a não VOC/VOI) de:
🦠Alfa (B.1.1.7)—29%
🦠Beta (B.1.351) —25%
🦠Gama (P.1) —38%
🦠Delta (B.1.617.2) —97%

No caso das VOI, ao realizar uma análise similar:
🦠Kappa (B.1.617.1)—48%
🦠Eta (B.1.525) —29%

Em linhas gerais, os autores observam que ocorreu uma rápida substituição das variantes anteriormente circulantes por VOC/VOI em quase todos os 64 países analisados

Quanto maior o R, temos um indicativo de que a variante pode estar se transmitindo de uma forma mais acelerada.

Para comparação, estima-se que a variante Delta, por exemplo, tenha o dobro da capacidade de transmissão que a cepa original de Wuhan tinha

https://twitter.com/DrEricDing/status/1405633531695489027

Comparando esses valores entre as variantes, vemos que a diferença do R entre B.1.1.7 e B.1.351 foi pequena em 4%, enquanto P.1 demonstrou um aumento em relação a B.1.1 .7 e B.1.351 de 10% e 17%

Dos 64 países considerados nesta análise, estimou-se que VOC/VOI sejam a linhagem de circulação mais frequente no último dia de dados disponíveis em 52 países (3 de Junho), sendo as variantes mais comuns Alfa (40 países) e Delta (Índia, Cingapura, Reino Unido e Austrália)

No gráfico do Brasil🇧🇷, podemos ver que a Gama é muito prevalente frente a outras variantes, enquanto que a Delta se tornou a variante mais predominante em UK🇬🇧, onde a Alfa era a predominante

https://twitter.com/mellziland/status/1398016152324952073

Baseado nessas análises, mostrando um ganho muito significativo de transmissibilidade da Delta, os autores levantam a possibilidade da Delta se tornar a linhagem dominante em circulação nos próximos meses, considerando que todos os outros fatores permaneçam constantes.

Mas Mell, isso pode mudar? Pode! Pode principalmente se a população, que somos veículos da transmissão do vírus, dificultarmos ao máximo essa transmissão e exposição, usando máscaras e fazendo distanciamento, por exemplo

Mas é importante ressaltar que existem limitações nos próprios dados utilizados: sabemos que há subnotificações na testagem e sequenciamentos e esses valores podem não refletir completamente a realidade.

Ainda, os autores comentam sobre o efeito fundador, e é mais provável que esse viés afete as sublinhas B.1.617, uma vez que essas variantes só foram introduzidas recentemente na maioria dos países

O @AndersonBrito_ explica esse efeito aqui:

https://twitter.com/mellziland/status/1340357327413780480

Portanto, deve-se ter muita cautela na tradução desses dados para uma projeção do que pode acontecer daqui para frente.

Os autores comentam que não é possível distinguir se esse aumento no R é por um aumento da transmissibilidade genuíno ou o escape imune

A mensagem final que fica é: o aumento da transmissão do vírus é um problema global, mesmo para países que estão bem acelerados na vacinação ou no enfrentamento como um todo da pandemia.

NO ENTANTO, apesar do surgimento e substituição rápida por VOCs mais transmissíveis, vários países conseguiram reduzir a transmissão da SARS-CoV-2 com o uso de medidas sociais e de saúde pública, reduzindo a mobilidade e conscientizando a população quanto a medidas individuais

Mais do que nunca, temos que ver as máscaras 😷, o distanciamento físico 🚶‍♀️⬅️2m➡️🚶‍♀️ como nossas maiores aliadas nessa luta, juntamente das vacinas 💉

Lembrando que as DUAS DOSES são necessárias!

https://twitter.com/mellziland/status/1400586023122395139

Outro ponto que estamos observando é: com a presença de variantes mais transmissíveis por exemplo, poderá ser preciso revisar as metas de cobertura vacinal, podendo ser necessário 85% da população-alvo imunizada com as duas doses

correiodopovo.com.br/not%C3%ADcias/…

Portanto, pessoal, está nas nossas atitudes a saída para uma situação que pode ficar mais complicada: tu pode fazer, e muito, para evitar um cenário complexo
- Use máscara, de preferência PFF2 😷
- Faça o distanciamento físico 🚶‍♀️⬅️2m➡️🚶‍♀️
- Vacine-se com as duas doses 💉💉

Link da publicação: eurosurveillance.org/content/10.280…

@PaolaResende1 @GabrielWallau @GrafTiago @AndersonBrito_ @leosbastos @marfcg @anarina @PauloLotufo @schrarstzhaupt @MarceloBragatte @rcosilvaoficial @leorovatti @Humberto_Souza_ @sucamey