Meu novo artigo no @NexoJornal é sobre como, agora que a covid-19 passou a ser doença evitável, a “pandemia dos não-vacinados” é resultado direto de disfunções institucionais várias pelo mundo afora. nexojornal.com.br/colunistas/202… 1/10
Com as milagrosas vacinas ora disponíveis, a única razão da persistência da pandemia é a lentidão da imunização. Parte do problema, como na África, vem diretamente da falta de recursos e solidariedade internacional. 2/10
Outros casos são falhas mais insidiosas. Nos EUA, por exemplo, não falta vacina, mas a taxa de imunização se encontra um tanto estagnada. Se bem há fatores como as desigualdades no acesso à saúde, este gráfico chocante ilustra que há outros também. 3/10
Em outras palavras: as vacinas viraram o novo front na polarização política norte-americana. E não se trata de um padrão longevo de conservadores sendo anti-vacina: antes da pandemia, o ceticismo não era maior à direita do que à esquerda. 4/10
O que vem ocorrendo é a exploração política do sentimento anti-vacina (bem como das atitudes anti-máscara e anti-distanciamento) pelos políticos republicanos e a mídia conservadora. Mais um exemplo do efeito deletério da polarização partidária sobre a sociedade americana. 5/10
No Brasil a disfunção é outra. Por mais que o bolsonarismo tente importar a polarização americana, os brasileiros querem vacina. O país também tem recursos e infraestrutura pra vacinar. 6/10
O problema brasileiro é a disfunção institucional que levou Bolsonaro à presidência e o mantém lá. O populismo autoritário bolsonarista causou a lentidão da vacinação por três de suas características fundamentais. 7/10
Primeiro, o desprezo à autoridade de especialistas. Segundo, a “preguiça estratégica” que venho salientando. Esses dois componentes explicam parte da sabotagem à vacinação, a aposta nas cloroquinas e na imunidade de rebanho como estratégia. 8/10
O terceiro elemento é a venalidade. A CPI da Covid tem revelado que parte do problema foi o aparelhamento do Ministério da Saúde com incompetentes e picaretas cujo objetivo é obter ganho privado a partir do controle da coisa pública. 9/10
Em suma, tal como as famílias infelizes de Tolstoi, cada país que tropeça na vacinação o faz à sua maneira, ilustrando a gama de falhas institucionais que assolam o mundo contemporâneo. A disfunção política mata, e vai continuar matando de Covid. 10/10
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Este artigo não poderia explicitar melhor a natureza da ameaça golpista, e como ela já rompeu a normalidade democrática. noticias.uol.com.br/colunas/thais-…
Primeiro, a ameaça de violência generalizada, “grave conflito social”. Não é golpe, imagina!
Depois tem o ponto de q certos resultados não são aceitáveis.
Olha aí exatamente o q falei ontem: a tal proposta de semipresidencialismo é uma reação à ameaça de golpe bolsonarista com apoio militar. Podem dizer q “é blefe”, mas o blefe já está alterando o comportamento dos outros jogadores à mesa…
Isso pq os militares sempre têm a carta da violência na mão. Ela não é suficiente pra ganhar o jogo, e eles no mais das vezes não vão necessariamente botá-la na mesa, mas os outros jogadores sabem que a mão dos militares nunca está vazia…
E mais: qdo digo “violência”, não se limita a tanque na rua. Pode ser simplesmente um “a tigrada não vai aceitar o Lula [ou investigação de corrupção], não vai dar pra controlar, vai ter confusão…”
Meu novo artigo no @NexoJornal é sobre o “Bidenomics”. Muitos por aí estão se discutindo se faz sentido, mas faço outra pergunta: como foi que um político tão estereotipicamente moderado propôs um conjunto tão ambicioso de políticas? 1/13 nexojornal.com.br/colunistas/202…
É consenso q as políticas sendo propostas por Biden são ambiciosas, no plano fiscal, do desenho do sistema de bem-estar social americano e do papel do Estado. Teriam sido descartadas como fora do espectro de possibilidades até há pouco. 2/13
Como foi que o impensável deixou de sê-lo? Não foi uma conversão ideológica de Joe Biden, que continua sendo o democrata pragmático que sempre foi. 3/13