O que o Ipec e o Datafolha, os dois melhores institutos confirmam é (1) vitória de Lula em 1° turno nos cenários mais prováveis; (2) estabilização do quadro desde o meio do ano. Há mais coisas (1/7):
O Datafolha foi mais longe e testou quatro cenários de 1° turno. Lula só não leva antecipadamente em 2, com muitos candidatos. Esses cenários são, no entanto, improváveis sob as atuais regras. Os partidos não tendem a lançar candidatos próprios (2/7).
Hoje, lançar candidato a presidente significa ter menos dinheiro para eleger deputados. Imaginar que o MDB ou o DEM banquem candidaturas é, por exemplo, apostar em algo bem difícil (3/7).
Em um cenário só com os principais candidatos, Lula leva de cara, porque Ciro e Dória não têm voto por ora. Os números de Dória no governo de São Paulo, inclusive, são bem ruins. Ciro até teria potencial, mas o discurso está fora de sintonia (4/7).
Estrategistas de Lula hoje consideram fechar a fatura logo. Mas o momento exige apontar com mais contundência o impacto dos anos Bolsonaro, mas dialogando com setores específicos. Homens e evangélicos são setores importantes para definir essa eleição (5/7).
É preciso enfrentar as questões que se somam e, por incrível que pareça, tiram mais votos que a Pandemia: carestia, desemprego e apagão. Isso tem de ser explorado de forma mais clara e sistêmica entre os nichos que podem definir a eleição em 1° turno (6/7).
Sobre a política, acho que Bolsonaro ser impedido seria bom de qualquer modo e em qualquer situação. Porque hoje, a única coisa que ele faria seria tornar a votação de 2022 tumultuada (7/7).
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Teremos eleições na Alemanha e a social-democracia lidera, com grandes chances de encabeçar a próxima coalizão. Isso é uma surpresa para muitos, quando se supunha que Merkel faria sucessor direto, agora que se aposenta, mas é mais confuso do que isso (1/7).
Merkel, apesar de ser amplamente celebrada pela mídia global, está longe de ter sido um fenômeno de massas (nunca conseguiu vencer uma eleição sem depender de uma coalizão), resultados (a Alemanha se manteve estável, mas não teve nenhum boom) ou político (sucessor?) (2/7)
Ela basicamente aplicou as reformas neoliberais do governo anterior, liderado por Schroeder e compartilhado entre social-democratas e verdes, puxando a política extraeuropeia para um eixo mais americano enquanto reforçava o poder alemão dentro da Europa (3/7).
Desde o trágico governo Temer, a centro-direita tradicional entra numa espiral: ela não tem mais voto. E um sentimento de Volta Lula, apesar de Lava Jato e o escambau, se estabelece com tudo entre os eleitores. Aí é que surge Bolsonaro e que chegamos aqui (1/5).
Em 2018, Bolsonaro foi um paliativo, parte da "ponte para o futuro", porque era a única força capaz de evitar que PT retornasse ao poder -- isso depois da prisão de Lula e o golpe parlamentar contra Dilma. Mas a solução (paliativa) virou um problemão (2/5).
Os entendidos do jogo sabiam dos riscos de Bolsonaro, mas havia quem se iludisse ou quisesse iludir. Os primeiros meses do Capitão, contudo, eliminaram qualquer ilusão. E a pandemia fechou a questão (3/5).
Bolsonaro está lá, dando vexame atrás de vexame nesta terceira ida à ONU por ocasião da Assembleia Geral. A pior de todas elas, se é que é possível. Mas ele fez e desfez ao longo desses anos, foi com o envergonhado apoio do establishment. Vide o comportamento do Congresso (1/7).
Ainda que Maia não tem colocado para votar "a pauta de valores", colocou a pauta econômica. E Lira abriu a caixa de pandora, embora tenha puxado o freio de mão quando a agenda que chegou foi a do golpe do golpe. Mas lá está: 75% de apoio da Câmara e 83% do Senado (2/7).
É claro que há votações protocolares na casa, mas é bizarro o apoio de partidos. O PT na Câmara tem menos de 25% de apoio ao governo, o PSOL, menos de 20% e o PC do B menos de 30%. Todos são bem disciplinados nas votações, o mesmo não se pode dizer de PSB ou PDT (3/7).
Pesquisa Datafolha prevê vitória de Lula em 1° turno em dois dos seus 4 cenários, nos outros 2 ele chega perto disso. Mas da última pesquisa para cá, ele deu uma variada para baixo, dentro da margem, embora misteriosamente tenha subido na espontânea. O que isso significa (1/7)?
Primeiro, que Lula tende a não vencer em 1° turno em uma eventual eleição com menos candidatos. Mas isso tem um custo para os partidos, que podem preferir não lançar candidato presidencial para gastar dinheiro elegendo deputados (2/7).
Bolsonaro viu sua popularidade cair, mas (como sempre) ele fanatizou mais sua base com a micareta do 07 de setembro. E num 2° turno, ele reúne quase o campo conservador todo em torno de si contra qualquer candidato, embora espante os centristas e perca para geral (3/7).
Brasil tem uma economia indexada ao dólar até a tampa. Aluguéis, tarifas e ainda os custos de importações. Guedes deixou correr solta a desvalorização cambial para favorecer o agro e a mineração, dando uma banana ao mercado interno: em um ano e meio, gerou inflação (1/7).
Conseguimos um efeito duplo de deprimir o mercado interno e ainda aumentar o custo da produção. Quem não ganha em dólar está espremido entre uma economia que não gira e custos crescentes. Ainda mais num país que se desindustrializa (2/7).
A jogatina da Bolsa funcionou até o ano passado, agora com expectativas maníacas da Faria Lima virando vapor, o rentismo precisa do terrorismo dos juros de novo, inclusive tendo por mote resolver o problema criado por ele mesmo ano passado (4/7).
Sobre o convescote de Temer, na casa de Nahas, ainda. Um detalhe engraçado é que ali congregavam dois grupos, o de Temer e o de Kassab, que disputam o mesmo nicho e convivem juntos em meio à burguesia cristã árabe de São Paulo (1/7).
Kassab sangrou a direita nacional para criar seu próprio partido, o PSD. Hoje, ele é "dono" de um dos maiores partidos da República, cuja função é ser adesista e fazer a mediação conforme interesses da elite. Uma direita que age como pântano (2/7).
No duro, Kassab faz o que Temer sempre fez do MDB e pelo MDB. Mas Kassab nunca trilhou o caminho de Temer, sempre estando, curiosamente, à direita dele, passando pelo compadrio de figuras como Afif, Maluf, Alckmin e, finalmente, Serra (3/7).