As pessoas deveriam usar menos o termo "cortina de fumaça" e mais blitzkrieg para falar das ações do bolsonarismo.
Bolsonaro não é um gênio do crime, é um ser tosco e limitado. Seus assessores reclamam abertamente sobre a dificuldade dele seguir qualquer script (lembram do discurso improvisado do dia em que Moro saiu?). Ele não faz ataques como "cortina de fumaça", ele é isso mesmo.
Se ele aparece numa live defendendo que vacinas transmitem HIV é porque ele realmente acredita naquilo. O que é ainda mais temerário. As outras ações do governo estão ocorrendo em paralelo e ao mesmo tempo.
Eu sempre insisto nesse ponto - e é algo que eu retiro dos analistas do trumpismo. O Bolsonarismo só conhece o "agora", ele não contempla futuro e nem passado. Qualquer estratégia de resistência a ele tem que compreender essa temporalidade.
Não existe uma hierarquia entre os ataques gratuitos do Presidente e, sei lá, a agenda econômica. Alguns atores podem se aproveitar da confusão por ele causada para tocar suas agendas, e isso é antes uma guerra relâmpago do que uma cortina de fumaça.
Inclusive, diria, enxergar os absurdos proferidos pelo presidente como "fumaça" termina por estabelecer uma hierarquia entre os problemas. O desmonte da economia não é mais ou menos grave do que os ataques proferidos contra minorias, por exemplo.
Sabe o que é pior? Os absurdos do governo não cessam quando ele está calado, muito pelo contrário. Inclusive, alguns desses aproveitadores do governo insistem que ele se calar seria melhor para a agenda de desmonte econômico.
PS: Doutrina do Choque, como proposto pela Naomi Klein talvez seja um bom conceito.
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Durante a confecção do Código do Russo ficou muito claro para mim que Moro sempre agiu por vaidade, esse sempre foi o seu afeto principal. Bolsonaro, por outro lado, me parece fascinado pelo poder, tudo que ele almeja é poder (o tirano clássico). Guedes é outra história.
O lugar comum é dizer que Guedes opera por ganância. Contudo, de fato, financeiramente falando me parece que seria mais financeiramente mais interessante se ele fosse uma figura dos bastidores, como o Esteves, influenciando um ministro da economia por trás das cortinas.
Você pega a biografia do sujeito e percebe que, de fato, ele parece agir por ressentimento, para provar alguma coisa para alguém. Só ver a forma como ele se referiu aos seus antecessores na sua última coletiva, especialmente o Meirelles.
André Esteves, dono do BTG, pode até ser o verdadeiro nome que comanda a política econômica brasileira (fracassada), contudo, ele é apenas um representante da burguesia entre outros. A sua visão e seus interesses estão condenando outros colegas de classe
Não estou dizendo isso para passar a mão na cabeça de ninguém, muito pelo contrário. É para acabar com essa falácia do "homo economicus" de que "a burguesia" sempre atua segundo seus interesses materiais, ignorando, por exemplo que ela possui sim orientação política.
E muitas vezes essa orientação política lhe traz prejuízos palpáveis. O isolamento político e econômico do país e sua deterioração interna podem até favorecer efetivamente os representantes do capital financeiro (como se dizia antigamente).
Ao contrário do que estão propagando, o problema não é romper com o "teto" para turbinar um programa social necessário - o "teto" não deveria sequer existir. O problema é a forma como isto está sendo feito: basicamente, para azeitar a máquina eleitoral para o "centrão"
O problema não é a défice nas contas públicas, o Estado não é empresa para ter que operar no lucro. O problema é como esse dinheiro é investido. Por exemplo, as renúncias fiscais da União para o agronegócio só cresceram nas últimas duas décadas.
E isso em uma área que pouco emprega e que, por consequência, pouco distribui os valores que recebe. No melhor dos dias contribui para uma valorização cambial, mas como vimos ao longo desses últimos anos, isso sequer é a tendência atual.
Atualizando, 12:00 o Ibovespa já derreteu 4,22%, caindo para 103.192 pontos. Eu avisei, a situação só vai piorar, especialmente diante de um presidente que debocha da situação dizendo que o "mercado fica nervosinho".
Só lembrando que já estamos entrando no ano de eleições presidenciais, quando naturalmente o mercado tende a recuar a espera dos resultados. Ou seja, Benerice, se segura que vamos bater.
E não se enganem, quem tem dinheiro (dinheiro de verdade) investido já deve estar "shortando" ou fazendo hedge.
Pelo terceiro dia consecutivo, dólar começa o dia batendo R$ 5,71 e a Ibovespa abre com recuo de - 0,28% (107.434 pontos), totalmente na direção contrária dos mercados externos. E ao contrário do que já vi defendendo por aqui, isso é uma tragédia para todo mundo.
A economia brasileira praticamente se dolarizou, boa parte do que o brasileiro consome é cotado em dólar, inclusive aquilo que é produzido aqui. Sabe o pãozinho? Então, até ele.
Isso estrangula aqueles que mais empregam no país, o setor de serviços e os pequenos empresários. Meu irmão, por exemplo, tem uma padaria, e já me disse que já se tornou impossível repassar os custos de alguns alimentos para o consumidor, o pãozinho é um deles.
Ainda sobre a "polêmica" do Monark: ele afirma que o "movimento negro lutou pelo direito da KKK se manifestar". Bem, fundamental notar que as primeiras manifestações "antifascistas" foram organizadas por negros estadunidenses ainda no século XIX...
E tinham como objetivo coibir as manifestações da recém-nascida KKK. Sobre isso, fundamental ver os textos da Ida B. Wells que, em 1880, escreveu sobre os linchamentos sistemáticos de homens negros no Sul dos EUA.
Outro ponto interessante é o próprio movimento Goodnight White Pride. O movimento surgiu na Europa, especialmente Alemanha, e tinha como objetivo coibir a presença e manifestação de neonazis e boneheads na cena HC.