1/ Infelizmente será muito difícil termos uma estimativa precisa da eficácia da vacinação no Brasil, principalmente entre os mais idosos, os que mais precisam dessa informação. O problema está na estimativa do número de não vacinados.
2/ Estes são obtidos com uma conta simples: o total da população na faixa etária menos os vacinados nas mesmas idades. O problema é não haver estimativas precisas do tamanho da população por idade, o que provoca muita variação na estimativa dos não vacinados.
3/ O governo optou por não fazer o Censo de 2020, que sendo justo, talvez nem fosse possível diante da COVID, mas é fato que estamos trabalhando com um modelo matemático feito com dados de 11 anos atrás para estimar a população atual por faixa etária.
4/ Segundo a literatura sobre estimativas de população, quanto mais distante a projeção dos dados no tempo (e 11 anos é bastante), maior a imprecisão, principalmente na população muito jovem e mais idosa.
5/ As faixas etárias iniciais e finais são muito influenciadas por qualquer flutuação na taxa de natalidade ou mortalidade.
6/ Essa flutuação no total da população idosa usualmente fica entre 5 a 10% e o total de não vacinados nas faixas etárias dos mais idosos provavelmente é da mesma ordem de grandeza dessa flutuação.
7/ Com a variação similar ao tamanho da amostra, qualquer tentativa de cálculo é perda de tempo, infelizmente.
8/ Segue um livro que explica toda essa questão de precisão das previsões populacionais e o tema da menor precisão com o tempo e nos dois extremos de faixa etária da população. nap.edu/download/9828
9/ Talvez o melhor caminho seja usar como base os internados e não o total da população, pois simplesmente não temos a precisão necessária para um cálculo honesto. Com isso podemos saber qual a eficácia da vacina em prevenir o óbito, dado que a pessoa tenha sido internada.
10/ A menos que haja uma comparação com uma base realmente precisa da população, a dos CPFs, por exemplo.
11/ Usar estimativas de crescimento do IBGE feitas a partir de dados de 11 anos atrás por modelos matemáticos simplesmente não funcionarão para a eficácia das vacinas, para as faixas etárias da população com grande percentual de vacinados.
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1/ É um fato bem conhecido que a COVID é uma doença que atinge os mais idosos com mais impacto, mas nada como termos números para ilustrar essa desigualdade imensa na mortalidade por faixa etária.
2/ Por essa tabela fica claro que o risco de óbito de um jovem abaixo dos 20 anos de idade é 100 vezes menor que uma pessoa na faixa dos 60 anos ou 660 vezes menor que uma que possua mais de 80 anos.
3/ É evidente que o risco dos jovens é imensamente menor que o dos mais idosos, então todas as medidas sanitárias para a população jovem tem que ser avaliadas em relação a esse risco muito inferior. Inclusive as vacinas!
1/ Avançando na análise dos dados das vacinas, notei uma diferença grande entre o percentual dos que tomaram pelo menos uma dose e dos que estavam totalmente vacinados do tweet anterior. Então resolvi estudar os que tomaram a primeira dose de vacinas que pedem duas doses.
2/ Os percentuais estão com algumas diferenças da tabela anterior, provavelmente devido à vacina Janssen estar incluída na tabela do primeiro tweet, talvez vacinas de reforço e também podem haver outras inconsistências que ainda não percebi.
3/ Usando os intervalos usuais de tempo entre a primeira dose e a segunda dose por marca de vacina (4 semanas pra CoronaVac e 3 meses para as demais vacinas com duas doses), consegui identificar os atrasados em tomar as segundas doses de suas vacinas.
1/ Tentando entender melhor os dados de vacinação, estou investigando a base de vacinação do OpenDataSUS, com mais de 227 milhões de registros, graças a um amigo fantástico que me emprestou um computador bem grande. O primeiro resumo dos dados de vacinação estão na tabela abaixo:
3/ Os percentuais da tabela foram obtidos a partir das estimativas da população por faixa etária do IBGE. Como o último Censo foi em 2010, o IBGE elabora modelos matemáticos para prever o crescimento da população. A última versão do modelo é de 2018. biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/l…
1/ Quanto a divisão dos óbitos entre vacinados, parcialmente vacinados e não vacinados, agora que já temos um maior preenchimento dos dados, já fica mais claro que infelizmente a maioria dos óbitos é de vacinados. zerobias.info
2/ A predominância dos vacinados já está clara na região amarela do gráfico, onde tipicamente 75% ou mais dos óbitos já foram apurados e lançados no sistema.
3/ Mesmo que todos os cerca de 25% faltantes não contenham nenhum vacinado, o que é altamente improvável, os vacinados ainda serão maioria na faixa amarela.
1/ Dados da SRAG atualizados hoje e ainda observamos o mesmo padrão de queda dos óbitos que vem ocorrendo há muitas semanas. zerobias.info
2/ Se isolarmos apenas os óbitos lançados na SRAG entre as últimas duas edições (27/9 e 4/10) podemos notar que ainda há algum lançamento de óbitos antigos, mas num volume um pouco inferior ao da semana passada.
3/ Outro dado da SRAG relevante é o total de novas internações. Podemos verificar que as internações continuam em queda, mas numa taxa pequena de declínio. Alguns estados apresentaram alguma subida na semana passada, tais como DF e ES, mas que não se manteve nessa semana.
2/ Uma das conclusões do trabalho é: A linha de tendência sugere uma associação marginalmente positiva, de modo que os países com maior porcentagem da população totalmente vacinada têm mais casos de COVID-19 por 1 milhão de pessoas.
3/ É um estudo que abrangeu 68 países que atenderam aos seguintes critérios: tinham dados da vacinação e de segunda dose disponíveis; tinha dados de casos COVID-19 disponíveis; tinha dados populacionais disponíveis.