O livro “Universo: casa das estrelas” é um dicionário elaborado por crianças.
O verbete “adulto” diz:
Aquele que diz EU primeiro.
Esse verbete me fez/faz pensar muito sobre como encaramos a vida. A necessidade de sempre contarmos nosso caso, quando alguém nos conta algo
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Quando elaboramos uma crítica à nossa vida social e nossas crises ambientais e sanitárias, o que mais percebo é pessoas dizendo:
Eu faço isso
Eu não faço aquilo
Eu não gosto/quero/aguento
Adulto: aquele que diz eu primeiro.
Em que isso se relaciona à nossa crise sanitária?
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Ela é coletiva. Ela é de todos (e todos sofremos com a doença, de diferentes formas, com diferentes gravidades e perdas).
A solução também se volta para duas frentes: atos sociais, cuja manutenção seja de todos os indivíduos e atos públicos, cuja manutenção seja de governos
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Os atos governamentais possibilitam a manutenção das ações individuais. Auxílio emergencial, compra de vacinas, auxílios para pequenas e médias empresas entram aqui nestes atos governamentais.
Veja que NÃO agir tem efeitos nas escolhas e possibilidades individuais.
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Os atos individuais dizem respeito às condições de adesão às práticas de medidas sanitárias.
Aqui estão desde uso adequado de máscaras efetivas (como a PFF2), frequentar espaços ventilados, diminuir Contatos sociais e espaços aglomerados, até não trabalhar externamente.
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São inúmeras condições que se apresentam.
Um governo que afrouxa medidas antes do tempo, ou nem propõe medidas, acentua a gravidade da crise para todos.
A crítica do “voltar ao nosso normal” (no texto há um trecho abordando isso) discorre exatamente sobre um modelo social
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São necessários novos modelos sociais, que diminuam as desigualdades, as mazelas e as possibilidades de chegar a crises sanitárias em que o “não aguentar mais” seja mais relativo ao “queria jantar e ser servido por pessoas” do que ao sofrimento e morte de seres humanos
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E para isso, sim, precisamos de novos normais. E são necessárias novas perspectivas.
Isso não é propor “acabar com os prazeres da vida” ou com as “celebrações”.
É, talvez, pensarmos que a celebração não poderia acontecer em detrimento da morte ou do risco de morte de massas.
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Relacionar a celebração em conjunto com o risco de morte de massas como “acabar com as celebrações” me parece exatamente colocar no plano moral o MEU prazer acima de absolutamente tudo.
Adulto: aquele que diz eu primeiro.
A questão não é sobre moralização de prazeres e condenar o prazer à inexistência eterna em nossa sociedade.
A questão é “como nosso normal vivia frente a tantas desigualdades e achava que estava tudo bem viver assim?”
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A dica de hoje pode ser meio besta, mas é a leitura do texto completo sobre os festivais e a normalidade. E é a referência de Ailton Krenak “ideias para adiar o fim do mundo” (companhia das letras).
Quando eu era prof. na UNEMAT organizei 1 livro Divulgação Científica e redação para professores, com 2 colegas.
O livro é dividido em 3 partes:
1 - sobre escrita e docência
2 - sobre divulgação científica
3 - textos de docentes que fizeram o curso de DC
+ cutt.ly/DCeredacao
Foi a primeira produção específica minha em DC, com um colega que agora está na UnB e me carregou e fez me apaixonar por divulgação, o Eduardo Bessa - q escrevia no @scienceblogsbr
Inclusive neste livro tem a definição de Divulgação Científica que acho mais bonita e é do Eduardo Bessa:
"tornar a ciência de domínio público"
(acho realmente linda esta noção e é nela que penso tudo o que falo de democratização da ciência e acesso ao conhecimento científico)
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Há exato 1 ano eu escrevi um texto sobre os conceitos de empatia, desejo e mortem relacionando com o momento vivenciado pela pandemia e o governo brasileiro
Li hoje o texto e resolvi fazer um fio corrigindo apenas a quantidade de mortes - 66.741 pessoas para 526.892 em 365 dias
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Andrew Martin, o Homem Bicentenário de Asimov dos idos de 1975, recebeu o título de "ser humano". Ele só alcançou tal status após ligar seu cérebro positrônico em nervos orgânicos e, com isso, ser visto a partir do que nos é inerente: a morte.
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Não é desejo, amor, ódio, tristeza ou alegria. Não é tesão, dor, sofrimento, êxtase. É termos noção da própria morte - segundo esta ideia de Asimov.
Esta noção é tão forte para Andrew, que supera a 3ª lei da robótica, em que um robô tem que proteger sua própria existência.
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1/n Eu acho que é sim um absurdo as datas da vacinação atrasarem por falta de envio das vacinas pelo governo federal.
Porém fica o questionamento: de que forma as cidades e os estados estão se organizando para abrir categorias de vacinação (seja pelo critério que for) SEM doses?+
2/n Perceba:
Cada categoria deveria ter um estudo de quantidade de pessoas em municípios e estados. É assim que se faz política pública, coletando e analisando dados, para gerar uma ação específica.
Como montamos datas de vacinação com previsão se não existe doses suficientes?
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3/n Seria isto propaganda de atos particulares de governantes, sapientes de q faltarão doses, para culpabilizar o federal?
Veja, não tô aliviando o federal, pq vem sendo criminosa sua ação. MAS alardear datas s/ vacinas suficientes e levar os louros de ter tentado não é ruim?
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O que eu mais gosto dos dados que o Isaac debate é que eles são todos públicos e não necessariamente vinculados à “saúde” em um sentido estrito. E mostram o quanto analisar saúde é uma complexidade absurda e que precisamos estar atentos a muitas variáveis
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Isso é importante ressaltar pq são dados que certamente os governos têm acesso - e tem condições de analisar, enquanto corpo técnico tanto estatutário, quanto de consultoria.
Ter acesso a estes dados, compreender a análise e não agir são decisões públicas sabe? Isso que dói.
"Não existe amor em SP
Os bares estão cheios de almas tão vazias
A ganância vibra, a vaidade excita
Devolva minha vida e morra
Afogada em seu próprio mar de fel
Aqui ninguém vai pro céu"
Sempre que eu escuto este verso eu estanco os segundos...
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Desde que a pandemia começou e tenho visto amigos, conhecidos e parentes frequentando espaços públicos aglomerados, as palavras me atravessam com uma voracidade incrível... Consome, entristece, varre cada pedacinho em ares despedaçadamente.
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A ideia de que fomos vencidos pela individualidade, algoz e vaidosa reside no pensamento, enquanto tento afastar de tudo o que possibilita que eu continue...
Há dias de continuar apenas viva para além do óbvio pulsar. Há dias que é preciso mais.
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Aparecida Vilaca diz "é impossível não pensar na pandemia desassociada deste governo", ao falar sobre a questão indígena e a vivência da COVID-19, as violências sofridas neste processo - que se agravou além do que já existia.
Aparecida Vilaca nos lembra o quanto tempos de crises aumentam (e muito) a busca por minérios específicos - como ouro - e o quanto isto aumenta a violência contra indígenas, a invasão de terras, a morte da população para roubo, garimpo ilegal.
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