Vou te falar, a única palavra que tenho para definir a atividade no Zapistão após o anúncio da reforma ministerial é "uma grande confusão". Pois, ao contrário do que os conspiracionistas pregam, Bolsonaro desagradou tanto militares quanto bolsolavistas com o movimento.
Quando olhamos para o ecossistema informacional bolsonarista detectamos três redes principais, neopentecostais, bolsolavistas e FFAA (incluindo-se ai os simpatizantes das forças).
Neopentecostais, tem tempo, já mostram seu descontentamento com o governo. A motocada que aconteceu aqui no Rio foi um marco desse processo; tanto que a seguinte, em SP foi "acelera para cristo"
As bases Bolsolavistas e FFAA ainda se mostravam resilientes, sempre recorrendo a elaborações secundárias para justificar as atitudes do Presidente - e sempre se atacando, importante ressaltar. Agora as coisas mudaram.
Desde o anúncio do Ciro Nogueira a atividade caiu absurdamente em diversos grupos intermediários (que não tem agentes dedicados a sua animação), em outros grupos o descontentamento com o leilão de cargos foi manifestado abertamente.
Já vi algumas comparações de Bolsonaro com políticos do PT, acusações de que ele nunca foi mesmo de direita, etc...
Importante observar para onde essa massa de descontentes vai migrar. Aposto que para muitos destes Bolsonaro foi a última esperança de uma mudança "democrática".
Eu prefiro ver as próximas pesquisas para falar sobre o impacto da entrada do Ciro Nogueira no governo Bolsonaro. Se por um lado a base tradicional não aceitou bem, por outro ele pode se valer da capilaridade do Centrão para retomar a sua popularidade em alguns lugares.
A única certeza de que eu tenho é a de que o jogo mudou bastante com o PP na Casa Civil. O Bolsonarismo foi fagocitando pelo Centrão, os Bolsolavistas foram os primeiros a sentir. Sumiram!
Como eu frisei no primeiro twitter, "em alguns lugares". Importante frisar que partidos como DEM e PP se beneficiaram do cenário eleitoral em 2020. O fiel da balança nessa equação será o PSD, mais concorrido que último pedaço de bolo. Não duvidaria nada se viesse de vice do PT.
Os militares não tem, jamais tiveram, qualquer compromisso com o povo Brasileiro, seus interesses sempre foram a manutenção dos seus próprios privilégios.
Para os militares o povo é massa subalterna ou inimiga.
Por esta razão são partidários da doutrina da guerra revolucionária, onde o inimigo se confunde com o povo que buscam "proteger".
Essa geração atual de militares não passe de um refugo da ditadura militar. Frustrados por não poderem usufruir dos poderes de seus antecessores, incluindo-se aí o poder de exterminar sistematicamente seus opositores políticos.
Acabou de sair o Código do Russo, um podcast narrativo sobre a ascensão e queda de Sérgio Moro. Sobre como ele se tornou o epicentro da Lava Jato, superministro da justiça, sobre como ele quase impôs ao Brasil uma verdadeira ditadura da toga.
Além do Spotify, o programa está nos principais agregadores de podcast. Eu participo do programa como roteirista e produtor, a narração é de @pacamanca e @alcysio, com a primorosa edição da @jesticacorrea.
Por falar do Código do Russo, eu e @alcysio participamos do @AntiCast para falar sobre o programa, explicar melhor a proposta, umas pequenas prévias do que vem por ai.
A indicação de Ciro Nogueira para a Casa Civil nem precisa se concretizar para demonstrar que, nesse momento, o governo de Jair Bolsonaro é apenas uma fachada para as negociatas do famigerado Centrão. O presidente reduzido ao papel de fiador da rapinagem, o clássico bucha.
Bolsonaro é o presidente perfeito para esse tipo de acordo. Um néscio político como ele depende da articulação de seus aliados para sobreviver. E os únicos que estão ali e são capazes disso são os seus aliados do famigerado Centrão.
Ainda, trata-se de um bufão. Capaz de atrair todas as atenções para si com apenas um gesto, atrai a raiva dos seus opositores e alegria de seus apoiadores. Enquanto isso, por trás dele, as negociatas são feitas.
É realmente impressionante a velocidade que as teorias conspiratórias circulam entre as esquerdas. Essa interpretação de que a aprovação e o veto do fundo eleitoral foi uma estratégia de marketing do Bolsonaro é o puro triunfo da paranóia.
Quem tá acompanhando os bastidores não muito ocultos da coisa toda sabe que o pau tá comendo em Brasília, que a base Governista está completamente insatisfeita com a mudança de posição do governo para fazer "bonito" nas redes sociais.
Quem acompanha os grupos bolsonaristas viu que eles tentaram emplacar uma forma, uma narrativa, capaz de permitir a Bolsonaro assinar o fundo sem sem se comprometer com isso. Como aconteceu no caso das igrejas. Mas nada colou.
Pessoal tem que parar de teoria da conspiração e analisar o que está rolando: Bolsonaro está com um cobertor curto nas mãos, ou agrada a base política ou a base popular. Está tentando um meio termo que pode deixar todo mundo insatisfeito.
"O acordo é uma forma de dar uma saída honrosa ao presidente, que ficou desgastado com a repercussão negativa do fundo eleitoral."