Walter Benjamim talvez tenha sido o primeiro a apontar a dimensão estética do fascismo. Com o objetivo de açodar os poderes existentes, o fascismo criava novos ídolos, novas práticas, novos símbolos, novas palavras de ordem e, nesse processo, desrespeitava as anteriores.
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Uma das dimensões mais importantes do poder é a simbólica. Ela aparece no que se chama de "economia do poder". Para tornar o uso do poder menos custoso a quem detém, a simbologia foi criada. Em todas as instituições isto ocorre.
Juízes se vestem de uma determinada maneira, exigem determinado tipo de tratamento de linguagem e não raro têm suas mesas de audiência colocadas acima fisicamente das do restante das pessoas. A dimensão simbólica joga um papel preponderante aqui.
Da mesma forma ocorre n exército. A exigência de que a qualquer momento e em qualquer tempo um subordinado tenha que prestar continência a um superior é o reforço diuturno - inúmeras vezes - do papel do simbólico no poder. O mesmo acontece com as medalinhas e distintivos que usam
O mesmo sentido é visto nas vestes e rituais da igreja, na roupa de médicos, nos uniformes da polícia e etc. É sempre a dimensão simbólica que economiza a violência do uso do poder cru. Isso explica também porque a sociedade branca deu tanta importância para a queima da estátua
Importa menos a destruição da estátua em si do que a afronta que as classes baixas fazem ao poder branco constituído. Ao prender modelarmente o Galo, o poder simbolicamente avisa aos outros revoltados para que não façam. No final é mais "barato" o uso do simbólico.
O fascismo tem por objetivo a subversão das ordens estabelecidas. Ele não está de acordo nem com as hierarquias do capital e nem com as hierarquias dos movimentos sociais. Párias e incompreendidos, os fascistas criam uma ordem própria para que possam ter importância nela.
Benjamim chamava a atenção para a ordem criada como ferramenta política. A estética como forma de transformação social. O culto a símbolos, uniformes, hinos, cores e toda uma tradição inventada tinha por função reorganizar as sociedades e apagar as antigas hierarquias.
Luciano Hang entrou no senado para romper as ordens. Disse que sua presença faria a "melhor sessão da CPI", obviamente já desdenhando da própria CPI. Trata senadores pelo primeiro nome e com tom jocoso. Manifesta-se quando quer e no sentido que deseja. Rompe com toda a CPI.
O mesmo fazem o miliciano 01 e o senador do rolex e do funcionário preso por tráfico de drogas. O tempo todo interrompendo e desfazendo o papel de ordem dos outros senadores. Não raro com piadinhas e palavras de ofensa. A CPI, ao fazer isso, entrou no jogo da palhaçada.
as pequenas rupturas, falta de educação, uso de termos inapropriados, interrupções e etc. operam no nível do simbólico. O problema é que nossos senadores não estão à altura desta discussão. No fim, o palhaço Hang, como bem dito pelo senador Renan, transformou o senado num circo.
E o processo é exatamente o mesmo que bolsonaro usou para transformar o governo num picadeiro de desonestos e TODOS os seus ministros e secretários operaram no sentido de desfazer as ordens estabelecidas. E cada um com sua estética própria.
A mensagem a quem os apoia é que não há necessidade de obedecerem às "antigas" ordens. A todo momento, em todos os lugares, bolsonaro passa a mensagem da ruptura. O senado, ao aceitar isso, torna-se parte do problema e não mais qualquer tipo de solução.
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Quando a CPI começou eu pensei que seria muito complicado provar - no campo jurídico - os crimes contra a humanidade do governo Bolsonaro. Me parecia que politicamente ia ficar comprovado, mas a materialidade me parecia problemática. (+)
As decisões de deixar de vacinar, de trabalhar pelo contágio e massa, da própria "imunidade de rebanho" como ideia de política pública, me pareciam que ficaria dentro do campo da consciência dos tomadores de decisão. (+)
Jamais me passou pela cabeça que esta gente fosse tão perversa e tão burra a ponto de deixarem GRAVADO em vídeos suas ideias.
Que os nazistas realmente acreditavam em suas teorias é bem mostrado pela história. Mas que agentes públicos tenham feito um conluio não me era crível.
Em janeiro de 1931, o chefe do partido nazista, Adolf Hitler, deu uma entrevista ao repórter judeu Max Fraenkel, publicada no jornal The Jewish Criterion.
(segue o fio)
Fraenkel começou o relato falando do que via no homem a sua frente:
"As fotos de Adolf Hitler não fazem justiça ao incontestável líder dos Nacionais Socialistas. Ele parece muito mais jovem do que seus 41 anos. [...]
Sabe o caso da promotora bolsonarista que publicou "imagens enaltecendo o nazismo"? Então, sugiro aos jornalistas e mesmo o pessoal da esquerda de conversarem com historiadores especialistas antes de saírem escrevendo bobagens. Vai todo mundo tomar processo da bolsonarista.
Se tivessem perguntado para historiadores e historiadoras especialistas em história contemporânea (como eu) não levariam os processos que vão levar.
A tal promotora pode até ser nazista, mas não se conseguirá provar isso pelas postagens dela.
Ela NÃO está enaltecendo o nazismo, ao menos não abertamente. Ela está fazendo uma comparação estética entre cartazes nazistas e cartazes soviéticos. Como ninguém ali lê russo (eu leio) ninguém se deu conta da comparação. É talvez nem a própria promotora.
E sobre a facada? Diz a @folha em letras garrafais que é Teoria da Conspiração.
Porém, de que Teoria ela está falando? Daquela que diz que a facada pode ter sido organizada pelo próprio campo bolsonarista?
Pq seria "teoria da conspiração"? (segue a thread)
Em 1o de setembro de 1939 a Alemanha nazista invadiu a Polônia dando início à segunda guerra. A Alemanha declarou que havia sido invadida por poloneses e mostrou os "invasores" uniformizados para "provar". Depois se comprovou que havia sido um "false flag attack".
alemães vestiram-se com uniformes poloneses e realizaram a ação para induzir uma determinada tomada de decisão em outros agentes ou para legitimar as suas. Portanto, este tipo de atitude (semelhante à teoria da facada) não é nova e tem vários exemplos na história.
O esquema dos "precatórios" é bem conhecido, mas continua fazendo vítimas e ajudando a formar esses "grandes empresários" milionários no país.
Segue aí para entender (+)
o precatório é um documento em que o Estado diz que "deve não nega, mas paga quando puder". Qualquer um que ganhe ações contra o Estado pode ter o valor do ganho transformado em "precatório" e aí ... e provável que seus herdeiros venham a receber.
Isso vale para pessoas que questionam um erro na sua pequena aposentadoria até grandes processos que ganham da união valores quase indecorosos. Vai tudo para o termo "precatório" e não raro as leis e portarias ordenam o pagamento dos mais altos enquanto seguram os pequenos.
Bolsonaro tentou o golpe, e ele não aconteceu. O que teria dado errado? O que efetivamente aconteceu para que os planos golpistas fossem frustrados? Seria apenas um erro de cálculo de Bolsonaro? Seria o fato de o Brasil ter "instituições fortes"?
Segue o fio para entender isso +
É completo consenso que o que ocorreu no dia 07 de setembro foi uma tentativa de golpe. Por isso, todos os jornais e todos os partidos falam que "bolsonaro acabou". Sabem todos que a tentativa falha não faz com que Bolsonaro pare de tentar. E esse é todo o problema de Arthur Lyra
Para entender o que aconteceu precisamos olhar para o dia 06 de setembro e não para o dia 7. Em especial para o final do dia. O que sabemos até agora já nos permite algumas interessantes explicações.