Publicado na @ScienceMagazine , alguns dados sobre as variantes B.1.427/B.1.429 (Épsilon)*, trazem a questão do escape imunológico observado por essa variante.
Mas o que sabemos sobre ela? 🧶👇
* Também conhecidas anteriormente como CAL.20C e, atualmente, como Épsilon
Em março de 2021, eu fiz um fio comentando sobre essa variante e também outras variantes que estavam circulando nos 🇺🇸, especificamente em Nova York. Ainda em Dez/20, tivemos a identificação da CAL.20C, hoje conhecida como Épsilon, na Califórnia
A Épsilon apresenta um conjunto de mutações ao redor da Spike, como a descrita abaixo. Naquele momento, pela posição da mutação, estando dentro RBD, levantou-se a possibilidade de possível escape imunológico (anticorpos).
Além dessas mutações, outras também são vistas na Spike e que valem nossa atenção, como a S13I, além da W152C no domínio N-Terminal (NTD). Eu explico um pouco sobre mutações no NTD e sua importância nesse fio sobre a P.1 e suas adaptações:
Nesse artigo da @JAMA_current já era possível ver o rápido avanço dessa variante na Califórnia, em especial no sul da Califórnia. E em 22/01/2021, a Épsilon foi detectada em 26 estados norte-americanos e em outros países.
O artigo da @ScienceMagazine destaca o rápido avanço da Épsilon pelo mundo: o número de sequências do genoma da Épsilon depositadas aumentou rapidamente após Dez/20, com uma incidência superior a 50% na Califórnia desde Fev/21
Estudos sugeriram que ela poderia ter um aumento na transmissibilidade: surgindo em Mai/20, aumentou de 0% para >50% dos casos sequenciados na Califórnia de Set/20-Jan/21, mostrando 18,6%-24% de transmissibilidade aumentada em relação a cepa original
O presente estudo também verificou a ação neutralizante de anticorpos (AC) induzidos por vacinas de RNA mensageiro (15 indivíduos que receberam as 2 doses da Moderna, e 15 da Pfizer, coletados entre 7-27 dias após a 2ª dose), bem como soro de recuperados de COVID-19
📉Os autores observaram que, em vacinados com vacinas de RNA mensageiro (Pfizer e Moderna), e em indivíduos recuperados, uma redução de cerca de 2-3,5x contra a variante Épsilon foi observada, em relação aos pseudovírus de tipo selvagem (referência para comparação).
Ainda, a ação neutralizante de amostra de vacinados com vacinas de RNAm para a Épsilon foi reduzida em 2,9x, algo muito parecido com o que foi visto para a Beta (redução de 3,2x), e maior do que o visto para a Alfa e Gama (1,3 e 1,7x, respectivamente)
Lembrando os nomezinhos:
Mas Mell, posso dizer que isso é uma evasão imunológica?
Bem, a resposta imunológica é formada por vários componentes, e um deles são os AC neutralizantes. O que o trabalho viu foi uma redução nesse componente, mas outros podem estar conservados.
Redução ≠ Abolição
Os autores também destacam a maior qualidade das respostas de AC induzidas pela vacinação em comparação com a infecção, e sua maior resiliência a mutações encontradas nas variantes, em especial, VOCs
Ou seja: ✨recuperados devem se vacinar✨
Também investigarou-se o impacto das mutações no RBD e NTD usando anticorpos monoclonais que reconhecem essas regiões.
A mutação L452R reduziu a atividade neutralizante de 14 dos 34 anticorpos monoclonais (ACm) específicos para RBD, tendo um papel importante na evasão observada
Para os anticorpos monoclonais contra NTD, observamos daí um impacto muito significativo, muito provável pelas mudanças que as mutações (S13I e W152C) acarreta nessa região, também contribuindo para essa evasão vista na Épsilon
Um ponto relevante aqui. Essa região do NTD pode estar sob pressão imunitária do hospedeiro, outros trabalhos observaram alterações no NTD em condições como as descritas abaixo:
A @fiocruz levantou essa bola para algumas adaptações que estavam sendo vistas na P.1. Sabemos que os principais alvos dos anticorpos neutralizantes são as regiões RBD e NTD da proteína S. Por isso precisamos estar muito atentos e acompanhar essas mudanças
Além disso, temos mais essa questão extremamente pertinente e que é um dos nossos maiores desafios: o controle da transmissão, especialmente considerando a Delta, que tem ganhado predominância global.
Em resumo até aqui:
🔸Épsilon tem ganhado espaço e atenção nos últimos meses, especialmente por seu aumento de transmissão e evasão da resposta de AC neutralizantes
🔸Existem regiões como o NTD que podem nos dar pistas sobre as adaptações dessas variantes
Sobre vacinas 💉
Fiz alguns fios mostrando que, mesm ocom essa evasão, as vacinas parecem seguir protegendo contra essa variante
Dados Novavax e Moderna para a Épsilon e outras variantes, como a Beta
O que devo fazer então?
✅VACINAR E VOLTAR PRA 2ª DOSE*! Seguir usando máscara😷, fazendo distanciamento, mesmo vacinado, mesmo recuperado (e tu também tem que te vacinar hein), controlando a transmissão estaremos mais protegidos e seguros
Muitas infecções virais apresentam uma predileção pelo Sistema Nervoso (SN) e seu acometimento pode levar a problemas muito sérios e agravamentos da condição.
A COVID-19 apresenta muitas manifestações neurológicas, e estamos começando a entender o porquê
Acompanha 🧶👇
Sabemos que a COVID-19 pode levar a manifestações neurológicas importantes, algumas mais frequentes que outras, como a perda do olfato e do paladar.
Em um estudo com mais de 8 mil pessoas, cerca de 41% delas relataram perda do olfato, por exemplo nature.com/articles/d4158…
Isso são só alguns exemplos de manifestações frequentes. Outro estudo sugere que, mesmo em indivíduos assintomáticos, um aumento persistente do risco de AVC isquêmico agudo é visto, meses assintomáticos após o diagnóstico sorológico da infecção jamanetwork.com/journals/jaman…
É um completo absurdo. Somado a isso, temos o pedido da volta das torcidas para os estádios. Vocês já viram a curva da Holanda? Do pontencial da Delta? Imagina numa população como a nossa, em que temos ainda muita gente não vacinada?
Por fim, não se justifica um absurdo com outro absurdo. Jovens estarem sem aulas desde 2020 é um absurdo e precisa ser corrigido, o estado precisa encontrar meios de promover a educação adequada ao momento da pandemia que estamos vivendo.
Publicado em Junho na @Nature estudos demonstram a proteção pela vacinação, não somente das pessoas vacinadas, mas também de pessoas (ainda) não vacinadas na comunidade! Um exemplo são as crianças se beneficiando de proteção com uma alta % de adultos vacinados 🧶👇
📊O estudo analisou os registros de vacinação e resultados de testes coletados durante o início rápido da vacinação (💉Pfizer) em uma grande população de 177 comunidades geograficamente definidas em Israel 🇮🇱, que já tem uma alta % de vacinação na população
Os autores tiveram o cuidado de controlar alguns viéses, como recuperados de COVID-19 (que poderiam ter uma proteção pela recuperação e somar-se ao efeito da vacinação), intervalos parecidos fixadoss em todas as comunidades analisadas, para evitar confusões espaçotemporais, etc
Nota técnica do Observatório COVID-19 da @fiocruz sobre a efetividade de vacinas aqui no 🇧🇷 nas faixas etárias 60+, que já tem uma cobertura maior!
Com pelo menos a primeira dose:
💉AZ: 81,7% (60-79 anos), 62,8% (80+)
💉CoronaVac: 70,3% (60-79), 62,9% (80+)
🧶👇
Com duas doses:
💉Independente da vacina aplicada: 79,8% (60-79), 70,3% (80+)
💉CoronaVac: 79,6% (60-79), 68,8% (80+)
💉AZ: 93,8% (60-79), 91,3% (80+)
Na figura abaixo, vemos como a vacinação foi importante para reduzir o nº de casos graves e óbitos nesssas populações + velhas
Como o intervalo da AZ é maior, foi possível avaliar a efetividade com somente uma dose:
💉AZ: 81,1% (60-79), 57,5% (80+)
Importante lembrar: AS DUAS DOSES SÃO IMPORTANTES para a proteção completa. Volte para a segunda dose!
Ontem foi publicado um estudo na @TheLancet Microbe de um grupo de pesquisa da Unicamp! O pessoal do @BlogsUnicamp fez um texto maravilhoso, e vou fazer um fiozinho pra complementar :)
Ação de anticorpos neutralizantes de vacinados com CoronaVac e a variante Gama (P.1)! 🧶👇
Tudo, inclusive a forma como os autores fizeram o ensaio, tá super explicadinho nesse texto do pessoal do @BlogsUnicamp e por conta disso, vou comentar os resultados a partir de então blogs.unicamp.br/covid-19/antic…
Na imagem abaixo, vemos células com diferentes cores: cada cor é um alvo diferente que estamos visualizando: em vermelho, a proteína do nucleocapsídeo; em verde, a Spike; e em amarelo, as duas proteínas juntas (o que chamamos de merge)
Preprint recém publicado avaliando a resposta de anticorpos e de células induzida pela vacina da Janssen contra as variantes: D614G, Alfa, Kappa, Delta, Gama, Epsilon e Beta!
Vamos dar uma olhada? 👇🧶
Primeiro lugar: cadê a legenda dessas variantes? 😱🤯
Calma que tá aqui!
Nessa primeira imagem, observamos que os anticorpos anti-RBD são detectados, assim como indicadores de resposta celular CD4+ e CD8+, 239 dias após a aplicação da dose (única).
A resposta de anticorpos foi relativamente estável 8 meses após o recebimento da dose