O fio da tarde é sobre amamentação e vacinação! Muitas mamães escutaram sobre a famosa transferência de anticorpos pelo leite materno, e esse fenômeno é bastante estudado dentro da imunologia, agregado dentro da imunidade passiva.
Pega o ☕️ e acompanha 👇🧶
Vamos ir construindo juntos esse conhecimento 🪜
🔹Imunidade Passiva: é uma forma de adquirir proteção por meio da transferência de anticorpos contra uma doença de um organismo que produziu para outro, em vez de produzi-los por meio de seu próprio sistema imunológico.
🔹Imunidade Ativa: é quando nosso sistema imunológico é desafiado, gerando ativamente uma proteção contra um agente infeccioso. Pode vir de uma exposição ao próprio agente, ou pode ser induzida pela vacinação cdc.gov/vaccines/vac-g…
Uma das diferenças importantes entre as duas é que a imunidade ativa pode ser bastante duradoura. Isso porque nossas defesas contam com células de memória, que podem ser ativadas no menor sinal de uma nova infecção. Já a imunidade passiva tem um tempo mais limitado de permanência
Ou seja, aqueles anticorpos (AC) transferidos, por exemplo, eventualmente vão diminuir seus níveis e, como o organismo não possui os meios para "repor" essas moléculas, acaba se tornando uma proteção menos duradoura (durando alguns meses, em alguns casos).
A imunidade passiva, no contexto de recém nascidos, é importantíssima: recém-nascidos não têm a capacidade de montar respostas imunes eficazes contra microrganismos e, durante vários meses após o nascimento, sua principal defesa é a imunidade passiva fornecida pelos AC maternos
Essa imunidade pode ser passada para o bebê ainda na gestação, e no momento da lactação. Na gestação, a placenta faz essa interface entre o bebê e a mãe, e muitos anticorpos IgG, entre outros elementos, são transferidos se valendo dessa conexão. sciencedirect.com/science/articl…
Na lactação, diferentes anticorpos (IgA, IgM e IgG) são passados para o bebê. Os IgA e IgG ingeridos podem neutralizar agentes infecciosos que tentam colonizar o intestino do bebê, e alguns anticorpos IgG ingeridos podem ser transportados através para a circulação.
A imunidade passiva a partir da transferência de anticorpos maternos pode mitigar o risco de infecções graves no período pós-natal inicial. Isso porque o bebê leva alguns meses até produzir seus próprios anticorpos e esses anticorpos maternos ajudam a protegê-lo nesse percurso
A @SBIm_Nacional publicou o calendário de vacinação para bebês/crianças (0-10 anos) e observa-se que os primeiros meses de vida também fazem parte de uma janela biológica importante para a vacinação do bebê. Isso o protegerá para os desafios pós-natais
Portanto, mamãe e papai: te abraça nesse calendário porque ele vai ajudar na organização de quando vacinar para qual vacina, ajudando o filhote a se desenvolver pleno, saudável e forte para encarar esse mundão 👶
Estudos mostram que bebês amamentados durante os primeiros 6 meses têm muito menos infecções do ouvido médio do que aqueles que são amamentados por menos tempo, ou não amamentam, com um risco menor de infecções do trato respiratório também
Ainda, mamães lactantes que recebem a vacina contra a gripe (e, portanto, transmitem esses anticorpos protetores para seus bebês através do leite materno) fornecem alguma proteção para bebês que são muito jovens para receber essa vacina pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18799552/
E vemos algo muito interessante dentro da COVID-19: já temos dados demonstrando que anticorpos contra o SARS-CoV-2 produzidos pela mãe, inclusive mães vacinadas, são capazes de passar para o bebê via leite materno.
E não se enganem: bebês são sim suscetíveis à infecção por SARS-CoV-2, podem adoecer e podem precisar de hospitalização, podendo desenvolver quadros graves de síndrome inflamatória multissistêmica em crianças, conforme mostrado nesse estudo pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32790664/
Uma questão importante, e que ainda precisamos responder, é a persistência desses anticorpos no leite materno, que está atrelado a persistência da resposta imunológica na mãe. Está sendo, atualmente, investigado isso para as vacinas
Temos indicativos já de que pessoas recuperadas de COVID-19 apresentaram um declínio após 4 meses na concentração de anticorpos (o que é esperado), mas o declínio desacelerou, persistindo uma concentração de anticorpos detectáveis na circulação
Antes de mais nada, faço o disclaimer: mesmo recuperados montando uma resposta contra o vírus, recuperados DEVEM se vacinar, para uma resposta mais persistente e abrangente (protetora contra variantes, especialmente as que escapam da resposta via infecção)
Portanto, se a imunidade se mostrar persistente (e os dados estão indicando que seja, especialmente a da vacinação), o bebê teria uma reposição constante desses níveis durante o período de amamentação, até ser capaz de produzir suas defesas nature.com/articles/d4158…
Mas atenção pessoal! Isso não substitui todo o rigor nos cuidados que deve-se ter com o bebê. E para ajudarmos na proteção dos pequenos, nós adultos precisamos:
🔹Nos vacinar
🔹Seguir usando máscara, todos nós
Os estudos de vacinação com bebês e crianças mais novas estão em andamento. No 🇧🇷, temos autorizado o uso da Pfizer para crianças de 12-17 anos, e a própria Pfizer está conduzindo estudos nos mais novos:
Um outro estudo na 🇨🇳 demonstrou que a CoronaVac é segura e gera uma resposta imunológica em crianças e adolescentes de 3 a 17 anos. Vou comentar esses dados em outro fio, em breve :) dw.com/pt-br/coronava…
[FIO EM CONSTRUÇÃO]
No Brasil, muitos estados estão vacinando grávidas e lactantes com algumas vacinas contra a COVID-19.
Nesse fio comento sobre uma das atualizações do PNI para grávidas e lactantes:
O @CDCgov também divulgou em sua página algumas informações sobre vacinas da COVID-19 em relação a lactantes e grávidas, comentando que é possível receber o imunizante cdc.gov/coronavirus/20….
A Sociedade Brasileira de Pediatria vai em concordância com a @WHO indicando a vacinação para lactantes, e reinterando que a amamentação não deve ser interrompida após a vacinação
Sem mais delongas, espero que o fio tenha sido informativo e ajudado de alguma forma :) recomento demais seguir a @dogarrett@EthelMaciel@izabellapena1 e tantas outras especialistas que tanto nos ensinam sobre vacinas nas redes sociais!
Uma atualização para gestantes: A @anvisa_oficial recomenda a vacinação com os imunizantes Pfizer e CoronaVac, suspendendo AZ e Janssen para esse grupo exame.com/brasil/anvisa-…
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Estudo publicado na @NEJM com dados de efetividade da CoronaVac no Chile 🇨🇱!
👥10,2 milhões de pessoas
Com o regime completo (2 doses):
💉65,9% efetiva em prevenir casos de COVID-19
💉87,5% efetiva em prevenir hospitalização
💉90,3% efetiva em prevenir admissão em UTI
O fio 🧶👇
Antes de tudo:
🔹Para dados e fios sobre a CoronaVac, consulte a seção da CORONAVAC
🔹Para dados da CoronaVac em relação a variantes da COVID-19, consulte a seção VARIANTES E VACINAS e e veja os fios que estão associados à CoronaVac
O Chile 🇨🇱 iniciou a vacinação em massa da sua população no início de fevereiro de 2021. A vacinação por lá também priorizou idosos, iniciando com a faixa etária de 90 anos ou +, profissionais de saúde da linha de frente e pessoas com comorbidades.
Sobre o encurtamento do intervalo da AstraZeneca de 3 meses (12 semanas) para 2 meses (8 semanas): isso está sendo adotado por alguns países, como 🇬🇧, com o objetivo de vacinar mais pessoas com as 2 doses, que fornece uma proteção + completa contra a Delta health-ni.gov.uk/news/introduct…
Portanto, fiquem tranquilos. Na bula temos valores de resposta imune induzida pela vacina (imunogenicidade) e eficácia para diferentes intervalos.
Fio da bula:
Num fio recente que fiz, observamos que para variantes com escape imunológico, como a Delta, Beta e a Gama, as duas doses são importantes para uma maior proteção contra essas variantes
Estudo do 🇨🇦 demonstra que a vacinação com o regime completo (Pfizer, Moderna e AZ) foi efetiva contra COVID-19 sintomática, hospitalizações e óbitos pelas variantes Delta, Alfa, Beta e Gama! Com 1 dose, observamos alguma proteção, mas 2 doses SÃO NECESSÁRIAS!
Vem conferir 🧶👇
👥421.073 indivíduos que tiveram COVID-19 sintomática participaram do estudo
6,8% das infecções foram por não-VOCs e 9,7% positivo para VOC.
Contra COVID-19 Sintomática:
💉Para Alfa:14 dias após a 1ª dose, 83% (Moderna), 66% (Pfizer) e 64% (AZ)
💉A vacinação com o regime completo (2 doses) promoveu uma proteção substancialmente maior
Estudo chileno 🇨🇱 mostrando o impacto de algumas variantes predominantes lá (Gama, Lambda) e outras (Alfa e B.1) na infectividade e na ação de anticorpos neutralizantes em indivíduos vacinados com a CoronaVac.
Analisando a infectividade (uma medida que nos dá a ideia do quanto o vírus é capaz de estabelecer a infecção) pelas variantes em questão, os autores observaram que os parâmetros daLambda foram maiores do que a Alfa e Gama
Pra encerrar bem o dia: vamos ter artigo em breve sobre a 💉 da Janssen contra a variante Delta!
Segundo a noticia, a vacina gera resposta que abrange a variante Delta e produz uma resposta duradoura (pelo menos 8 meses, tempo de observação do estudo)
Os dados são de um estudo de fase 3 conduzido na África do Sul, em que há muita circulação da variante Beta e Delta. A publicação também comenta que, apesar do escape imunologico, essa resposta abrange as variantes Beta, Gama, Alfa, Epsilon, Kappa o
Os dados foram submetidos ao repositório de preprints do bioRxiv e deve estar disponível em breve - e terá fio sobre ele :)
Vamos aguardar os dados para entender melhor. Mas, boas notícias 💉
Com a vacinação rolando, muitas pessoas ficaram com dúvidas como: por que temos reações adversas após a vacinação? Por que algumas pessoas não tem? Não ter reações pode indicar que não fiz uma resposta protetora?
Vou explanar nesse fiozinho para tu ler no café da tarde ☕️🧶👇
Quando existe um organismo invasor no corpo, ou quando recebemos uma vacina, produzimos uma gama de moléculas a partir da ativação de células de defesa do nosso sistema imunológico, que estão sempre alertas e vigilantes pela nossa corrente sanguínea
Os estágios inicias da resposta vão ser orquestrados por diversas células do sistema imune inato (nossa primeira linha de defesa, inespecífica, que responde no menor sinal de um organismo estranho, seja ele quem for) e moléculas, que podem desencadear essas reações que sentimos