Acho esse tema, esse paper e essa thread super importantes.
Muito da enorme confusão com relação aos mecanismos de transmissão e, consequentemente, das formas de se proteger contra o vírus tem como origem definições excessivamente simplificadas do que são goticulas x aerossóis
A definição atual é , partículas maiores do que 5 microns são consideradas gotículas que caem rapidamente no chão a menos de 1.5 metros e aerossóis partículas menores que 5 microns que por serem leves ficam em suspensão por muito tempo e viajam grandes distâncias
E a partir disso, se assume que transmissão a curta distância é necessariamente por gotículas pesadas que se depositam no rosto (como respingos de um spray) e transmissão por aerossol é só transmissão a longas distancias
Mas isso é uma simplificação que leva a interpretações equivocadas das rotas de transmissão e, consequentemente da forma como devemos nos proteger no cotidiano. Na comunicação com a população faz muito pouco sentido ficar definindo o que é gotícula e o que é aerossol
É muito mais importante definir os mecanismos por trás da forma como essas partículas entram no nosso corpo. Ao inves de goticula x aerossol, faz mais sentido falar de deposição de respingos (como um spray) x inalacao de particulas (como a fumaça)
Temos uma boa intuição sobre como essas coisas funcionam e como nos protegemos de cada uma delas. E a partir dessa intuição é muito mais fácil explicar o que precisa ser feito (ex. espaços abertos, ventilação, máscaras bem ajustadas)
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Esse caso ilustra bem a dinâmica da transmissão por eventos de superespalhamento. Em condições propícias (ambientes fechados, mal ventilados e com muita gente) temos um risco enorme de um surto local.
Não tenho informação sobre o contexto desse surto, mas imagino que tenha sido a combinação que a gente sabe bem que propicia o contágio.
Em tempos, não conheço nenhum caso na literatura de evento de superespalhamento que aconteceu em espaço 100% aberto, sem margem para dúvidas
53 casos de uma vez só é MUITA coisa. E isso segue se espalhando, com potencial de gerar outros surtos. Rastreamento de contatos retrospectivo tem exatamente esse propósito, localizar contextos onde o potencial de surto é enorme e cortar cadeias de transmissão
O fato de espaços ao ar livre serem muito mais seguros não é coincidência ou obra do acaso. É consequência da forma como o vírus se transmite. Há total plausibilidade física.
Porque é geralmente permitido fumar em espaços abertos e proibido em espaços fechados?
Em espaços abertos a fumaça se dispersa rapidamente e se diluem no ar. Em espaços fechados ela fica em suspensão, se acumula no ambiente e pode ser inalada por terceiros.
A dinâmica das partículas potencialmente contaminadas por alguém infectado é bem parecida
Assim como nem todo mundo que está em espaço aberto está fumando, nem todo mundo está infectado e transmitindo o vírus. A infecção exige a inalação de uma quantidade mínima de partículas contaminadas. A chance de você se infectar cruzando com alguém na rua é quase nula
E quando isso pode acontecer? Quando você está em contato próximo, face a face por período prolongado e sem máscara.
O risco de você se infectar ao cruzar com uma pessoa na rua é baixíssimo mesmo.
Qual é a coisa mais importante que poderíamos estar fazendo agora?
- Comunicando essa diferença nos riscos de forma muito muito clara pra população
- Políticas de contenção rigorosas muito focalizadas em espaços fechados, mal ventilados e com muita gente
Reduzir riscos envolve entender riscos. Uma máscara mofada é segura? Pensando na proteção contra o vírus que causa a COVID, provavelmente sim. Mas levando em conta outros aspectos, provavelmente não. É multifatorial.
Antes a gente falava em 10-15 reusos e observar se o elástico ainda estava em bom estado, vedando bem. Era um momento em que a disponibilidade era menor e os preços maiores. Agora a situação mudou muito. Talvez uma máscara que reusariamos em janeiro, já descartariamos hoje
Primeiro é importante diferenciar o ar condicionado split, de janela etc de sistemas de ar condicionado central. O segundo tem um sistema de filtração acoplado que ajuda muito a reduzir os riscos
@oatila@BrunaGoncaIvess É preciso utilizar o filtro ideal e ter uma taxa adequada de renovação de ar (recomenda-se 10 L/s/pessoa). Se o ambiente tiver ar central, é importante conversar com os técnicos e engenheiros responsáveis pela ventilação e garantir que essas recomendações mínimas são seguidas
@oatila@BrunaGoncaIvess A OMS soltou esse excelente guia sobre ventilação de espaços internos que é bem informativo
1/ Apesar da pauta de 7 de setembro ser basicamente as manifestações, também teremos um feriado prolongado e muitas pessoas vão viajar ou procurar opções de lazer. Então é importante discutir como fazer isso da forma mais segura possível
2/ Um dos grandes desafios desses feriados prolongados é o deslocamento de muita gente para outras cidades ou estados e a interação com uma enorme quantidade de pessoas fora das nossas bolhas, podendo levar a eventos super espalhadores
3/ evitar essas viagens e procurar opções de lazer na sua cidade seria o melhor cenário. Mas sabemos que há um enorme cansaço por parte da população e com as reaberturas das últimas semanas muitas pessoas decidiram viajar