"MEDITAÇÕES SOBRE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL, ANTICONSCIÊNCIA E SATANISMO"
[1/22] Esta é uma nota construída a partir de outras notas menores, originalmente escritas separadamente, em momentos distintos, as quais eu juntei, de modo a buscar a unidade existente entre as (...)
[2/22] impressões nelas expostas: isto é, as razões pelas quais eu creio que o anticristo "virá" na forma da hegemonia discursiva de uma não-pessoa anticonsciente, oposta à Pessoa de Deus, onisciente.
Precisamente por resumir-se à aplicação tecnológica de rotinas meramente (...)
[3/22] instrumentais da inteligência e por ser, deste modo, gradativamente tão mais substancial e efetiva quanto menos dependente estiver de uma inteligência humana que a torne operacional, a "inteligência" artificial não tem outro futuro, que não aquele onde ela se torna (...)
[4/22] uma grande ratoeira para a humanidade, construída em volta desta, por ela mesma.
Neste sentido, a submissão da inteligência humana à inteligência artificial — inclua-se aí a própria linguagem humana — será a materialização inevitável de todo o esforço anticonsciente (...)
[5/22] da humanidade até aqui, fruto de uma disposição humana diametralmente oposta àquela sem a qual não é possível buscar a Deus: "a busca da unidade do conhecimento na unidade da consciência e vice-versa", definição de Olavo de Carvalho para "filosofia".
[6/22] Assim, se, filosoficamente, a busca a Deus consiste na busca consciente pela unidade do real; e se a mentalidade cientificista, ao contrário, define-se pela fuga anticonsciente dessa unidade mediante o culto a aspectos fragmentários, amputados do sentido de unidade (...)
[7/22] que os transcende, podendo o cientificismo, deste modo, ser definido como "a fragmentação do conhecimento pela anticonsciência"; então este fetiche do culto à ciência nada pode ser além de uma expressão lógica da fuga anticonsciente a Deus.
[8/22] Isto nos leva a enxergar que o objeto desenhado, proposto e imposto pela "autoridade científica" seja algo que se define pela sobreposição de aspectos selecionados da realidade a fatos concretos: eis aqui, então, a ideologia por excelência, mãe de todas as outras; (...)
[9/22] pois, se uma ideologia consiste numa mentalidade que reduz a orientação no mundo objetivo a critérios estabelecidos por um único esquema hipotético tomado como compromisso mandatório, que, dito de outro modo, não é nada mais do que um conjunto de recortes lógicos (...)
[10/22] abstraídos e divorciados da realidade à qual se referem, então, aquele que se nega a enxergar a realidade objetiva de algo para além do horizonte restrito à ciência que o descreve em alguns de seus aspectos, está, por definição, vendo a realidade de maneira (...)
[11/22] ideológica; está, por assim dizer, confundindo uma janela com uma moldura. É aqui, neste ponto, que o cientificismo se mostra, desta maneira, ontologicamente geminado com a idéia de "mentalidade revolucionária".
[12/22] Diferentemente da forma através da qual normalmente se encara este problema, e a despeito da impressão que nos dá todo o debate público, o termo, por exemplo, "politização da ciência" só pode ser aceito, em último caso, como uma figura de linguagem, a qual, sempre (...)
[13/22] que possível, deve ser evitada, a fim de não mascarar a relação intrínseca que existe entre mentalidade revolucionária e mentalidade cientificista, sendo ambas as mentalidades expressões de um só fenômeno, visto em seus distintos aspectos. Deve-se portanto evitar (...)
[14/22] o equívoco de cair na crença de que aquilo que convencionou-se chamar de autoridade científica seja algo externo à mentalidade revolucionária e, portanto, um mero objeto a ser "politizado" ideologicamente por ela, e não que ambas as modalidades de perversão da (...)
[15/22] realidade sejam, antes disto, — repito — expressões da unidade de um mesmo fenômeno.
O mesmo vale para a alegação de que exista "influência do satanismo" nisto tudo.
Se o discurso humano é caracterizado pela sua necessária graduação, isto é, se, para que ele parta (...)
[16/22] da possibilidade e chegue até a certeza, é obrigatório que ele conquiste primeiro os territórios da verossimilhança e da probabilidade; e se, na palavra de Deus — pela razão mesma d'Ele ser uma consciência para a qual está simultaneamente presente toda a experiência (...)
[17/22] possível —, possibilidade e certeza apodíctica, ao contrário, estão substancialmente unidas num discurso que dispensa o recurso aos mundos das aprovações ou reprovações retóricas e dos confrontos dialéticos, de forma que o verdadeiro apresenta-se como traslado do (...)
[18/22] possível; então, a interdição cientificista do debate é a obstrução da busca a Deus, na medida em que isto equivale à pretensão de equiparar a palavra dos homens à palavra de Deus. Dito de outro modo, se Deus, como substância mesma do discurso poético da Bíblia, é o (...)
[19/22] Verbo da possibilidade, o Diabo é então o "não-verbo" do discurso analítico, com o qual o homem se entretém e através do qual ele se afasta de Deus, na medida em que pensa ser Deus ele próprio; razão pela qual cientificismo e mentalidade revolucionária pareçam ser (...)
[20/22] tão indissociáveis e, sob inspiração demoníaca, pareçam formar, com o satanismo, o tripé mesmo de sustentação dos maiores equívos da história; ou, dito de outra forma, é como se, na representação de uma paródia infernal, numa imagem em três círculos entrelaçados, (...)
[21/22] formassem uma espécie de "Sataníssima Trindade", na qual o Diabo é a vontade que, para nos tirar da perspectiva da eternidade e nos mover "eternamente" dentro da história, nos insufla de mentalidade revolucionária, ao nos apresentar a "ciência" como o caminho (...)
[22/22] terreno da salvação.
O satanismo, deste modo, não é um mero acidente de percurso na jornada da busca revolucionária pela ordenação científica da vida humana, mas sim o seu destino final: o fim da linha.
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"Meditações sobre inteligência artificial, anticonsciência e satanismo"
[1/20] Esta é uma nota construída a partir de outras notas menores, originalmente escritas separadamente, em momentos distintos, as quais eu juntei de modo a buscar a unidade existente (...)
[2/20] entre as impressões nelas expostas: as razões pelas quais eu creio que o anticristo "virá" na forma da hegemonia discursiva de uma não-pessoa anticonsciente, oposta à Pessoa de Deus, onisciente.
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@compayaye@marilizpj [1/7] A essência da laicidade, na democracia, é, paradoxalmente, a submissão da maioria às minorias. Sob esse sistema, uma sociedade, por exemplo, erguida sobre bases civilizacionais cristãs (...)
@compayaye@marilizpj [2/7] terá, necessariamente, sua expressão reprimida e embotada em favor de toda expressão não cristã.
@compayaye@marilizpj [3/7] De forma que, pela sua lógica interna, ainda que os agentes não tenham esta intenção, e ainda que as expressões não cristãs não sejam todas elas explícita e necessariamente anticristãs, a laicidade do Estado, ao servir para nivelar, por exemplo, (...)
Existe um grande equívoco por parte de alguns quanto ao conceito de "militância bolsonarista".
O aspecto ideológico, na política, representa apenas um ideal orientador, o qual jamais pode, (...)
[2/20] por si só, promover ações concretas, a não ser através de agentes reais de carne e osso, os quais, além disso, dependem sobretudo da disponibilidade de meios de ação que determinem se esses agentes conduzirão suas ações de fato por esse caminho ideal, (...)
[3/20] ou simplesmente estagnarão numa função de símbolo unificador daquele ideal, como é o caso do Bolsonaro, sem jamais ir adiante de forma efetiva em um caminho político bem definido; de modo que não se pode falar em "militância conservadora", (...)