1/Nunca desde o retorno da democracia, um presidente precisou afirmar com todas as letras que não pretende dar um golpe de Estado. "Daqui pra lá, a chance de um golpe é zero”, disse Bolsonaro à @VEJA. Olha só: vai ter eleição, não vou melar, fique tranquilo, vai ter eleição”+
2/Ameaças anteriores e o hábito compulsivo de mentir do presidente permitem colocar em dúvidas as declarações na entrevista, mas não alteram o seu efeito simbólico. Um presidente que precisa vir a público afirmar que não vai dar golpe é um presidente acuado+
3/Questionado sobre os motivos da carta pós-7 de Setembro, que decretou trégua com o STF, Bolsonaro revelou que pessoas do seu entorno que defendiam um golpe. Não disse quais e nem detalhou as circunstâncias. Disse Bolsonaro:
4/"Esperavam que eu fosse chutar o pau da barraca. Você imagina o problema que seria chutar o pau da barraca. Em São Paulo, quando eu falei em negociar, senti o bafo na cara. Extrapolei em algumas coisas que falei (ao ofender o ministro Alexandre de Moraes), mas tudo bem”+
5/Veja – “O que significa chutar o pau da barraca?”
Bolsonaro – “Quem que eu fizesse algo *fora das quatro linhas* (golpe). E nos temos instrumentos dentro das quatro linhas para conduzir o Brasil. Não vou mais entrar em detalhes porque quanto mais pacificar melhor”+
6/ O presidente repetiu mentiras sobre benefícios da cloroquina, dúvidas vacinas, voto impresso, falta de corrupção no governo e relação da inflação com o isolamento social. Ele não conseguiu coordenar um tirocínio sobre os motivos que levariam a alguém votar pela sua reeleição+
7/É como se o presidente vivesse em um mundo paralelo, longe da realidade de um país com quase 600 mil mortos por Covid, inflação de 10% e risco de racionamento. Um presidente cujo único mérito é negar a intenção de um golpe de Estado+
1/Quem quer que assuma em 2023 _Bolsonaro, Lula, Ciro, Doria, quem for_ vai herdar um "tamos lascados", na honesta definição do Gil do Vigor. O País vai estar ainda mais dividido, economia em frangalhos, sociedade convalescente no pós-pandemia, militares fora dos quartéis...+
2/Goste ou não, o presidente pós-2023 vai precisar de uma coalizão política sólida, que permita sair do lamaçal que o Brasil chafurda desde a campanha presidencial de 2014+
3/Para cada demanda há sempre uma oferta, e presidente pós-23 tem 3 opções de "fiadores da governabilidade". Essa disputa vai ser tão sangrenta quanto a presidencial+
1/Faltando pouco mais de um ano para as eleições, as pesquisas mostram que Lula lidera todos os cenários (podendo vencer no 1.o) e que a presença de Bolsonaro no 2.o turno não é tão certa assim+
sabe aqueles filmes do Tarantino com impasse mexicano, onde mais de duas pessoas estão apontando as armas uma para as outras? É mais ou menos isso que estamos passado. Bolsonaro mira em Alexandre de Moraes e Rodrigo Pacheco, mas não pode confiar totalmente em Arthur Lira+
2/Moraes mira em Bolsonaro, mas também em Lira, cujos processos no STF pode ressuscitar em breve. Lira, por sua vez, só ganha se Bolsonaro sair ferido do tiroteio e precisar da sua ajuda. Rodrigo Pacheco só viabilizaa candidatura se Bolsonaro estiver morto+
3/A única certeza é que, como nos filmes de Tarantino, haverá sangue.
1/Se tudo correr dentro do script, milhões de brasileiros irão às ruas no Sete de Setembro para demonstrar seu apoio ao ensaio do autogolpe de Bolsonaro. Em Brasília, pode haver confronto com os indígenas. Em São Paulo, Bolsonaro falará para centenas de milhares na Paulista
2/Que Bolsonaro faça da 3.a apenas um festival de ameaças é o cenário otimista, no qual o ímpeto golpista será resguardado para 2022. O ultimato de Bolsonaro é a cassação dos ministros do STF Alexandre de Moraes e Roberto Barroso para não dar um golpe +
3/Se existe um roteiro para as ações de Bolsonaro para o dia 7, a pergunta natural é “o que acontece no dia 8?”. A resposta depende de como as oposições reagirem+
1/Brigar com os donos do dinheiro é coisa que os candidatos dizem nos palanques e desdizem nos gabinetes. Collor dizia o que seu plano havia igualado banqueiros e bancários. Dilma foi à TV pressionar os bancos a reduzirem juros. Nos dois casos, os banqueiros riram por último+
2/Nessa semana, os presidentes da CEF e do BB ameaçaram retaliar a Febraban caso a entidade subscrevesse um insosso documento a favor da pacificação entre os Poderes+
3/Como o único poder que investe no confronto é o chefe deles, os dois dirigentes acharam o texto ofensivo. Até aí, direito deles. Ao usarem as companhias que presidem como ponta de lança do bolsonarismo, no entanto, os executivos cruzaram a linha entre militância e gestão+