Hoje, o neotabloide @Estadao, que tem de ser lido sazonalmente por experiência antropológica, é um puro suco de ultraconservadorismo "civilizado". Mas dá a linha do Ocidente para o Brasil: antipetismo, apoio ao cerco à China e nojinho de Bolsonaro (1/7).
Um ponto interessante disso é, requentando em parte material da Economist, falar em "batalha do Pacífico" em relação ao cerco Ocidental contra a China. Os próprios dados da reportagem mostram que não há batalha alguma (2/7).
Item que deve ser levado em consideração pelos estrategos de Pequim, com urgência, é a inferioridade naval chinesa face aos americanos. E é por aí que se dá o cerco, o que deve aumentar com a reequipagem da marinha australiana (3/7).
O grande problema disso, e o que o Estadão, ainda ele, ignora ou apoio é como fica o Brasil nisso. Sem a China vermelha, comunistona e malvada, o Brasil tende a cair mais e mais. Não é o Ocidente que vai financiar ou comprar coisas do Brasil (4/7).
Se a China passar realmente a sofrer um cerco marítimo maior, e tudo indica que sim, o Brasil será um dos principais afetados, queira ou não. E os chineses vão ter de buscar rotas mais seguras de abastecimento, talvez por terra dentro da Eurásia (5/7).
Que será do Brasil? O que o velho Ocidente tem para oferecer para o Brasil, mesmo para a elite? Pouco ou nada. Hoje, o Brasil é refém não só de uma burguesia, mas de uma burguesia débil e cliente (6/7).
Bolsonaro se sustenta graças a essa burguesia cujo arranjo político externo conflita, de forma irremediável, com sua demanda econômica de curto prazo (7/7).
P.S.: o dito mapa do cerco à China conta com dois elementos que, talvez, não sejam tão favoráveis a Washington: Filipinas e Vietnã.

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23 Oct
Antes, um AVISO DE FALÁCIA: os males que o refrigerante produz não são transmissíveis; diabetes não se pega no ar, Covid sim. Eu prometo não compartilhar mais nada do Flow. Só faço agora para analisar a "esquerda Flow", que tudo que quer é surfar no hype. Agora vamos lá (1/7).
Não, isso não tem nada a ver com o Tabet, que nem sequer é de esquerda. Mas há quem seja, ou devesse ser e não deveria ir lá, porque só serve para legitimar figuras, e discursos, nefastos e potencialmente homicidas (2/7).
Eu poderia dizer isso do Roda Viva de Vera Magalhães, mas Vera é muito mais inofensiva do que Monark, vide o fato de se vacinar. Não, Monark não é burro. Ele é um intelectual orgânico, e um grande comunicador, de uma agenda que matou centenas de milhares de brasileiros (3/7).
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11 Oct
Lula e o discurso econômico: enquanto o Brasil derrete sob Bolsonaro, uma série de figuras do campo liberal cobram Lula por responsabilidade. Fica o enigma: porque é Lula quem é posto sob suspeição, se a crise se dá sob Bolsonaro (1/7)?
Vamos supor que o lado dolorido da política de austeridade sirva para, vejamos, equilíbrio fiscal e baixa inflação como valores em si e como base para a prosperidade econômica. Bem, o que foi feito a partir de Levy e, principalmente, de Temer/Meirelles falhou (2/7).
Temos, hoje, inflação acima de dois dígitos, queda das reservas internacionais, resultados fiscais pífios etc. Todo o receituário neoliberal de austeridade tem sido seguido de 2015 e, principalmente, de 2016 em diante mas falhou em alcançar suas metas (3/7)
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1 Oct
Muita gente fala que as coisas andaram nos anos 2000 "por causa do ciclo das commodities". Não foi. Vamos ver as commodities subirem de novo, mas as coisas vão piorar no Brasil. Por quê? A política, queridos! Vamos lá (1/7).
Duas coisas foram feitas no Brasil para eliminar qualquer possibilidade de ganho com um novo ciclo das commodities. A primeira, a política de preços da Petrobrás, da era Temer, que tira do povo os ganhos da empresa e joga todos os custos em caso de aumento do petróleo (2/7).
A segunda, é o fim da política de combate à fome por Bolsonaro-Guedes, com o fim de preocupação de estoques estratégicos de alimentos. Ou seja, na Era Lula, exportávamos muita comida AO MESMO TEMPO que isso não esvaziava a oferta para o mercado interno (3/7).
Read 7 tweets
30 Sep
Vamos lá falar sobre cenários de pesquisas eleitorais. Primeiro, as pesquisas mais bem feitas, inclusive por serem presenciais e terem uma amostragem correta, bons métodos e know how são a Ipec e a Datafolha. Passado isso, o que as demais têm coincidido com elas (1/7)?
Lula só não vence já em 1º turno em um cenário onde concorra deus e mundo. Não é o cenário mais provável. Partidos queimarem dinheiro do fundo eleitoral só para lançarem candidato presencial é burrice (2/7).
No mais, mesmo nesse cenário, ainda assim, haveria o risco de Lula vencer em 1º turno, sobretudo desidratando Ciro às vésperas da votação (3/7).
Read 7 tweets
27 Sep
ALEMANHA: BALANÇO FINAL. Qual o legado de Merkel? Depois de 16 anos no poder, a pior votação da história do seu partido. Merkel pegou um partido com 35% dos votos e entrega com 24% (1/10).
Ainda assim, existe uma chance da democracia-cristã continuar no poder. Seria formando um bloco com liberais e verdes, o que é possível. Social-democratas venceram, mas por uma margem apertada, é sua 3ª pior votação na história (2/10).
A diferença entre democratas-cristãos e social-democratas é, hoje, quase nada. Talvez algo em política externa. Em política econômica é muito parecida. Aliás, Merkel foi apoiada pelos "rivais" em 12 dos seus 16 anos de governo (3/10).
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26 Sep
Ainda Alemanha. Na virada do século, um simpático gabinete social-democrata-verde, liderado por Gerhard Schroeder tocou as primeiras grandes reformas neoliberais no país desde o pós-guerra. A chamada Agenda 2010 ou Plano Hartz (1/7).
en.wikipedia.org/wiki/Hartz_con…
As consequências disso foram manifestações massivas na Alemanha. Schroeder foi eleito num clima de ressaca pós-reunificação alemã: as pessoas viram que o capitalismo não era tudo isso, nem inclui as massas do leste. Mas elas foram traídas (2/7).
O irônico é que essa indiferenciação trouxe, em 2005, os democratas-cristãos de volta ao poder. Mas em gabinetes compartilhados com os social-democratas para executar, por seu turno, quase a mesma política gestada por Schroeder (3/7).
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