Um brilhante fio de @sailorrooscout discutindo sobre células B de memória induzidas por vacina de RNA, que continuam a aumentar em frequência pelo menos (mas não somente) por 6 meses, MESMO com a queda de anticorpos circulantes!
Antes de tudo: @sailorrooscout com certeza é meu perfil favorito de fora do país para acompanhar a pandemia e as vacinas. Sigam esse perfil, é super tranquilo usar a ferramenta de tradução do twitter!
Em outro fio, tinha comentado um pouco do papel de células na formação da resposta celular, e comentei que a queda de anticorpos circulantes é algo ✨esperado✨ e, graças a presença de células de memória, uma nova onda pode ser produzida se necessário
Num artigo da @Nature observando a presença da resposta em pessoas recuperadas de COVID-19, observou-se que 7 meses após o início dos sintomas, as células de memória estavam presentes, estáveis e reconhecendo o SARS-CoV-2
É importante destacar que, mesmo recuperados, essas pessoas com histórico de COVID-19 precisam se vacinar. As vacinas fornecem uma imunidade mais abrangente (contra diversas variantes) e reforçará ainda mais essa proteção, tornando-a robusta e duradoura
No preprint, os autores analisaram:
🔹 anticorpos neutralizantes e de ligação
🔹células B de memória
🔹células T CD4 + e CD8 + de memória
Durante 6 meses após a vacinação por vacina de mRNA conforme a imagem ilustrativa abaixo:
Como já se sabe, vacinas de RNA geram uma resposta significativa de anticorpos contra a proteína Spike e contra o RBD, elemento importante para a interação do vírus com moléculas das nossas células. Essas respostas foram altas em pessoas com e sem histórico de COVID-19
Observa-se na figura acima que esses níveis de AC circulantes vão diminuindo com o tempo, o que é completamente esperado. Não significa perda de proteção. Na presença de células de memória, uma nova onda de AC pode ser formada se o organismo precisar dessa defesa
Esses níveis de AC circulantes, e seu esperado decaimento, tem uma dinâmica diferente se observamos frente a variantes como a B.1 e a B.1.351 (#Beta). Mas recai no mencionado acima: esse declínio é esperado, e não indica perda de proteção
Mesmo observando este declínio, as amostras dos participantes tinham AC acima do limite de detecção, mesmo após 6 meses da vacinação. Lembrando que 6 meses não é um prazo máximo. É o tempo que o artigo analisou. Ou seja, é pelo menos (mas não somente) 6 meses!
Análise das células de memória: um aumento contínuo na frequência de células B de memória contra a Spike e o RBD foi observado de 3-6 meses após a vacinação, com níveis estáveis em 6 meses após a 💉 tanto no grupo com, quanto no sem histórico de infecção passada por SARS-CoV-2.
Também se estudou características dessas células B geradas. Uma que chamou a atenção, mostrada na fig. F, é a transição que é observada, para uma população de células B de memória maduras em repouso. Aquelas vigilantes, altamente especializadas, esperando para nos defender 🛡️
De uma forma geral, esses dados demonstram que as vacinas de mRNA induzem uma população de células B de memória que são duráveis por pelo menos 6 meses após a 💉e que são capazes de produzir rapidamente anticorpos funcionais contra SARS-CoV-2 se estimuladas!
Análise das células de memória em relação às #VOC: os autores também investigaram essas dinâmicas considerando as variantes de preocupação (VOC):
🔹#Alfa (B.1.1.7)
🔹#Beta (B.1.351)
🔹#Gama (B.1.617.2)
Os autores observaram que células B de memória específicas para as regiões NTD, RBD e S2 (componentes da Spike) do SARS-CoV-2 são geradas e permanecem estáveis após 6 meses da 💉
De uma forma geral, os dados indicam memória robusta de células B para vários componentes da proteína Spike, bem como #VOCs atualmente circulantes. Essa resposta continua a evoluir e aumentar em frequência ao longo do tempo
O artigo tem uma parte incrível falando da hipermutação somática, bem como dos clones de células B gerados nessa resposta. Em termos gerais, a hipermutação somática é um mecanismo de mutação das células que faz com que o sistema imunológico se adapte a novos elementos invasores
Isso permite que nossas células consigam gerar anticorpos específicos contra qualquer invasor que elas forem apresentadas ao longo de toda a nossa vida. Imaginem quantos desafios imunológicos passamos?! É um mecanismo incrível de adaptação
De uma forma extremamente geral, os dados indicam que a evolução e seleção contínuas desses clones celulares poderiam, portanto, facilitar a proteção cruzada contra diferentes #VOCs. Trabalhos futuros precisam ser feitos para caracterizarmos isso em diferentes contextos
Ainda, em relação às células T, os dados mostram que o componente durável (visto após 6 meses) é largamente constituído de células Th1, uma importante resposta contra agentes infecciosos intracelulares, como vírus
Resumidamente, o artigo adicionou dados quanto as principais relações temporais entre os diferentes componentes da resposta imune humana que estão associados à memória imune de longo prazo após a vacinação de mRNA.
Em resumo, esses estudos demonstram que as vacinas de mRNA induzem uma memória imune durável para o SARS-CoV-2 que continua a evoluir ao longo do tempo. O artigo investigou o período de 6 meses, mas essa resposta pode perdurar por mais tempo.
O declínio dos títulos de anticorpos ao longo do tempo provavelmente reduz o potencial de evitar a infecção. Mas a durabilidade da imunidade celular contribui para respostas rápidas que podem limitar a replicação viral inicial e a disseminação pelo corpo, evitando doenças graves
Ainda, o artigo destaca o benefício da vacinação em indivíduos previamente expostos ao vírus (recuperados), mostrando respostas maiores para alguns componentes. Portanto, pessoas recuperadas DEVEM se vacinar!
Ainda, os autores sugerem, a partir dos dados, que doses adicionais da vacina poderão ajudar nessa questão dos anticorpos circulantes, pois a presença das células de memória seria durável, mesmo com a queda esperada dos AC circulantes
Portanto, essa revacinação pode ajudar a manter uma proteção mais prolongada contra a infecção, com o indivíduo tendo uma proteção contra formas graves da doença já presente induzido pelo regime completo da vacina. Isso é importante no contexto de pessoas mais vulneráveis
Como mencionei nesse fio aqui, é possível que algumas populações precisem de uma 3ª dose, como idosos e pessoas com imunocomprometimento/imunossupressão. Mas existem muitos pontos dentro dessa discussão:
Será importante examinar se existem dinâmicas semelhantes após outros tipos de reforço imunológico, incluindo regimes de reforço de vacinas homólogas e heterólogas.
@sailorrooscout respondeu, no seu fio, algumas perguntas com o "e para a AZ? Janssen? Novavax?": provavelmente uma dinâmica similar é vista. No caso de vacinas de vírus inativado, sabemos que existe resposta celular, mas precisamos de mais dados ao longo do tempo
E termino o fio com a brilhante quote de @sailorrooscout : não é somente só sobre anticorpos (a proteção)!
A gripe aviária é uma preocupação de longa data e, com mais hospedeiros diversos e próximos de nós, como o gado leiteiro, especialistas buscam estimar riscos de uma nova epidemia em humanos
Vamos fazer um giro nos RISCOS e dados 👇🧵
Em um post, a epidemiologista @dr_kkjetelina trouxe uma ilustração de onde nós estaríamos em um "caminho a ser percorrido" pela gripe aviária até se transmitir entre humanos.
A imagem dá uma noção importante sobre o cenário atual e é importante trazer alguns contextos:
1) Casos esporádicos em humanos são vistos desde 2003, possivelmente a partir de contatos com as secreções de animais infectados (como aves, por exemplo)
Vamos falar SÉRIO, SEM SENSACIONALISMO sobre uma importante novidade: a detecção de um novo coronavírus na China, com características parecidas com coronavírus humanos conhecidos e se temos risco de uma pandemia dele
Fica no fio para entender essa notícia e contexto 👇🧵
Vamos ao que o artigo mostrou: a descrição do HKU5-CoV-2, descoberto em MORCEGOS.
Ou seja, quando alegam que foi encontrado em um "laboratório Chinês", na verdade foi descoberto por estes pesquisadores, mas o vírus em si foi achado na NATUREZA, em morcegos.
O que preocupa? O HKU5-CoV-2 (ou segunda linhagem do HKU5-CoV) tem POTENCIAL de usar uma porta de entrada "parecida" com aquela que outros coronavírus que infectam humanos, o receptor ACE2 humano.
Portanto, há um potencial em infectar humanos, mas ainda não comprovado
Vou tentar fazer um resumo para não ficar tão grande, bora y bora 👇🧵
METAPNEUMOVÍRUS (HMPV)
Desde meu último fio, a análise de risco global de uma pandemia desse vírus segue sendo baixa, segundo a OMS, mas a situação está sendo monitorada no mundo e no Brasil.
No Hemisfério Norte, com a chegada do inverno, é vista a co-circulação de diversos patógenos respiratórios, como influenza, Vírus Sincicial Respiratório (RSV), Mycoplasma pneumoniae, HMPV. Também segue havendo casos de Covid-19 who.int/westernpacific…
Foi noticiada, recente e infelizmente, a morte de um menino de 13 anos, cujo quadro foi agravado pela infecção por vírus Influenza A e uma bactéria conhecida que, em casos graves, pode levar a necrose de tecidos embaixo da pele
Falaremos da bactéria Streptococcus pyogenes 🧵👇
Antes de tudo: este fio tem caráter informativo, trazendo dados sobre a bactéria em questão, sinais e sintomas, prevenção e tratamento. As questões relacionadas a condução de caso não serão tratadas aqui, tá bom? Imagino que isso será analisado por especialistas daqui pra frente
Streptococcus pyogenes é classificada como gram-positiva e beta-hemolítica (duas informações relevantes para a escolha de quais recursos - meios de cultura- usar para ajudar em seu diagnóstico)
Ela é bem conhecida e é o principal patógeno bacteriano específico do ser humano
DENGUE NO BRASIL: com diversos municípios de SP declarando emergência, a Dengue já mostra que 2025 será um ano desafiador para seu enfrentamento, e nesse fio, vamos falar sobre SINAIS DE ALERTA, PREVENÇÃO, VACINAS E REPELENTES
Bora? 🧵👇
O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
Sabemos que o início do ano é marcado por um aumento de casos de arboviroses, pelas temperaturas mais altas, períodos mais frequentes de chuva, etc
🚨com a crise climáticas, surtos maiores e em regiões antes chamadas de "frias" se tornam mais frequentes
Mas há (mais) outros agravantes:
▪️ uma maior dispersão do DENV-3, com aumento significativo em SP, AP, MG e PR
por circular menos em anos anteriores, grande parte da população é suscetível ao DENV-3, dado que os que mais tem circulado, ao longo dos anos, são o DENV-1 e 2.
NOROVÍRUS pode estar por trás dos casos de diarreia e gastroenterites vistos especialmente no litoral de SP, mas é importante falarmos desse vírus pois estamos num período em que casos são esperados em diversos locais
Tudo sobre esse vírus 🧵👇
O Norovírus é um vírus entérico da família Caliciviridae e a principal causa viral de vômito, diarreia e doenças transmitidas por alimentos nos Estados Unidos, segundo o CDC. Aqui no Brasil, também é um grande causador dessas condições