Pela reação da internet a eleição não vai ser decidida pela ocupação das ruas - pessoal já se refere aos atos de ambos os lados como "palhaçadas" -, mas por outros fatores, como respostas concretas aos problemas cotidianos dos cidadãos.
E isso deve representar uma mudança.
Uma mudança que já se desenhava nas eleições de 2020 (mais uma vez insisto que essa história de que eleições municipais são diferentes das federais é conversa). O eleitor médio parece um tanto cansado da ideia de uma disputa abstrata de ideologias.
E de fato sempre foi assim, a despeito do Pânico moral ter sido utilizado com muito sucesso em 2016/2018. Pela resposta dos grupos de superfície no zapistão a questão agora é outra para o eleitor: enquanto esquerda e direita brigam ele passa necessidades.
Por isso é importante saber ler os dados das pesquisas. Boa parte dos brasileiros não é exatamente contra o voto impresso. Só não sei se essa discussão é determinante numa eleição, na hora do voto. O eleitorado me parece muito mais preocupado com a realidade mais próxima.
Por esse motivo eu prefiro esperar as próximas pesquisas de popularidade para saber se a aproximação com o Centrão rendeu frutos ao projeto político de Bolsonaro. Uma vez que a ideia é, justamente, utilizar a capilaridade desses políticos para dar visibilidade aos trabalhos do GF
A espectativa é de que as mudanças no Bolsa Família alinhadas com essa visibilidade sejam capazes de garantir, ao menos, a viabilidade de Bolsonaro para 2022.
Esse cansaço do eleitor com as disputas abstratas e discursos distantes explicaria o rápido crescimento de Lula nas pesquisas (e joga por terra a repisadas tese do antipetismo como força motriz da ascensão das direitas).
Lula, me parece, é associado a um período em que ela qualidade de vida do cidadão brasileiro melhorou efetivamente.
Esse é, inclusive, um dos motivos do aumento da rejeição de Bolsonaro. Enquanto o povo passa necessidades, ele fica arrumando brigas imaginárias, inventando inimigos. O alcance dessa estratégia - julgando pelos grupos - está cada vez mais reduzido.
Mais uma vez, julgando pelos grupos que monitoro, essa é uma mensagem que também vale para as esquerdas. E se olharmos para o espraiamento de votos de algumas candidaturas veremos que a tendência parece ser bem sólida. A população quer respostas concretas, tudo indica.
Só deixando claro: não acho que se trate de uma relação puramente pragmática com o voto, ainda existe um constrangimento moral e outros valores envolvidos.
Por exemplo, acho muito difícil que alguém consiga se eleger para presidente e até mesmo para senador defendendo o direito ao aborto. Infelizmente essa é a realidade brasileira.
Lembrando que isso é um lamento estatisticamente comprovado. 41% dos brasileiros são contrários a qualquer tipo de aborto (pesquisa de 2019) e isso é um fator que parece contar muito na hora do voto (vide eleições de 2010).
Entrando no ar na twitch
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Eu jamais confiaria na palavra de um advogado que um dia considerou a Lava Jato uma operação legal, de um médico que defendeu cloroquina após todos os estudos e de um economista que apoiou o Paulo Guedes. Tratam-se de erros sem perdão.
Não são erros simples, vai. Qualquer um com o MÍNIMO de formação vê o tamanho desses embustes. Se o sujeito acreditou no Guedes, no papo furado desse sujeito, é de se desconfiar da qualidade da sua formação básica. O mesmo se aplica aos outros casos.
Ah, o mesmo se aplica a quem já chamou Olavo de Carvalho de filósofo.
Eu sempre fico para morrer com essas pessoas tripudiando gente que está passando fome ou numa situação precária por ter "votado errado". A gente tá falando de pessoas passando fome, de gente criando filhos com insegurança alimentar.
Eu digo, tem uma galera aí que só não adota a máxima do "direitos humanos para humanos direitos" por ela estar registrada pelo outro lado do muro.
Vai se foder, sério mesmo. Isso me revolta para um caralho. Pessoal tá com a cabeça tão enterrada nessa lógica beligerante das redes sociais que é INCAPAZ de ver um relato de sofrimento alheio sem expressar um deboche dessa sorte.
Zero paciência com teorias estapafúrdias (conspiratórias mesmo) que tentam explicar coisas tão complexas quanto o cenário político de uma nação do tamanho do Brasil como um "teatrinho" armado por esse ou aquele grupo. Com especial destaque para os militares.
Óbvio que os militares são uma força política, óbvio que eles tem ambições. Entre reconhecer isso e falar que tudo que está acontecendo não passa de uma estratégia promovida pela alta cúpula do exército passa um trem de carga inteiro.
Os militares são uma das forças que disputam o poder no Brasil, as vezes com maior ou menor vantagem. Sempre foi assim, inclusive durante a ditadura militar. Nem ali eles reinavam soberanos como muitos imaginam.
Vou te falar, a posse do Ciro Nogueira gerou um clima de funeral no zapistão. Por incrível que pareça, tinha gente em negação achando que a nomeação não aconteceria, tem gente falando da humilhação sofrida pelo Ramos, a palavra traidor apareceu algumas vezes.
A versão mais positiva sobre o evento foi "o governo está tão fraco que se tornou refém do centrão". Algumas pessoas não são tão complacentes, estão falando abertamente de traição, de que "não votaram nessa palhaçada".
Se isso vai repercutir estatisticamente é algo para se observar. Afinal, Bolsonaro pretende utilizar a capilaridade do Centrão para retomar alguma tração entre os mais pobres. Agora, o inegável é que a ascensão do Ciro Nogueira pegou todo mundo meio despreparado.
Digo e repito, presidências sobrevivem pela sua força ou fraqueza: Bolsonaro é talvez o maior exemplo da segunda opção. Seu governo, esvaziado, desesperado, se tornou apenas um hospedeiro do Centrão (que ele jurava combater).
Ao contrário do que dizem os teóricos da conspiração, nesse momento seu governo está tão enfraquecido que o Bolsonaro sequer é capaz de alocar recursos para a base política (isso está na mão do Lira) ou distribuir cargos (isso tudo vai para Nogueira, inclusive esse novos).
E tem quem diga que tudo isso não passa de um teatro organizado pelos militares ou pelo próprio Bolsonaro para desviar a atenção das esquerdas. Detalhe crucial, nos grupos de apoiadores a coisa tá patinando total.
Eu estou cantando essa bola tem um bom tempo, Guedes é a bola da vez no Big Brother Brasília. Ele pode até não ser demitido pelo Presidente, mas estão esvaziando o seu "superministério" de tal forma que só lhe resta chorar no chuveiro.
A insatisfação do Planalto com Guedes é notória desde, pelo menos, o começo de 2020. A pandemia deu uma sobrevida ao sujeito, mas a sua presença no governo, no melhor dos dias, era vista como um incômodo.
Guedes não apenas foi incapaz de entregar os tais trilhões de investimentos como prometeu ao governo, como sua atividade era vista como um entrave para as políticas que poderiam trazer popularidade para o presidente ou melhorar a sua articulação política.