Em evento negacionista do Instituto Villas-Bôas, Alexandre Garcia repete pérola que soltou há alguns anos: "o problema do tratado de Paris é que o Sol não assinou"
Ora, mas o Sol tem um ótimo motivo. Ele não tem NADA A VER com o que está acontecendo! Bora de fio!
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O Sol é, como todos sabemos, a fonte primária de energia para o sistema climático da Terra e de todos os demais planetas que o orbitam. Mas a quantidade de energia que chega a partir dele é apenas um dos fatores que determinam o clima. 1/n
O ALBEDO também é importante. Cerca de 30% da luz solar que chega à Terra é devolvida ao espaço, refletida principalmente pelas nuvens que cobrem parte do nosso planeta, pelos aerossóis e por superfícies claras como a areia dos desertos e, principalmente, o gelo das calotas.
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Mas a Física mostra que, se a historinha parasse por aí, com a Terra recebendo luz visível e emitindo infravermelho diretamente da sua superfície para o espaço, a temperatura média da superfície da Terra seria de gélidos -18°C. O EFEITO ESTUFA também é fundamental!
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Existem mais coisas entre o espaço e a Terra do que moléculas de Nitrogênio e Oxigênio Alguns gases, minoritários em nossa atmosfera (principalmente vapor d’água e CO2) têm a propriedade física de absorver (e reemitir) infravermelho. Isso faz toda a diferença!
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Cerca de 30% do infravermelho que a superfície emite não consegue escapar e fica dentro do sistema! Graças a isso, a temperatura da Terra fica cerca de 33°C acima do que seria recebendo a mesma radiação solar e com o mesmo albedo, mas sem gases de efeito estufa na atmosfera! 5/n
Qualquer mudança substancial em qualquer um desses fatores é capaz de produzir grandes mudanças no clima. Se a intensidade de luz solar aumentar, o albedo diminuir ou o efeito estufa se intensificar, a Terra aquece. Adivinha qual o único deles que está mudando rapidamente?
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Será que é a quantidade de luz solar? Não. Não mesmo. Ele tem um ciclo de aproximadamente 11 anos e a ocorrência de alguns mínimos prolongados. Mas a AMPLITUDE dessas variações é MUITO PEQUENA em comparação com o total. O 6º relatório do IPCC mostra isso muito bem. 7/n
Além disso, nos ciclos solares, o aumento e a redução terminam se cancelando. Não há de fato qualquer correlação entre a atividade solar e o aquecimento observado em nosso planeta, vide climate.nasa.gov/faq/14/is-the-…
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Seria o albedo? Também não. Por exemplo, os vulcões podem lançar muito material que produz aerossóis que permanecem meses e até anos na estratosfera, refletindo mais luz solar. Mas quando esse efeito cessa, a tendência é as temperaturas retornarem aos valores anteriores.
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O único fator que tem mudado de maneira substancial e na mesma direção é a intensidade do efeito estufa, com o aumento das concentrações de CO2, metano etc. Com 417 ppm de CO2 estamos totalmente fora dos limites naturais das últimas centenas de milhares e até milhões de anos! 9/n
O efeito de um aumento de 47% na quantidade de CO2 em relação aos tempos pré-industriais significa que a atmosfera absorve mais infravermelho ("prende mais calor") a uma taxa de 2,16 W/m². Somando todos os efeitos antrópicos, o desequilíbrio chega a 2,72 W/m². 10/n
Mas isso é muito ou pouco? Façamos as contas! Multiplicando pela área da superfície do planeta, isso equivale a armazenar a energia da explosão de 21 bombas de Hiroshima A CADA SEGUNDO, ou 70 MILHÕES dessas bombas por ano! 11/n
No nosso canal já publicamos um vídeo em que mostramos o papel isolado de cada fator climático, incluindo naturais e antrópicos. Os dados não são atualizados, mas na essência o vídeo permanece correto (o efeito dos gases, na verdade, só aumentou!).
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Conclusão?
Assim como no que diz respeito à pandemia, o que o Sr. Alexandre Garcia fala sobre clima é puro NEGACIONISMO. Zero ciência, zero seriedade, zero ética.
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"A temperatura global na superfície continuará a subir até pelo menos meados do século em todos os cenários de emissões considerados. O aquecimento global de 1,5°C e 2°C será excedido durante o século XXI, a menos que reduções profundas nas emissões de CO₂ (...)" 5/9
"Muitas mudanças no sistema climático tornam-se maiores em relação direta ao aumento do aquecimento global. Eles incluem aumentos na frequência e intensidade de extremos de calor, ondas de calor marinhas e fortes precipitações, secas agrícolas e ecológicas (...). 6/9
"Muitas mudanças causadas pelas emissões passadas e futuras de gases de efeito estufa são irreversíveis por séculos a milênios, especialmente mudanças no oceano, mantos de gelo e nível do mar global." 7/9
As alterações no clima, segundo o novo relatório do IPCC:
- INEQUÍVOCAS
- SEM PRECEDENTES
- EXTREMAS
- CONTÍNUAS
- PROFUNDAS
- EM PARTE, IRREVERSÍVEIS
- MÚLTIPLAS E SIMULTÂNEAS
E, ainda assim,
- ENFRENTÁVEIS
Bora de fio? 👇🧶
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" É inequívoco que a influência humana tenha aquecido a atmosfera, oceanos e continentes. Mudanças generalizadas e rápidas na atmosfera, oceano, criosfera e biosfera têm ocorrido" 2/9
"A escala das mudanças recentes no sistema climático como um todo e o estado atual de muitos de seus aspectos de seus sistema climático não têm precedentes ao longo de muitos séculos a muitos milhares de anos." 3/9
"É inequívoco que a influência humana aqueceu a atmosfera, oceanos e continentes. Mudanças rápidas e generalizadas na atmosfera, oceano, criosfera e biosfera têm ocorrido."
O AR6 (sexto relatório de avaliação) do @IPCC_CH está disponível e iremos destrinchar tudo pra vocês.
Em quanto aumentou a concentração de gases de efeito estufa desde o AR5 (publicado em 2013 com dados de 2011) para o AR6 (com dados de 2019)?
CO₂ (+19 ppm): 4,86%
CH₄ (+63 ppb): 3,49%
N₂O (+8 ppb): 2,47%
Num piscar de olhos!
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E quanto ao aquecimento?
Segundo o AR6, a temperatura média global na superfície esteve, no período 2011-2020, 1,09°C acima dos níveis de 1850–1900, com aquecimento mais acelerado sobre os continentes (1,59°C) do que sobre os oceanos.
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LIMITES PLANETÁRIOS, PARTE 4 - OCEANOS, ALÉM DA ACIDIFICAÇÃO
Hoje seguimos com a série de fios sobre os limites planetários. Vem com a gente! 🧶👇
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Em virtude do aumento de concentração de CO2 atmosférico e das mudanças climáticas associadas a ele, os oceanos têm sofrido grandes violentas durante o Antropoceno.
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Por absorverem cerca de 93% do calor acumulado por conta do superaquecimento global, têm sido observadas alterações significativas de temperatura e consequentes mudanças nos modos de variabilidade climática e até em padrões de circulações oceânicas de grande escala.
3/17
Um dos "pontos de inflexão" do sistema climático pode ter sido atingido (ou próximo disso): a circulação de revolvimento meridional do Atlântico (AMOC). Bora explicar rapidinho em mais um fio... 1/9 theguardian.com/environment/20…
A AMOC é parte da "circulação termohalina", conjunto de correntes oceânicas de grande escala induzidas por gradientes de temperatura e salinidade. 2/9
A água quente dos trópicos se desloca para o norte pela AMOC e transporta calor por largas extensões do oceano. Ela condiciona o clima nas regiões vizinhas e é fundamental para redistribuição de energia e umidade entre equador e polos. 3/9
Depois de uma sucessão de enchentes na Alemanha, Bélgica, China e Omã, o planeta está em chamas: Turquia, Grécia, Itália, EUA, Bulgária... Segue o fio 🧶👇
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O cenário na Turquia é de um verdadeiro apocalipse após os incêndios.
2/11
Oito mortes, milhares de pessoas evacuadas, impacto severo sobre a vida silvestre, usina termelétrica atingida...
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