A escalada bolsonarista não tem encontrado tração nas redes que acompanho. As sucessivas tentativas do presidente e aliados de emplacar a narrativa de que são alvos de uma "ditadura da toga" ou sobre a manipulação das eleições estão restritas aos grupos Bolsonaristas.
Minha metodologia de análise é o bom e velho "siga os atores em suas redes", eu basicamente monitoro grupos interligados que vão desde o "núcleo duro" bolsonarista - gente que produz propaganda, meme, etc... - aos "grupos de superfície" (grupos de futebol, games, etc...).
No meio destes estão grupos que chamo de intermediário, constituídos ao redor de temas que são caros ao bolsonarismo, como segurança pública (grupos de bairro, por exemplo).
Se até meados do ano passado as narrativas bolsonaristas ganhavam tração rapidamente e apareciam com força nos grupos de superfície, hoje, elas lutam para simplesmente aparecer nos grupos intermediários.
Nos grupos intermediários, o voto impresso e os ataques ao STF - incluindo-se aí as acusações de pedofilia dirigidas ao Ministro Barroso - estão reduzidos a ação individual de alguns mais exaltados. E isso é um bom sinal.
Em grupos de "traders" - muito alinhados com o Presidente -, a carta de empresários rechaçando Bolsonaro repercutiu mais do que qualquer coisa. Junto com a queda dos investimentos chineses no Brasil.
Como insisto: o apoio ao bolsonarismo nunca foi uniforme. Muito pelo contrário, uniu grupos completamente antagônicos. O pessoal ligado ao mercado financeiro, por exemplo, sempre achou uma temerário esse embate com os chineses; que agradava a tropa bolsolavista.
Contudo, a escalada bolsonarista parece desagradar a todos os grupos; seja por considerarem que existem outras prioridades no momento - "o presidente vive de polêmica e a gente morre de fome" -, seja por não concordarem mesmo.
Os grupos que poderiam se animar com a escalada, os intervencionistas, estão um tanto desconfiados com o governo, especialmente após a saída do Ramos da Casa Civil. Eles são os que mais odeiam o "Centrão" e entendem - com razão - que o governo, hoje, é o Centrão.
Por isso a narrativa está encontrando dificuldades de se espalhar. Sintoma disso, nas redes públicas, como Twitter, você vê indícios claros de ações coordenadas e com utilização de bots para subir # bolsonaristas.
O aspecto propriamente orgânico do movimento está se diluindo. E essa aspecto, ao contrário do que muitos acreditam, foi fundamental para a consolidação do Bolsonarismo. Não foi meme, não foi bot, foi o "tio", o "primo" que espalhou a mensagem de Bolsonaro por ai.
#CPIdaCovid hoje é um dia muito importante para a #CPIdaCovid. A Comissão interrogará o 02 do Ministério da Saúde durante a gestão de Pazuello, considerado por muitos o verdadeiro ministro. Nossa cobertura começa agora, 09:30.
O pessoal nem disfarça, a PF abrir um inquérito para investigar supostos vazamentos da #CPIdaCovid (depois do teatrinho do Marcos Rogério) é uma das coisas mais absurdas que eu já vi.
Já não há mais dúvidas do aparelhamento da PF. Mas eles perderam totalmente os pudores. Não é brincadeira, eu não duvidaria nada se essa investigação fosse para cima dos "internautas".
Os sujeitos inventaram que existe um "gabinete paralelo" da #CPIdaCovid. Não duvido mesmo que eles utilizem mais esse subterfúgio para irem para cima dos seus opositores políticos.
Hoje é dia de #CPIdaCovid, dia do Coronel Blanco, sujeito apontado como um dos envolvidos no esquema de cobrança de proprinas pelas vacinas. Nossa cobertura começa em instantes.
Bola rolando no estádio Mané Garrincha em Brasília. O Coronel Blanco já começa o seu depoimento tentando jogar o cabo capotador de Corsa debaixo de um caminhão. #CPIdaCovid
E a gente achando que a citação da Mia Kalifa era o fundo do poço, aí tivemos a citação do Superman Brasileiro na #CPIdaCovid
Pela reação da internet a eleição não vai ser decidida pela ocupação das ruas - pessoal já se refere aos atos de ambos os lados como "palhaçadas" -, mas por outros fatores, como respostas concretas aos problemas cotidianos dos cidadãos.
E isso deve representar uma mudança.
Uma mudança que já se desenhava nas eleições de 2020 (mais uma vez insisto que essa história de que eleições municipais são diferentes das federais é conversa). O eleitor médio parece um tanto cansado da ideia de uma disputa abstrata de ideologias.
E de fato sempre foi assim, a despeito do Pânico moral ter sido utilizado com muito sucesso em 2016/2018. Pela resposta dos grupos de superfície no zapistão a questão agora é outra para o eleitor: enquanto esquerda e direita brigam ele passa necessidades.
Eu jamais confiaria na palavra de um advogado que um dia considerou a Lava Jato uma operação legal, de um médico que defendeu cloroquina após todos os estudos e de um economista que apoiou o Paulo Guedes. Tratam-se de erros sem perdão.
Não são erros simples, vai. Qualquer um com o MÍNIMO de formação vê o tamanho desses embustes. Se o sujeito acreditou no Guedes, no papo furado desse sujeito, é de se desconfiar da qualidade da sua formação básica. O mesmo se aplica aos outros casos.
Ah, o mesmo se aplica a quem já chamou Olavo de Carvalho de filósofo.
Eu sempre fico para morrer com essas pessoas tripudiando gente que está passando fome ou numa situação precária por ter "votado errado". A gente tá falando de pessoas passando fome, de gente criando filhos com insegurança alimentar.
Eu digo, tem uma galera aí que só não adota a máxima do "direitos humanos para humanos direitos" por ela estar registrada pelo outro lado do muro.
Vai se foder, sério mesmo. Isso me revolta para um caralho. Pessoal tá com a cabeça tão enterrada nessa lógica beligerante das redes sociais que é INCAPAZ de ver um relato de sofrimento alheio sem expressar um deboche dessa sorte.