Thread by @tatikmd

você já deve saber que a gente não apenas é rastreado na internet – nós também somos direcionados para conteúdos e objetivos específicos. cada vez mais sofisticadas, tecnologias de monitoramento e perfilamento são usadas quase sem controle público. a china quer mudar isso +

o país está discutindo uma proposta pioneira de regulação de algoritmos de recomendação. "ah mas a china censura bibibibobobó". calma. na proposta, há várias ideias inovadoras, como a que os usuários poderão ver e escolher com quais palavras estão sendo perfilados.+

a política também propõe que algoritmos não podem ser usados para determinar preços diferentes com base em hábitos de consumo. por exemplo: passagens aéreas. sites podem rastrear até de que aparelho você está acessando a internet para subir o preço – isso ficaria proibido. +

os usuários também terão de ser informados se um algoritmo está sendo usado para recomendar conteúdo ou produtos – e podem escolher sair disso, se quiserem. também há recomendações especiais de cuidado com crianças, como a proibição de induzir vícios. +

bloomberglinea.com.br/2021/08/27/chi…

essa thread aqui (em inglês) tem vários outros detalhes da proposta. vale demais a leitura+

https://twitter.com/kendraschaefer/status/1431134515242496002

é muito fácil classificar medidas regulatórias como controle ou censura, especialmente se o ator é a china. me pergunto, porém, se os modos de navegação viciada, vigiada e controlada por algoritmos para gerar lucro que estamos acostumados tb não são um sistema brutal de controle+

é natural que a iniciativa desperte temores de censura ao debate político – há histórico para isso. mas a proposta parece ir em direção ao controle de monopólios para preservar a competição e impedir violações de direitos do consumidor. epocanegocios.globo.com/Mundo/noticia/…

é algo que o ocidente-paladino-da-liberdade deveria ter feito há muito tempo em relação às big techs. mas, em nome do ideal do vale do silício, fomos condescendentes demais com a concentração de poder, fusões e aquisições e coleta massiva de dados impostos por essas empresas.+

como não regulamos, ficamos presos a sistemas desenhados por poucos e poderosíssimos atores, que controlam as plataformas de debate público, monitoram absolutamente toda nossa vida e moldam nossos hábitos de consumo e até comportamentos sem que a gente seja informado sobre isso.+

há pontos de preocupação na proposta chinesa: a dificuldade de implementação técnica e possível censura, por exemplo. mas ela abre um debate fundamental no mundo hoje – que merece ser visto além da lente ocidental que se acha livre de qualquer controle (mas também é controlada).