Thread by @vowtz

Vamos ser sinceros.

JCP é uma jabuticaba brasileira, deveria ter sido extinto há anos.

Vocês sabem a razão por trás da criação dele?

Dá pra explicar em 1 tweet. Se isso chegar em 150 likes e ninguém acertar, eu explico.

Well, let's bora.

A década é 1980, inflação estalando. A moda é pegar o salário e correr pro supermercado porque se virar o dia teu dinheiro não vale mais nada. A inflação em 1 mês era maior do que é hoje em 1 ano.

Agora, como isso afeta o lucro da empresa?

Afinal, a empresa tem um imóvel de Cr$ 1 milhão (chutando). Com a inflação, o imóvel também "sobe" de preço.

O que a empresa deve fazer? Deixar ele lá paradão no balanço, com o mesmo valor de Cr$ 1 milhão, mesmo sabendo que a inflação já mudou completamente esse número?

Não! Surge aí a correção monetária. Inclusive, ótimo livro do Eliseu Martins dessa época.

O problema não foi a correção. O problema foi o fim dela.

Em 31/12/1995 deram fim à chamada Correção Monetária dos Balanços.

E, com isso, todo o balanço parou de ser corrigido. Inclusive o Patrimônio Líquido.

Com isso, todas as empresas que tinham Patrimônio Líquido positivo, ao passaram a ser tributadas pelo Lucro Nominal (sem correção) e não pelo Lucro Corrigido, como era antigamente.

Você não precisa ser um gênio pra sacar que Lucro levando em conta inflação é maior que sem levar.

Surge aí a "tributação de lucros fictícios".

Eles até tentaram compensar isso reduzindo a alíquota de imposto, mas isso só gerou mais desigualdade.

Quem tinha o Patrimônio Líquido maior acabava pagando mais.

Quem tinha Patrimônio Líquido menor, pagava menos.

Entendeu porra nenhuma né? Deixa eu facilitar.

Tem 2 empresas. As duas compram uma sala no mesmo prédio, pelo mesmo preço.

A diferença é que uma delas pegou dinheiro emprestado pra comprar (dívida). Enquanto isso, a outra comprou com dinheiro dos sócios (patrimônio).

A empresa que comprou com dinheiro emprestado vai pagar juros.

E a taxa de juros da dívida, como vocês devem saber, é grande o suficiente pra cobrir a inflação e ainda ganhar um extra (juros reais).

Então é como se essa empresa tivesse "corrigindo" o passivo dela pela inflação.

Como ela tá "abatendo" esse juros do lucro dela, vai pagar menos imposto!

Já a outra empresa, que comprou a sala com capital próprio... não paga juros.

Eis que a Receita Federal tem sua ideia mais mirabolante: vamos criar uma espécie de juros do patrimônio líquido.

Assim, ninguém sai perdendo e a forma de financiamento da empresa se torna "indiferente"!

Agora vocês me perguntam: por que eu sei isso?

Não tenho a mínima ideia.