Um conhecido, ou um amigo antigo, ou um parente, se aproxima de mim meio sem jeito, e dispara a pergunta:
“Roberto, eu aceito a sua opção, acredito que você tenha seus motivos, mas não consigo entender. Votei no Bolsonaro, mas desde a posse as decepções vem se sucedendo. E você continua apoiando o Presidente?”
Eu sempre respondo da mesma forma:
“Muito obrigado pela pergunta”, eu digo, “e pela abordagem respeitosa”.
Faço uma pausa e digo:
“Mas para continuar essa conversa, eu preciso que você faça uma coisa para mim”.
Nova pausa.
“Preciso que você me apresente uma lista de candidatos que você considera como boas opções de voto para presidente, considerando a ideologia, a honestidade, a capacidade de governar e a mínima viabilidade eleitoral do candidato”.
E a conversa sempre acaba aí.
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Aconteceu com um amigo meu. Vou deixar ele contar:
“Dia desses peguei um processo criminal em fase de execução da pena. O vagabundo queria sair pra visitar a mãe.
Faltavam ainda 7 anos de pena a serem cumpridos.
7 ANOS.
A ‘vítima da sociedade’ tinha mais de 5 anotações criminais. No cumprimento da pena anterior, voltara a delinquir JUSTAMENTE DURANTE A SAÍDA TEMPORÁRIA.
Fora preso outra vez em flagrante, e agora pedia novamente uma saída para ‘ver a mãe’.
O juiz concedeu a saída.
Disse que o vagabundo tinha bom comportamento e que já havia cumprido o tempo de pena necessário para gozar do benefício.
Em seu livro "Eichmann em Jerusalém: Um Relatório Sobre a Banalidade do Mal", Hannah Arendt conta a história do julgamento do nazista Adolf Eichmann, que foi raptado na Argentina por comandos israelenses e levado para ser julgado em Jerusalém por seus crimes contra o povo judeu.
É um desses livros difíceis de ler, mas essenciais.
O texto é límpido e fluido, mas os detalhes que surgem, aqui e ali, da perversidade e devassidão da ação nazista são de embrulhar o estômago.
Inevitavelmente, o leitor se pergunta: como isso pode acontecer?
A resposta é dada por Hannah Arendt quando ela descreve Eichmann: ele não era nenhum gênio do mal, nenhum monstro perverso.
Eichmann era um simples funcionário, um cumpridor de ordens que buscava a excelência em tudo o que fazia.
Resumo da ópera: tudo indica que os assassinos do Dr. Cláudio Marsili são vagabundos de um morro do Rio, que decidiram ir à Barra da Tijuca roubar e matar.
Assassinaram o médico-cirurgião a sangue frio.
Os vagabundos têm a CERTEZA da impunidade.
Qual é o pior cenário para esses assassinos?
Uns 7 anos de prisão no máximo - durante o qual terão acesso a mulheres, drogas, celulares, bebidas e outras comodidades.
Como eu sei disso?
Olha aí embaixo o que aconteceu com os assassinos do Tim Lopes, torturado e morto em 2002.
Enquanto isso, a polícia do Rio de Janeiro está PROIBIDA de realizar operações nas 1.400 favelas controladas pelo narcotráfico e milícia, a não ser em "situações excepcionais".
Mas o Brasil inteiro, hoje, é uma situação excepcional.
Para enfrentar a crise de criminalidade, sem ideologia e com real preocupação com direitos humanos, é preciso:
-Fim das “audiências de custódia”
-Fim da “progressão de regime”
-Cumprimento integral da pena e fim de benefícios para criminosos hediondos
-Fim do auxílio-reclusão
-Fim das saidinhas em feriados
-Fim da “visita íntima”
-Fim dos limites de tempo de isolamento para presos perigosos
-Contato com advogado apenas através de interfone, com todas as conversas gravadas
-Fim da “remição de pena por leitura”
-Fim do limite de tempo de prisão
-Pena mínima de 40 anos em regime fechado para o 3o crime violento com resultado morte
-Fim da maioridade penal
-Reforma do Código Penal, do Código de Processo Penal e da Lei de Execuções Penais
-Reforma do ECA e da Lei do SINASE