publicamos a última reportagem da série sobre tecnoautoritarismo, parceria do @TheInterceptBr com a @DataPrivacyBr que eu tive o prazer de coordenar e editar. desta vez, saímos da esfera federal e mostramos as máquinas de encarcerar da Bahia. theintercept.com/2021/09/20/rui…
separadamente, as matérias dessa série trazem um mosaico de iniciativas que mostram os problemas comuns no aumento da vigilância estatal sobre os cidadãos: falta de regulação, controle e transparência, coleta de dados abusiva, troca de infos com a iniciativa privada.+
em conjunto, mostram que o cenário começou bem antes de Bolsonaro, ainda em governos Dilma e Temer. políticas públicas aparentemente bem intencionadas podem se transformar em poderosas ferramentas de vigilância e violação se um governo com tendências autoritárias assumir o poder+
também mostram como, principalmente a partir de Temer, as forças armadas se fortaleceram e ganharam relevância e papeis fundamentais em atividades de inteligência, com acordos que prevêem colaboração com outros órgãos de investigação – e sem escrutínio público +
se a criação de um aparato de vigilância é preocupante sob um governo democrático – com todas as limitações da nossa democracia que conhecemos bem –, nas mãos de um autoritário é o horror. temos tecnologias, legislações e programas de centralização de dados. tudo prontinho.+
você já deve saber que a gente não apenas é rastreado na internet – nós também somos direcionados para conteúdos e objetivos específicos. cada vez mais sofisticadas, tecnologias de monitoramento e perfilamento são usadas quase sem controle público. a china quer mudar isso +
o país está discutindo uma proposta pioneira de regulação de algoritmos de recomendação. "ah mas a china censura bibibibobobó". calma. na proposta, há várias ideias inovadoras, como a que os usuários poderão ver e escolher com quais palavras estão sendo perfilados.+
a política também propõe que algoritmos não podem ser usados para determinar preços diferentes com base em hábitos de consumo. por exemplo: passagens aéreas. sites podem rastrear até de que aparelho você está acessando a internet para subir o preço – isso ficaria proibido. +
A ex-cientista de dados do Facebook Sophie Zhang encontrou um esquema de manipulação que permitia a políticos inflarem artificialmente páginas. Achou inclusive indícios desse esquema aqui no Brasil, bem no ano da eleição vocês sabem de quem.+
Para surpresa dela, o Facebook não removeu os likes e comentários falsos, que continuaram alimentando os algoritmos. Foi só UM ANO DEPOIS que a rede social deu alguma importância e criou uma política de remoção comportamento inautêntico. Mas era capenga.+
Não havia ninguém responsável, então Zhang decidiu assumir. Encontrou e manipulação política no Facebook em vários países. No Azerbaijão, era usada para intimidar a oposição. Ela viu, por dentro, como a rede social foi usada para inflamar os protestos na Bolívia. Perdeu o sono.+
Um telegrama diplomático mostra que, em 18 de janeiro, o embaixador brasileiro na Índia relatou ao governo Bolsonaro que havia baixa adesão à campanha de vacinação com Covaxin.
Ele avisou que a vacina teve um "processo alegadamente opaco de autorização para uso emergencial".
Para receber a vacina, os indianos tinham de assinar um termo de responsabilidade que alertava sobre o "status de testes clínicos da vacina, dados sobre sua eficácia" e previa até compensação da fabricante em casos de reações adversas graves.+
Por causa disso, relata o embaixador, "autoridades relataram relutância nos receptores das doses em assinar o termo de responsabilidade". Isso teria levado, segundo ele, "a índices abaixo de 50% de cumprimento das metas nos centros em que essa vacina era oferecida".+
Contei no @TheInterceptBr que os 12 canais investigados no inquérito dos atos antidemocráticos do STF faturaram, juntos, o equivalente a R$ 6,9 milhões de reais em dois anos. Tudo isso regado à publicidade servida pelo YouTube, que também dividiu os lucros.+
'Nossa, mas vocês descobriram a monetização agora?', pergunta o leitor irônico. Não. Nós acompanhamos há bastante tempo. E também denunciamos que há uma indústria de fake news que se aproveita da suposta ~isenção~ da plataforma para ganhar dinheiro sem ser incomodada.+
O Google afirma que só corta a monetização e os canais que violam suas diretrizes. Entendo a preocupação com a liberdade de expressão. Mas não estamos falando apenas de canais conservadores, como eles se autodefinem. Estamos falando de influenciadores abertamente golpistas.+
a construção de Itaipu foi propagandeada como grande feito da ditadura. nós já sabíamos das inúmeras violações de direitos humanos nas obras. agora, descobrimos também que o estado controlava uma zona de prostituição para 'acalmar' os barrageiros, um monte de homens solteiros. +
a zona de prostituição era considerada importante para manter a produtividade dos homens que trabalhavam no local. e era controlada de perto pelo estado: a polícia fiscalizava as prostitutas, seus exames, as boates. e recolhia uma taxa mensal, que era usada para compra de armas.+
menos eficiente, no entanto, era a garantia de métodos anticoncepcionais – uma legião de crianças nasceu na cidade naquela época. abortos clandestinos, crianças abandonadas e adoções ilegais aconteceram aos montes. não havia assistência nenhuma do estado para aquelas mulheres.+
"Como seria impossível para o fascismo ganhar as massas por meio de argumentos racionais, sua propaganda deve necessariamente ser defletida do pensamento discursivo; deve ser orientada psicologicamente, e tem de mobilizar processos irracionais, inconscientes e regressivos."
"A agitação fascista está centrada na idéia do líder, não importando se ele lidera de fato ou se é apenas o mandatário de interesses do grupo, porque apenas a imagem psicológica do líder é apta a reanimar a idéia do todo-poderoso e ameaçador pai primitivo."
"Um dos dispositivos básicos da propaganda fascista personalizada é o conceito do 'grande homem comum' alguém que sugere tanto onipotência quanto a idéia de que é apenas um de nós."