Texto da Veja insinua que, durante minha gestão no MRE, nada foi feito para preparar a celebração do Bicentenário da Independência do Brasil.
Isso é redondamente falso.
Já em meados de 2020 reuni uma equipe de diplomatas e encomendei propostas p/ a celebração do Bicentenário.
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A partir daí, preparamos um ambicioso programa editorial da FUNAG, composto pela reedição de grandes obras e lançamento de trabalhos originais sobre a temática da Independência. (Espero que o programa seja mantido apesar da substituição do Presidente da FUNAG.)
(2)
Outras iniciativas ficaram a cargo de grupo q incluía meu Gabinete, o Depto Cultural e o IPRI. Em parceria c/ Portugal definiu-se a edição da obra musical de D. Pedro I, de novela gráfica sobre o 1° Imperador e livro sobre as relações Brasil-Portugal à época da Independência.
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Lancei nas redes sociais o perfil “História do Brasil no Itamaraty” @HItamaraty para divulgar ao público o acervo de pinturas, mapas e objetos do Itamaraty, especialmente aqueles ligados às primeiras décadas da vida independente (projeto abandonado depois que deixei o cargo).
(4)
Tratei em diferentes ocasiões com o Secretário da Cultura, Mário Frias, a quem cabe a presidência da comissão interministerial do Bicentenário (que portanto está em ótimas mãos), sobre essas ideias e sobre a prontidão do Itamaraty em colaborar na preparação das comemorações.
(5)
Sempre advoguei o papel do MRE como esteio da memória histórica. Creio na história da nação como presença viva, dinâmica, essencial à nossa identidade e soberania material e espiritual. Creio no Bicentenário como ocasião de revigoramento nacional, não só de festejos efêmeros.
(6)
Tentei contribuir para que o Bicentenário seja uma reverberação do passado com efeitos no presente, neste momento em que precisamos de inspiração histórica para romper os grilhões de um sistema pérfido e ardiloso que quer perpetuar a manipulação e vender a alma do Brasil.
(7)
Lembremos que, no Ipiranga, Dom Pedro gritou:
“Independência ou morte!”
Foi esse o brado retumbante de um povo heróico,
e não “A política é a arte do possível”,
nem tampouco
“Portugal é o nosso maior parceiro comercial”. (8)
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Em 1/1/2019 o Brasil começou a construir uma relação especial com Israel e abandonou o anti-sionismo sistemático na ONU, o qual nunca trouxe a paz e só serviu para alimentar o anti-semitismo. Ao mesmo tempo, elaboramos nova parceria com os países árabes.
Essa engenharia diplomática era considerada impossível pelos “especialistas”, e ainda é ignorada por aqueles que só conhecem ideias pré-concebidas e narrativas simplistas, recusando-se a estudar o mundo tal como ele realmente existe.
O fato é que conseguimos incrementar a relação c/ Israel e simultaneamente c/ os países árabes, sem esquecer a importância do comércio com os islâmicos não-árabes, como o Irã. Isso ao mesmo tempo em que trabalhamos ativamente contra o terrorismo e a favor da liberdade religiosa.
Ao eleger o PR Bolsonaro, em 2018, o povo brasileiro ganhou a chance de transformar o Brasil, de uma cleptocracia numa verdadeira democracia. Chegamos a avançar. Mas, a partir de meados de 2020, a reação do sistema, cavalgando a pandemia, começou a desmantelar essa esperança.
Um governo popular, audaz e visionário foi-se transformando numa administração tecnocrática sem alma nem ideal. Penhoraram o coração do povo ao sistema. O projeto de construir uma grande nação minguou no projeto de construir uma base parlamentar.
Assisti a esse processo com angústia e inconformidade, e fiz o que pude, até onde pude, para preservar a visão original. Nisso estive quase sozinho. Vi confiscarem ao Presidente seu sonho, anularem suas convicções, abafarem sua chama. (Não deixei que abafassem a minha.)
Em 12/3, em evento do Atlantic Council falei sobre os 30 anos do Mercosul:
“O Mercosul é filho do primeiro momento da globalização. Sua primeira cúpula, em dezembro de 1991, foi realizada alguns dias antes da dissolução da União Soviética, por exemplo. Portanto, somos >>
contemporâneos do novo mundo que começou a se abrir no início dos 90. E o Mercosul nasceu sob as estrelas que estavam no céu naquele momento, as estrelas da democracia e do livre comércio, da liberdade política e da liberdade econômica andando de mãos dadas como meio para a >>
realização humana e a prosperidade. Não nascemos sob as estrelas do politicamente correto ou do tecnototalitarismo, que vemos ameaçar hoje a liberdade em nossos países, muito menos numa atmosfera onde vemos os narco-regimes ainda florescendo em nossa região. Não era isso que o >>
Matéria na CNN me atribui “perda de protagonismo em agendas internacionais”. Só se foi perda de protagonismo na agenda do Foro de S. Paulo. Aí sim perdemos protagonismo, e espero que ninguém esteja pensando em recuperá-lo.
No mundo real, o Brasil ganhou protagonismo em minha gestão:
- Lançamos a campanha para uma vaga não-permanente no Conselho de Segurança da ONU e estamos em vias de consegui-la.
- Revitalizamos o G-4 (com Alemanha, Índia e Japão) para pleitear uma vaga permanente no Conselho.
- Elegemos o Brasil para o Conselho de Direitos Humanos da ONU com votação superior à da última eleição desse tipo.
- Assumimos liderança no processo de reforma da OMC com propostas concretas sobre eliminação de subsídios, facilitação de investimentos, comércio eletrônico etc
Para entender como o Brasil pode mover-se no sistema multilateral sem cair no Multilateralismo Mágico, sugiro ler minhas intervenções em vários debates em que falei de Covid e cooperação internacional.
Na reunião da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em 26/3 p.ex.:
Ou na reunião de cúpula do PROSUL, em que representei o Presidente da República, no dia 26 de fevereiro último:
Ou ainda no Grupo de Coordenação Ministerial sobre COVID, organizado pelo Canadá, em 11/9/2020:
1)Todos esses 50 milhões de doses foram: a) adquiridos no exterior durante a gestão do General Pazuello no MS e minha no MRE; ou b) produzidos no Brasil com insumos importados durante as gestões de Pazuello e minha.
Desde que deixei o cargo, não chegaram novas vacinas.
Fio >>
2)O anúncio em 17/4 de que chegarão 4 milhões de doses da AZ pela COVAX em maio fica aquém da promessa que já havíamos obtido durante nossas gestões (+8 milhões de doses até fim de maio). 800mil doses da Pfizer a serem recebidas em junho (anúncio em 14/4) não compensam o déficit.
3)A China já havia liberado a exportação de novos lotes de insumo da AZ ao Brasil durante minha gestão. Segundo informado pela Fiocruz em 25/3, o primeiro desses carregamentos chegou no próprio dia 25 e os demais chegariam na semana seguinte, para um total de 23 milhões de doses.