Sobre o vexame de Bolsonaro na ONU: O seu discurso não apelou para a sua base mais "radical"; isso significaria coisas ainda mais absurdas como, sei lá, usar o púlpito para decretar o fechamento do STF. Bolsonaro fez um discurso para o espelho, para si mesmo.
Pessoas que já tiveram e tem o desprezar de conviver com o sujeito afirmam que ele realmente acredita na maioria das baboseiras que repete. Que ele é uma espécie de bufão paranoico, destes que confunde a própria burrice com inteligência.
Sempre bom lembrar - pois estamos na internet - que isso não diminui a sua responsabilidade em absolutamente nada. Muito pelo contrário.
Enfim, o que nos importa é que nesse momento o sujeito vive em uma espécie de realidade paralela, ele de fato acredita que as pesquisas são manipuladas e de que ele não apenas é popular como o país está melhorando.
Esse "isolamento" é amplamente estimulado pelos mais próximos, alguns por também compartilharem dessa fantasia, outros para se aproveitar e alguns por puro receio da reação presidencial.
Lembram do caso do INPE, quando os índices de desmatamento foram "vendidos" pelo presidente como informações falsas plantadas por ONGs? Pois então, esse é o padrão do governo, informações que contradizem essa realidade são interpretadas como "tática inimiga".
Índices negativos são deliberadamente "escondidos" do presidente por medo de retaliação. Sim, retaliação. Pois sabem que ele não apenas não vai acreditar naquilo, como pode "punir" as equipes por pura e simples paranoia.
Voltando ao discurso: não se tratou de tática política ou eleitoreira, tratou-se de um presidente discursando para si, repetindo as próprias fantasias. E isso é muito, mas muito pior.
Bolsonaro foi para a tribuna da ONU defender a cloroquina, a ivermectina, pois realmente acredita possuir a cura secreta da doença, acredita na existência de uma conspiração da "big pharma".
Estamos no Brasil, um dos países com maior adesão vacinal do mundo, maior até do que os chamados "países desenvolvidos". Estratégia eleitoreira seria deixar a cloroquina para lá, fingir que nunca teve nada com isso, e se vacinar.
Boa parte do seu (antigo?) eleitorado apoia a vacina, muitos comemoraram a vacinação, especialmente a imunização. O apelo da cloroquina já passou, não temos mais uma população desesperada que precisa se apegar a placebos para poder sair de casa para trabalhar.
Enfim, digo, insisto e repito: Bolsonaro é o tipo ideal do seu próprio eleitorado, ele seria o primeiro a votar em si mesmo. Mas pessoas como ele não são maioria nem mesmo entre seus apoiadores, pois esse mundo de fantasias está cada vez mais insustentável.
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Hoje será um dia tenso na #CPIdaCovid, senadores e senadoras ouvirão o diretor da Prevent Senior, empresa acusada, entre outras coisas, de utilizar doentes como cobaia de experimentos de "tratamento precoce". Nossa cobertura começa agora, 09:45.
Entramos no ar em breve para mais um dia de cobertura da #CPIdaCovid, hoje com o chefe do CGU, apontando como prevaricador por integrantes da CPI. Ainda, vamos acompanhar o vexame de Bolsonaro na ONU.
Por mais que você acredite nessa bobajada pueril de que o PT instaurou uma "cleptocracia" no Brasil não há, repito, não há comparação possível com o Bolsonarismo.
Lembra daquela vez que o país parou de produzir remédios para tratamento contra o câncer por falta de recursos enquanto só aumentava os benefícios para os militares e torrava bilhões em um orçamento secreto para comprar uma base política? I
Lembram quando o filho do Lula foi morar na mansão de um laranja da família? Ou quando todos os seus outros filhos estavam envolvidos em esquemas de desvio de dinheiro público.
Essas leituras sobre a possibilidade ou impossibilidade de uma terceira via nas eleições de 2022, no geral, ignoram a realidade da política e da população brasileira. E depois se lançam em elaborações secundárias para dar conta do fracasso.
Para começar o fato de você ter dois candidatos preferenciais não quer dizer que a sociedade brasileira (e a política) esteja dividida em duas identidades políticas bem definidas. Na verdade, a própria noção de identidade política já é problemática.
Não existe O Eleitor, A Eleitora desse ou daquele candidato, Lula ou Bolsonaro, existem eleitores. As razões que levam uma pessoa a optar pelo voto em um ou no outro vão muito além (ou aquém) da simples identificação política.
O que me espanta não é o Pablo Ortellado escrever (mais) essa mistura de senso comum com contrasenso comum (marinado com aquele preconceito classista típico). O que me espanta é ele receber para fazer isso.
O texto é aquela desgraça habitual, demostra com maestria a sua ignorância completa em ciência política, sociologia e história. Platinou!
Poderíamos falar sobre ignorância no uso do termo Populismo, o desconhecimento histórico dos movimentos fascistas (mas o Bolsonarismo não é fascista, né?)
Alguns breves comentários sobre a última pesquisa do Datafolha. A primeira delas é que ela não ocorre apenas após o 7 de Setembro, ela ocorre após um intenso investimento na propaganda do Presidente.
E não estou falando apenas dos rios de dinheiro destinados a viabilizar o 7 de Setembro, mas também na "mala direta" feita pelos seus aliados políticos, incluindo-se aí não apenas os políticos, mas figuras como pastores alinhados.
Desde as motocadas, um pouco antes disso, na verdade, a piora da aprovação do presidente já era perceptível nos grupos evangélicos, de janeiro para cá a reprovação sua reprovação subiu 11 pontos, e hoje está superior (41%) à sua aprovação (29%).