Ao contrário do que estão propagando, o problema não é romper com o "teto" para turbinar um programa social necessário - o "teto" não deveria sequer existir. O problema é a forma como isto está sendo feito: basicamente, para azeitar a máquina eleitoral para o "centrão"
O problema não é a défice nas contas públicas, o Estado não é empresa para ter que operar no lucro. O problema é como esse dinheiro é investido. Por exemplo, as renúncias fiscais da União para o agronegócio só cresceram nas últimas duas décadas.
E isso em uma área que pouco emprega e que, por consequência, pouco distribui os valores que recebe. No melhor dos dias contribui para uma valorização cambial, mas como vimos ao longo desses últimos anos, isso sequer é a tendência atual.
Esse tipo de política acaba por estrangular os investimentos em outros setores, como saúde, educação e programas de transferência de renda.
Mas alguns destes aspectos - como o supracitado agronegócio -, parece, são fundamentos intocáveis da política econômica brasileira. Por isso se cria todo um discurso que o problema é o investimento na educação superior, no funcionarismo público, nas políticas culturais.
Como uma forma de garantir uma sobrevida para essa bomba que é a gestão pública brasileira. Agora a solução é literalmente dar calote - pois o adiamento do pagamento dos precatórios é isso, calote, especialmente em idosos.
Pior, favorecendo uma verdadeira máfia de precatórios. Sim, acredite, muita gente, mas muita gente vai ganhar dinheiro com esse calote.
E isso em um governo que permitiu que a câmara e senado mobilizassem bilhões por meio de orçamentos ocultos. Ou seja, a questão realmente não é falta de dinheiro. E o fato de que ele está sendo utilizado para favorecer políticos e aliados.
Basicamente, o que Bolsonaro está fazendo é mudar as regras do jogo - com o jogo rolando - para criar uma expansão fiscal que lhe permita se reeleger (e reeleger seus aliados), sem tocar nas bases do modelo vigente.
Sabe o que é pior? Esse tipo de estratégia vai prejudicar as pessoas que supostamente serão favorecidas pelo novo auxílio. O mercado entende o que está acontecendo e por isso não está reagindo bem.
O problema não é o "populismo", o problema é a falta de previsibilidade. O aumento do risco de investimentos e dos juros já é uma realidade, a fuga de dólares (risco) acelera a desvalorização do real diante do dólar. Tudo isso fortalece a inflação.
O problema não é que vai ter mais dinheiro circulando - essa, inclusive, é uma solução simplória para um problema complexo -, o problema é justamente os efeitos dessa política.
Dizer que o mercado não aceita ver pobre sendo ajudado é uma redução simplista do problema. Uma redução que o próprio presidente vem utilizando nas suas comunicações - é o que tá rolando nos grupos do zap, por exemplo.
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André Esteves, dono do BTG, pode até ser o verdadeiro nome que comanda a política econômica brasileira (fracassada), contudo, ele é apenas um representante da burguesia entre outros. A sua visão e seus interesses estão condenando outros colegas de classe
Não estou dizendo isso para passar a mão na cabeça de ninguém, muito pelo contrário. É para acabar com essa falácia do "homo economicus" de que "a burguesia" sempre atua segundo seus interesses materiais, ignorando, por exemplo que ela possui sim orientação política.
E muitas vezes essa orientação política lhe traz prejuízos palpáveis. O isolamento político e econômico do país e sua deterioração interna podem até favorecer efetivamente os representantes do capital financeiro (como se dizia antigamente).
Atualizando, 12:00 o Ibovespa já derreteu 4,22%, caindo para 103.192 pontos. Eu avisei, a situação só vai piorar, especialmente diante de um presidente que debocha da situação dizendo que o "mercado fica nervosinho".
Só lembrando que já estamos entrando no ano de eleições presidenciais, quando naturalmente o mercado tende a recuar a espera dos resultados. Ou seja, Benerice, se segura que vamos bater.
E não se enganem, quem tem dinheiro (dinheiro de verdade) investido já deve estar "shortando" ou fazendo hedge.
Pelo terceiro dia consecutivo, dólar começa o dia batendo R$ 5,71 e a Ibovespa abre com recuo de - 0,28% (107.434 pontos), totalmente na direção contrária dos mercados externos. E ao contrário do que já vi defendendo por aqui, isso é uma tragédia para todo mundo.
A economia brasileira praticamente se dolarizou, boa parte do que o brasileiro consome é cotado em dólar, inclusive aquilo que é produzido aqui. Sabe o pãozinho? Então, até ele.
Isso estrangula aqueles que mais empregam no país, o setor de serviços e os pequenos empresários. Meu irmão, por exemplo, tem uma padaria, e já me disse que já se tornou impossível repassar os custos de alguns alimentos para o consumidor, o pãozinho é um deles.
Ainda sobre a "polêmica" do Monark: ele afirma que o "movimento negro lutou pelo direito da KKK se manifestar". Bem, fundamental notar que as primeiras manifestações "antifascistas" foram organizadas por negros estadunidenses ainda no século XIX...
E tinham como objetivo coibir as manifestações da recém-nascida KKK. Sobre isso, fundamental ver os textos da Ida B. Wells que, em 1880, escreveu sobre os linchamentos sistemáticos de homens negros no Sul dos EUA.
Outro ponto interessante é o próprio movimento Goodnight White Pride. O movimento surgiu na Europa, especialmente Alemanha, e tinha como objetivo coibir a presença e manifestação de neonazis e boneheads na cena HC.
Alguns comentários sobre o relatório final da #CPIdaCovid, o primeiro deles é que ele enquadra o presidente em dois artigos do tratado de Roma, "ato desumano" e "extermínio e perseguição" de povos indígenas. Nesse ponto, inclusive, ele lista crimes que antecedem a pandemia.
A diferença entre extermínio e genocídio não é exatamente insignificante no campo político - a palavra genocídio tem um peso e uma importância histórica. Especialmente se levarmos em consideração que o crime de extermínio é basicamente uma especificação do crime de genocídio.
Da fundamentação do relatório: "Apesar da semelhança entre o genocídio e os crimes contra a
humanidade acima descritos, é possível estabelecer claramente a distinção se observarmos que o genocídio pode cobrir atos isolados, ou episódicos...
Entrando no ar para falar sobre a treta envolvendo o relatório final da #CPIdaCovid, o novo valor do bolsa família e começar o nosso experimento de escrita coletiva.