Thread by @sensoinc

Opa, mas quem diz que católicos as “adoram”? Foi justamente o problema que disse que a Reforma Protestante gerou: uma ressignificação lingüística muito repentina. O que traz no bojo um problema ainda maior: quem define o novo significado é um grupo cada vez menor de pessoas.

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Já que vocês adoraram esse tema que gera racha entre nossos amados seguidores, vamos lá.

Segue o fio👇🏻

“Adorar”, no sentido da idolatria, é tratar algum elemento da criação como se fosse o Criador.

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Idolatria é o pecado mais citado no Antigo Testamento, porque é uma tendência geral da humanidade: vemos um médico e o tratamos como um mágico (nenhuma referência à nossa política, imagine). Vemos um sábio e o tratamos como a própria fonte do saber.

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Vemos um computador e achamos que é ele quem produz conhecimento, ciência, entretenimento, prazer… ao invés de entendê-lo como uma ferramenta.

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Como é fácil notar que estamos MUITO MAIS idólatras hoje do que em qualquer momento da humanidade, não? Hoje idolatramos corpos, dinheiro, curtidas, seguidores, TikTok, coach, políticos, medicamentos, estudos científicos, canais oficiais…

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Somos uma humanidade mil vezes mais idólatra do que os maiores idólatras toscos do Antigo Testamento.

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E as manifestações de Deus, muito bem estudadas por toda a teologia tradicional, além de estudiosos do fenômeno das manifestações divinas (René Girard, Rudolf Otto, Mircea Eliade, Vicente Ferreira da Silva etc) nunca são muito “diretas” depois da expulsão do homem do Éden.

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Deus não conversa “diretamente” com os homens. Aparece através de nuvens, raios, ramos… manda Moisés subir numa montanha para falar sozinho com ele (ao invés de se mostrar para a tribo inteira)…

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Depois ainda ordena construir uma arca (com querubins entalhados!!) para falar com o Sumo Sacerdote através de fumaça!

E o que os homens fazem? Idolatram… as coisas.

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Por exemplo, a Arca da Aliança, a que Deus exigiu que tivesse imagens de anjos (anjos não são uma manifestação para Deus falar com homens INDIRETAMENTE, mostrando sua estrutura trina o tempo todo?), era o Verbo desencarnado.

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Sendo assim, uma hóstia ainda não “viva”, tinha a mesma característica: trazia a morte a quem encostasse nela em pecado mortal. O que os próprios israelitas fizeram? Usaram-na como… arma militar, carregando-a com varas e atirando-as nos inimigos…

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Então, há novas “reclamações” divinas com o quanto os homens, mesmo do povo escolhido, tornam-se idólatras até mesmo com as coisas instituídas por Ele Próprio.

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Com a Lei! Afinal, o que é o judaísmo, senão uma religião criada por alguns homens que potencializa o poder civil dado pela lei cujo objetivo final não era civil, e idolatra o fato de seu povo ser de uma etnia qualificada?

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Mas o principal é: no Antigo Testamento, há versículos em profusão contra uma prática TERRÍVEL dos idólatras dos grandes reinos: os sacrifícios humanos. Comuns por todo o mundo (até nas Américas e Oceania são praticados até hoje).

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Os egípcios acreditavam que Sobek, o deus crocodilo, estava MESMO nas estátuas em seu formato. E lá mandavam pessoas serem sacrificadas em ritos com crocodilos de verdade ao redor para aplacar a ira do deus.

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(aplacar a ira dos deuses, quando você vive a mercê de raios, secas, enchentes etc, é uma das principais preocupações da humanidade primitiva).

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Os cananeus aplacam a fúria de Moloch (citado formalmente na Bíblia inúmeras vezes) sacrificando todo ano algumas crianças inocentes em uma estátua que tinha o formato de sua boca, com uma fogueira dentro.

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Era a clínica de aborto da Antigüidade. Ah, e sabe os ritos que são feitos em terreiros hoje? Então…

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Só que a tecnologia mudou. Na época do Antigo Testamento, você começa com chefes tribais e termina com a construção e decadência de um reino. E a necessidade de um Verbo Encarnado que viesse explicar, justamente, como idolatramos coisas erradas.

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(inclusive a própria lei escrita! inclusive anjos, como no Apocalipse!).

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Já nessa época em que vem chegando o tempo do Novo Testamento, a criação de estátuas para retratar a realidade torna-se prática comum. Não são mais só reinos com religiões que criam estátuas que são templos de morte.

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Agora, a estátua tem o mesmo valor da pintura (e não tem hoje? basta entrar num museu para perceber). Agora, a estátua é o equivalente à fotografia.

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Se formos usar os versículos “não crie estátuas” para reclamar de estátuas de anjos, santos etc, deveríamos dizer o mesmo para fotografias de pessoas boas (“não crie imagens”, afinal).

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E nunca vi um único católico no planeta Terra em toda a história que ache que uma estátua da Virgem Margia “contém” a Virgem Maria ali dentro.

Que uma estátua de um anjo é para ser “adorada”.

Nem mesmo com representações do próprio Jesus!

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Então, usar versículos criados para um contexto completamente diferente para reclamar da riqueza da Igreja (o próprio Jesus reclamou da riqueza da Igreja, e colocou como primeiro chefe dela um homem que O negou três vezes e estava fugindo de Roma...

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para mostrar como o poder terreno é sempre inferior ao Poder Divino do outro lado), de se rezar diante de imagens… na melhor das hipóteses, me soa uma bela forçada de signfiicado.

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É muito mais fácil ser idólatra com a própria Bíblia (que foi instituída pela Igreja Católica e não contém nenhum versículo dizendo “Sola Scriptura”) do que com uma imagem.

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Com vitrais e santos (homens admiráveis pela fé) e anjos (como Deus não tem “intercessores”, se cria anjos?!?!) para lembrar na matéria do Divino, para contar para o povo a mensagem por séculos em que a escrita era mais cara do que um avião hoje.

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Curiosamente, sabe o que católicos acham que é um dos principais defeitos de Lutero? Pois é. Ser “idólatra” e “adorar” elementos de criação da religião, renegando elementos do Criador…

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Enfim, é só para dar um panorama histórico. Amamos os protestantes e rezamos por eles. Preciso comprar mais umas imagens para rezar por eles diante de imagens para deixá-los mais felizes. ^^